Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A PANDEMIA PELO NOVO CORONAVÍRUS E AS INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM MARAU-RS, 2019-2020.
EDINADIA MARIA DALBERTO, ROGER DOS SANTOS ROSA, STELA NAZARETH MENEGHEL

Última alteração: 2022-01-13

Resumo


Apresentação: A pandemia pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2) comprometeu a articulação entre a rede de atenção primária e a estrutura hospitalar em Marau, município gaúcho com 44,8 mil habitantes. As internações por condições sensíveis a atenção primária à saúde (ICSAPS) têm sido utilizadas como indicador indireto da capacidade resolutiva dos serviços da rede básica. Contudo, no período pandêmico, mudanças nos níveis de ICSAPS podem adquirir outro significado. Objetivou-se analisar o impacto da pandemia por COVID-19 nas ICSAPS de residentes do município de Marau-RS no ano de 2020 em relação a 2019. Desenvolvimento: Foi realizada análise quantitativa, de cunho descritivo, a partir de dados secundários das autorizações de internação hospitalar (AIHs) com diagnóstico principal por CSAPS nos arquivos do tipo reduzido do Sistema de Informações Hospitalares (SIH)/SUS disponíveis publicamente e cálculo de indicadores por sexo, faixas etárias e raça/cor. Resultados: Foram identificadas 424 hospitalizações por CSAPS em 2019 e 257 em 2020 (96,0 e 57,3/10 mil hab.; queda de 40,3%) que representaram respectivamente 15,9% e 10,4% do total de internações do município em cada ano. A maior redução ocorreu para o sexo feminino (243 para 125; 109,2 para 55,3/10mil hab.; -49,4%) em relação ao masculino (181 para 132; 82,6 para 59,3/10mil hab.; -28,2%). O maior impacto absoluto foi verificado na faixa etária de 60 a 79 anos que se reduziu de 164 (38,7%) para 103 (40,1%), seguida de 40 aos 59 anos, com 95 (22,4%) para 56 (21,8%) internações.  Contudo, a faixa etária dos 80 e mais, com diminuição expressiva no número absoluto de 70 (16,5%) para 29 internações (11,3%), teve os coeficientes populacionais que refletiram o maior impacto (826,4 e 326,2/10 mil hab.; queda de 60,5%). Quanto a variável raça/cor, destaca-se número elevado absoluto e percentual de AIHs sem informação, atingindo 318 (75%) e 181 (70,4%), além do aumento no percentual de internações em usuários da raça branca apesar da redução do número absoluto de 97 (22,9%) para 71 (27,6%), seguido da raça parda com 8 (1,9%) e 4 (1,6%). Já a utilização de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) evidenciou o aumento da gravidade dos casos de ICSAPS com o incremento de internações de 10 para 23 (2,3 para 5,1/10 mil hab.). A letalidade hospitalar aumentou (4,0% para 6,2%) embora o coeficiente de mortalidade tenha apresentado pequena redução (3,8 para 3,6/10 mil hab.). Considerações finais: A variação no volume de ICSAPS foi expressiva mas não uniforme por sexo, faixa etária e raça/cor, com aparente aumento na gravidade das ICSAPS indicado na proporção de óbitos hospitalares e utilização de UTI. Analisar as ICSAPS antes e durante a pandemia pelo COVID-19 mostrará ao gestor municipal que, no contexto pandêmico, a redução deste indicador não significa necessariamente melhora na resolutividade da atuação da atenção primária.  O tradicional indicador ICSAP pode ter outros significados.

Palavras-chave: Coronavírus. Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária à Saúde. Sistema Único de Saúde.