Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Análise do ruído em uma clínica escola: contribuição para a formação discente
LAURA CHIRIBOGA, MARGARETH ATTIANEZI, PAULA GERSZT

Última alteração: 2022-01-16

Resumo


Apresentação: A formação universitária de profissionais da saúde deve favorecer o desenvolvimento de competências específicas para a atuação profissional na área. A definição de saúde proposta pela Organização Mundial da Saúde, bem como a ideia do modelo biopsicossocial, aprofunda ainda mais as discussões sobre a valorização de fenômenos cotidianos presentes nas práticas de formação em saúde. Nesse contexto, nos espaços que integram formação e assistência, como as Clínicas Escolas, a preocupação com os níveis de ruído local deve ser constante, a fim de evitar que a poluição sonora, considerada a terceira principal causa de poluição no mundo, cause agravos entre os seus frequentadores, além de proporcionar reflexões acerca de estratégias de prevenção e promoção da saúde que beneficiem a população em geral. Como definição, ruído é qualquer som desarmônico, indesejado, desagradável ou perturbador, física ou psicologicamente para quem o ouve e varia na sua composição em termos de frequência, intensidade e duração Muito além de ser apenas um incômodo sonoro, a exposição aos ruídos pode provocar consequências como insônia, dor de cabeça, irritabilidade, nervosismo, perda auditiva, alterações cardíacas, tensão muscular e zumbido. Portanto, esse estudo teve como objetivo analisar a temática do ruído por meio de discussões e da medição do ruído em uma Clínica Escola. Desenvolvimento: Durante 4 semanas, um grupo de discentes em Fonoaudiologia, juntamente com suas docentes e a preceptora fonoaudióloga, realizaram dinâmicas, discussões em grupos para familiarização com o tema e reflexões sobre os possíveis efeitos deletérios do ruído e a localização de suas fontes. Em seguida, foi realizada a medição de ruído dentro da Clínica Escola, por alunos previamente treinados, em quatro locais demarcados de maior circulação e permanência de pessoas: dois pontos nos corredores, um ponto na sala de supervisão de estágio e um ponto na recepção. As medidas foram tomadas durante três dias, no horário de 15h. Os instrumentos utilizados foram: decibelímetro (marca Instrutherm, modelo DEC-460), dois celulares com sistemas operacionais diferentes (iOs e Android) e um tablet (sistema Android). Estes utilizaram o mesmo aplicativo de medição, chamado Sound Meter. Os locais de medição foram selecionados pelos próprios pesquisadores, por serem locais de maior encontro de pessoas e possível produção de ruído. Resultados: As discussões grupais elucidaram diversas questões acerca do ruído, principalmente as consequências na saúde, da exposição a níveis fortes e constantes. Foram também levantadas estratégias e ações capazes de minimizar os impactos negativos da exposição. Em relação a medição dos níveis de ruído, observou-se que as médias de todos os equipamentos estavam ao redor de 55,36dB a 58,16dB nos corredores, 60,02dB na sala de supervisão e 57,57dB na recepção. O valor mínimo de ruído encontrado em um dos pontos dos corredores foi 37dB (celular iOs) e o máximo foi de 76,30dB (decibelímetro). No ponto de encontro entre corredores, o mínimo encontrado foi de 44dB (celular android) e o máximo, de 83,8dB (decibelímetro). Na sala de supervisão, o mínimo de ruído obtido foi de 41dB (celular iOs) e o máximo, de 80,5dB (decibelímetro). E na sala de espera, encontrou-se o mínimo de ruído de 48dB (celular android) e o máximo de 75dB (tablet). Considerações finais: Verificou-se a importância da discussão sobre este tema, no sentido de consideração de aspectos que extrapolam a doença no contexto e no encontro de todos os atores envolvidos na formação assistencial, incluindo usuários. De acordo com as observações, os aparelhos celulares (tanto iOs quanto android) foram capazes de captar ruídos de menores intensidades, enquanto o decibelímetro e o tablet registraram os níveis mais intensos. As variações podem ter sido decorrentes dos diferentes microfones de captação provenientes em cada equipamento, assim como das discretas diferenças de posição dos indivíduos que realizaram a coleta. No entanto, verifica-se a tendência de que os celulares captem menos ruído do que o decibelímetro e o tablet. Observou-se o resultado médio de 57,77dBNA dentre todas as medições realizadas na clínica, valor superior ao preconizado pela norma 10151 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que estabelece 55dBNA como adequado para ambientes de clínica no quesito de serviços prestados, assim como ultrapassaram os níveis de decibéis aceitáveis segundo a norma da Organização Mundial de Saúde, que estabelece em 55 dB como sendo poluição sonora. A análise dos dados coletados referente ao ruído na clínica escola possibilitou a criação de ações e manejo de situações ruidosas que podem ser evitadas e/ou minimizadas rotineiramente. Também foi verificada a necessidade do desenvolvimento de ações educacionais e medidas preventivas para o monitoramento constante dos níveis de ruído em ambientes clínicos, assim como a conscientização de modo geral, sobre os impactos nocivos que o ruído ocasiona entre formandos e usuários da clínica.