Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Ethos Comunitário versus coerção social no combate a COVID-19 em âmbito escolar: resultados parciais de projeto em andamento
Pedro Henrique Oliveira Almeida, Rogerio Andrade dos Santos

Última alteração: 2022-01-16

Resumo


A pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2 iniciada em 2019 (COVID-19) suscitou a produção de conhecimentos nas ciências biológicas, sociais, humanas e outras. Por isso, o objetivo desse trabalho  é apresentar o percurso e os resultados parciais de uma pesquisa de Iniciação Científica Júnior em andamento, intitulada "Ethos Comunitário versus coerção social, no combate a COVID-19 em âmbito escolar", desenvolvido por alunos do 9°ano do Ensino Fundamental, orientados pelo Secretário Escolar. Como conceito-chave, temos ethos comunitário como a ética coletiva necessária ao cuidado mútuo entre os humanos, com a natureza e com a terra, conforme ensina o Teólogo Leonardo Boff. Na mesma lógica,  o historiador, Filósofo e Teólogo Henrique Vieira traz o cuidado mútuo como o respeito aos limites da outra pessoa, sua liberdade e sua singularidade, como uma proteção sem dominação. Como os pesquisadores são adolescentes, a primeira atividade criada foi um grupo de leitura semanal, nos últimos 3 meses, da obra "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Exupery dividida em capítulos por semana. A metodologia é a pesquisa-ação, porque os pesquisadores são parte do fenômeno e precisam construir coletivamente o conhecimento, repensando as próprias ações cotidianas, refletindo-as enquanto agem, em um processo dinâmico que não pára para ser analisado. Como resultado, foram listados comportamentos que prejudicaram o combate ao vírus, através dos seis personagens visitados pelo príncipe.  O rei exigia de cada um apenas o que podia cumprir e o acendedor de candeeiro tinha como único compromisso obedecer  a norma, mesmo anulando sua subjetividade. Todos puderam cumprir as exigências sanitárias? Na escola, há pais de alunos que não foram liberados do trabalho para ficar em casa, alunos com casas pequenas superlotadas que não se isolaram nos casos de infecção, pessoas (deficientes, idosos, crianças) que precisam de cuidadores não tiveram distanciamento social. O vaidoso só pensava em promover sua imagem, como o líder que afirmou ter saúde de atleta e não adoeceria, religiosos que morreram negando protocolos porque Deus os protegeria; governadores e presidente entre omissões e brigas pelo protagonismo eleitoreiro do combate à pandemia. O beberrão bebia pra esquecer, autoanestesiar-se como os negacionistas, que temiam encarar a verdade dolorosa, fugiam do noticiário, descreditavam estatísticas, descumpriram protocolo porque isso os forçaria a assumir que a situação estava grave, colocando o coletivo em risco.  O homem de negócios não tinha tempo a perder em seu lucro, como os que criticavam fechamentos e pressionavam os governos por reaberturas, alegando prejuízos a economia. O geógrafo, como cientista preso no gabinete, sem ir a campo,  anotava apenas o que traziam, como os que falavam do vírus a partir de achismos e não se baseava em dados científicos.  Com essas reflexões, foi produzido um artigo científico e um conto sobre a volta do Pequeno Príncipe a terra, durante a pandemia. O próximo passo da pesquisa será identificar barreiras atitudinais, culturais e sócio-econômicas à adesão aos protocolos sanitários na escola e, ao final, refletir quando a coerção é necessária para garantir o cumprimento dos protocolos.