Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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VERDADES EM (DES)CONSTRUÇÃO: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE
Roberta de Pinho Silveira, Michele Neves Meneses, Cristianne Maria Famer Rocha, Jose Gabriel Leão, Norma Barros, Liliane Spencer, priscila Tadei Nakata, Liciane Costa

Última alteração: 2022-02-24

Resumo


Introdução: Nesta pesquisa buscamos conhecer como foram se constituindo os regimes de verdade sobre as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde nas políticas públicas de saúde, especialmente na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), implantada a partir da Portaria GM nº 971 (BRASIL, 2006), que incluiu saberes e práticas não convencionais no Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, analisamos as PICS como uma invenção, uma fabricação que teve sua emergência na PNPIC. Ao olhar para a história como a emergência de invenções e fabricações das coisas, dos saberes, da própria formação dos sujeitos, percebemos o seu caráter político, interessado e construtivo. Portanto, é necessário considerar que as histórias ao se estabelecerem como uma verdade, são mais precisamente o resultado de diferentes disputas empreendidas por variados grupos sociais num tempo e lugar, e não constituem a única história sobre um tema. Desenvolvimento do trabalho: pesquisa de abordagem qualitativa inspirada na genealogia de Michel Foucault, se inscreve em uma perspectiva Pós-Moderna para olhar, refletir sobre e analisar os documentos como monumentos da história. Resultados: O estudo trouxe visibilidade para os regimes de verdade que constituem as PICS, assim podemos saber sobre o que foi dito e o que não foi dito, e percebemos que os discursos que constituem as políticas relacionadas às PICS ao não fazer referência aos saberes e práticas dos povos originários do nosso país pode colaborar com o seu histórico silenciamento. Além disso, percebemos que os discursos que constituem os regimes de verdade acerca das PICS podem convergir para os discursos e as práticas de Promoção da Saúde, na vertente que responsabiliza os estilos de vida nos processos de saúde e doenças. Considerações finais: As PICS, enquanto política pública, possuem papel fundamental na construção de outros modos de se perceber os processos de saúde e doenças, no entanto, é necessário a relação histórica, cultural, política, social e coletiva experenciada para não se tornar uma política medicalizante orientada pelo discurso sanitário do autocuidado e sem compromisso com a garantia ao acesso às determinações sociais da saúde e aos serviços de saúde. Atenta-se que por meio do dispositivo do risco são colocados em circulação discursos e práticas que buscam conduzir as condutas dos indivíduos e da população, produzindo corpos e subjetividades controlados pelas políticas neoliberais. Nesse sentido, as PICS não podem perder o horizonte da pluralidade dos saberes e das práticas de saúde, para que possa oferecer outros modos de levar a vida, bem como a busca pela garantia de condições materiais para o seu desenvolvimento nos serviços públicos de saúde.