Título: Reflexões e impactos sobre a produção de programetes de rádio no enfrentamento à pandemia de COVID-19

O Laboratório de Estudos em Atenção Primária (LEAP) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, desde agosto de 2020 coordena uma ação de Extensão Universitária, que tem por objetivo produzir episódios semanais para a rádio universitária UFRJ, com conteúdos sobre direitos, acesso e informações sobre o Sistema Ùnico de Saúde(SUS). Durante o histórico colapso vivido pela saúde do estado do Amazonas provocado pela pandemia de COVID-19 no ano letivo de 2021, uma série de cinco episódios foi produzida pelo LEAP e veiculada em rádios comunitárias e em regiões ribeirinhas da região, levando informações sobre medidas de prevenção contra a COVID, além de promover combate às fake news, à época prevalentes na comunicação com a população. Os episódios, foram construídos concomitantes ao sentido de pertencimento, vínculo, amorosidade, solidariedade entre estudantes e professoras; em um movimento onde o sentido de identificação e idealização, necessários à intersubjetividade, no modo de operar do inconsciente; nos levou a lidar com os temas dos episódios como defesa à finitude, desesperança e sofrimento impostos pela COVID-19.

Na construção dos episódios houve também uma construção de novos olhares, ampliação para novos saberes e uma desconstrução dos lugares hegemônicos que a Universidade ocupa.

Com isso, percebemos que nosso mundo é por vezes preso ao que enxergamos dele e pouco conseguimos sair dele se não nos distanciarmos do que acreditamos ser nós. Mesmo de maneira virtual, entrar em contato com esse outro mundo que agora também fazia parte de mim, me tornou uma estudante mais completa.

Há várias coisas que eu poderia elencar junto aos desafios impactantes propostos  por essa jornada como, em um primeiro momento acharmos que não seríamos bem recebidos por estarmos falando de tão longe… Mas nossa/os ouvintes ficaram felizes quando reconheceram um som de “x” entre as falas, o famoso chiado presente no sotaque carioca, o que gerou maior credibilidade nas informações ofertadas. Ser estudante de psicologia, em uma Universidade federal carioca e participar dessa produção, me atravessou em diversos aspectos. Apesar da pandemia de COVID-19 nos impor muitos desafios, nesse processo de aprendizado e ampliação com outras linguagens, percebi o quanto a rádio pode chegar onde nós não chegamos, e a nossa voz é mais alta quando estamos juntos, na coletividade.

Sendo assim, uma reflexão importante nos atualiza que na formaAÇÃO profissional dos estudantes da área da saúde, o contato com saberes outros através do diálogo, da educação popular em saúde e do SUS, que mesmo sob ataque de uma política ostensiva de sucateamento (principalmente após aprovação de Emenda Constitucional 95), se confirmou indispensável. Para além do enfrentamento à pandemia de COVID-19 no Brasil, o que nos impactou foi o uso da autonomia e liberdade como articulação de uma pedagogia da experiência; nos transformando em sujeitos do fazer e do pensar, onde a saúde tem um valor para a vida.