Apresentação: De acordo com a política de atenção integral ao homem do campo e da floresta e outras políticas públicas que focalizam as mulheres do campo, as questões relacionadas ao cuidado de grupos vulneráveis, que incluem os Assentados residentes no campo, apresentam-se com uma diversidade de condições econômicas, sociais, culturais e históricas distintas do homem da cidade, ou zona urbana. Pois, considera-se que possuem perfil epidemiológico-social específico e diferenciado daquelas que residem na cidade, e são influenciadas por determinantes que transcendem a rotina das outras, mediante um contexto circundante, danoso à condição de vida imersa. Nesse sentido, torna-se necessário atentar para as condições das mulheres que habitam o campo, em especial nos Assentamentos camponeses, com enfoque em considerar práticas educativas e de cuidado singulares, modos de interagir, existir e possibilidades existenciais nesses espaços, com consideração de arte, estética, saberes e práticas nas manifestações do cuidado, obra da cultura popular, o acesso às ações de saúde e modos próprios de exercerem o cuidado de si e dos outros. O objetivo do trabalho foi compreender as práticas e necessidades de cuidado das mulheres em um Assentamento camponês no interior do Ceará. Desenvolvimento: Utilizou-se como método o Estudo de Caso do tipo exploratório, e referencial teórico do Círculo de Cultura, tendo como unidade de análise um Assentamento camponês no interior do Ceará, durante o período de junho a novembro de 2017. A pesquisa foi submetida à apreciação do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde do Município de Sobral (NEPS) e do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), com parecer favorável sob número de protocolo 66045617.1.0000.5260. Foram 20 mulheres envolvidas, com faixas etárias diferentes. Para coleta de informações adotou-se a observação participante e entrevista do tipo história de vida. Resultados: A medicina alternativa demonstrou ser predominantemente utilizada na prática de cuidado, tais como: ervas, chás, orações e massagens. Foram observadas como necessidades a serem atendidas: a carência de informações, educação, cultura, arte e/ou outros determinantes de saúde, podendo relacionar-se com o fator pobreza que, segundo configura-se influenciador nos agravos de saúde. A falta de visitas dos representantes governamentais demonstrou pouca assistência dos serviços de saúde inerentes a estes. Considerações finais: As práticas de cuidado demonstradas são majoritariamente relacionadas a educação familiar e medicina alternativa, que é muito importante, mas sozinha não contempla a saúde em sua integralidade. Há necessidade de intervenções governamentais voltadas aos determinantes de saúde, acompanhamento terapêutico e educação para a saúde. Considerações finais: Para entender as necessidades de saúde de uma população é preciso identificar quais são as práticas de saúde já existentes, para depois pensar no aperfeiçoamento e criação de políticas que atuem naquele espaço. Por isso, esse conhecimento é fundamental, especialmente quando se trata de grupos sociais com direitos negados.