Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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“SuperSUS”: uma experiência “mercadológica” de tutores e facilitadores na planificação do município de Bragança, Pará
Bruna Melo Amador

Última alteração: 2022-01-17

Resumo


A região de saúde dos Caetés iniciou o processo de Planificação da Atenção à Saúde (PAS) em 2019, o qual propõe a organização dos macroprocessos da Atenção Primária à Saúde (APS) e da Atenção Ambulatorial Especializada (AAE). Uma das etapas do projeto compreende em operacionalizar seis ciclos de Workshops, que são momentos de alinhamento teórico, os quais abordam os conceitos centrais do projeto. O Wokshop 4, foco deste relato, teve como tema: “Gestão do cuidado”. Foram adotadas metodologias ativas associadas a aprendizagem baseada em problemas, tomando a linha prioritária de cuidado, materno-infantil, como ponto norteador das atividades. OBJETIVO Relatar a metodologia aplicada, “SuperSUS”: o mercadinho do SUS, por tutores e facilitadores, durante o Workshop 4, do projeto “PlanificaSUS”, no município de Bragança, Pará. DESENVOLVIMENTO A experiência desenvolveu-se durante oWorkshop 4, nos dias 17 e 22 de dezembro de 2019, no município de Bragança, Pará. Participaram da experiência profissionais das Unidades Básicas de Saúde e Pontos de Atenção, sendo conduzida pela enfermeira tutora e quatro enfermeiros facilitadores, baseado na temática “Gestão da Condição da Saúde”. Propôs-se fazer uma analogia entre a assistência pré-natal na APS e as compras em um supermercado, onde para cada conduta, exame, referência ou procedimento a ser comprado foi agregado um valor de dez reais. Cada grupo recebeu cem reais em notas fictícias, porém sem comando de como gastar. Elaborou-se dois estudos de casos, um sobre o pré-natal de risco habitual e outro de alto risco. A atividade foi caracterizada como “SuperSUS: o mercadinho do SUS”, com logo marca, uniforme de funcionários, bolsas e duas gôndolas de “produtos”, uma da APS e uma da AAE, além de um “Caixa Regulação”. A experiência aconteceu em cinco etapas. Na primeira etapa, formaram-se quatro grupos com três representantes. Na segunda, aconteceu a discussão dos casos, dois grupos ficaram com o pré-natal de risco habitual e dois com o de alto risco. A terceira etapa representou “as compras”, pelo trio representante, no “SuperSUS”, com duração de dez minutos. A quarta etapa foi a passagem pelo “Caixa Regulação”. A quinta etapa foi a conferência dos resultados e a socialização e discussão do raciocínio clínico adotado.RESULTADOS E IMPACTOS Participaram 445 profissionais. Observou-se que durante as discussões dos casos ouve uma interação e troca de saberes, principalmente entre os componentes da equipe de estratégia saúde da família: enfermeiro, médico, técnico em enfermagem e agente comunitário de saúde, que por vezes, não acontece na unidade básica de saúde. Um fator identificado pelo “caixa regulação” foi a ausência de regras para o uso do dinheiro recebido, o que permitiu que 30% dos grupos optassem por não utilizar todo o valor, 30% utilizaram totalmente e 40% ultrapassaram o valor recebido, o que corrobora com a situação das Centrais de Regulação Municipais com uma demanda reprimida alta, pois a maioria das condutas relacionadas aos exames e procedimentos comprados não eram necessárias ao caso, demonstrando a ausência da prevenção quaternária, a fragilidade em fazer uma clínica ampliada  e o uso irracional dos recursos dos serviços de saúde. Identificou-se que 80% dos grupos, que ficaram com o caso pré-natal de baixo risco, não priorizaram a compra do “teste rápido de gravidez +”, o que reflete negativamente nos indicadores de captura precoce do pré-natal. O componente vacina, também foi um item que se mostrou fragilizado entre os profissionais da APS, demostrando desatualização do calendário vacinal vigente para o pré-natal, principalmente, os técnicos em enfermagem. Os médicos e enfermeiros indicaram desconhecimento dos exames prioritários, estabelecidos pela Portaria nº 1.459, de 2011, que instituiu a Rede Cegonha. CONCLUSÃO Com o uso da metodologia proposta, procurou-se envolver os profissionais a participarem do Workshop 4, permitindo a articulação da teoria com a prática, utilizando cenários de aprendizagem fazendo analogias de forma lúdica. Entendemos, que a partir de estratégias didático-pedagógicas lúdicas e sendo contextualizadas com a temática do Workshop 4 foi possível fazer uma interface com a realidade social municipal, problematizar  casos da APS, em contextos clínicos relevantes como o cuidado pré-natal. O que levou ao raciocínio na prática, instigando o interesse dos profissionais e tornando o conteúdo de fácil compreensão.