Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Aprimoramento da Política Nacional de Controle do Tabaco no Brasil
Lucas Manoel da Silva Cabral, Fernando Nagib Jardim, Erica Cavalcanti, Maria José Domingues da Silva Giongo, Andréa Ramalho Reis Cardoso, Maria Raquel Fernandes da Silva, Vera Lúcia Gomes Borges

Última alteração: 2022-01-18

Resumo


Apresentação. O Brasil desenvolve medidas de controle do tabagismo desde o final da década de oitenta. As ações são estruturadas por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). O objetivo é reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de produtos do tabaco. As ações desenvolvidas também objetivam prevenir a iniciação, estimular a cessação do tabagismo, proteger a população da exposição à fumaça ambiental do tabaco e aprimorar a legislação. O trabalho é desenvolvido de forma descentralizada, por meio das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, formando uma rede de atenção e cuidado em todo o território nacional seguindo a lógica e os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Para expandir as ações que vêm sendo desenvolvidas e, principalmente, para aprimorar o trabalho, é necessário um plano de ação estruturado e consistente que oriente os Estados na implementação de mecanismos de sustentabilidade financeira, política e técnica. Ao mesmo tempo, é preciso fortalecer as ações relacionadas à promoção de ambientes livres da fumaça do tabaco, restringir os pontos de venda, fortalecer as ações de fiscalização, e de comunicação e informação sobre os malefícios do uso dos produtos de tabaco junto à população. Para tal, a Divisão de Controle do Tabagismo (DITAB), da Coordenação de Prevenção e Vigilância, do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), com o apoio Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Coletiva (Cepesc) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e com o auxílio financeiro gerenciado pela União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares (The Union) e financiado pela Filantropia Bloomberg elaborou um projeto que tem como objetivo aprimorar a rede do Programa Nacional de Controle do Tabagismo nos Estados e no Distrito Federal, fortalecendo recomendações baseadas em evidências para a implementação da Política Nacional de Controle do Tabaco, por meio da promoção de ações para a sua sustentabilidade, considerando a Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controle do Tabaco (CQCT/OMS) e seus artigos, especialmente o 5.2 (Estabelecer ou reforçar e financiar mecanismo de coordenação nacional ou pontos focais para controle do tabaco), o Artigo 8 (Proteção contra a exposição à fumaça do tabaco) e o Artigo13 (Publicidade, promoção e patrocínio do tabaco).  Desenvolvimento do trabalho. O Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) faz parte da Política Nacional de Controle do Tabaco, orientada pela Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco, ratificada pelo Congresso Nacional em 2005 e promulgada pela Presidência da República em 2006. O PNCT é desenvolvido há mais de 30 anos no país envolvendo 26 estados e o Distrito Federal. Essa rede organiza-se seguindo a lógica da descentralização do SUS com base na premissa da intersetorialidade e da integralidade da atenção, promovendo, assim, maior capilaridade das ações. Considerando as dimensões continentais do país, as suas diferenças regionais e culturais, bem como a necessidade de dar continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido em um cenário de restrições financeiras, compreende-se que é preciso priorizar estratégias que visam a sustentabilidade do trabalho que já vem sendo realizado regionalmente. Dessa forma, a Rede do PNCT cumpre o seu papel no Brasil. A Lei Federal n° 12.546/2011 proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado, privado ou público, em todo país, e o Decreto n° 8.262/2014, regulamenta a proibição do tabagismo em recintos coletivos de todo país e a exposição de produto de tabaco nos pontos de venda. As vigilâncias são responsáveis por fiscalizar o cumprimento da legislação. Se o estabelecimento não cumprir a legislação ele pode ser multado e até perder a licença de funcionamento. Porém, devido ao grande número de municípios (5570), à falta de recursos e à quantidade de estabelecimentos a serem fiscalizados, há necessidade de fortalecer as ações  para que haja maior cumprimento da legislação vigente, bem como informar a população sobre a sua existência. Resultados e/ou impactos. Através deste projeto pretende-se alcançar os seguintes resultados: elaborar recomendações com base em estudos legislativos e epidemiológicos de cinco estados para promover a sustentabilidade das ações de controle do tabagismo na rede estadual; prestar suporte técnico aos grupos técnicos e suas Coordenações Estaduais na busca pela sustentabilidade financeira das ações do PNCT; mapear os principais obstáculos e lacunas para a implementação das medidas da CQCT relacionadas às leis antifumo; produzir publicação sobre ambientes livres de fumo, considerando os dispositivos eletrônicos de fumo, a ser compartilhada em nível nacional; produzir uma análise jurídica sobre os ambientes livres de fumo, considerando os dispositivos eletrônicos para fumar; elaborar um documento técnico com sugestões para a regulação sobre a restrição da venda de produtos do tabaco apenas em tabacarias com base na análise da legislação vigente, experiências e cenários no mundo; e por fim, sensibilizar gerentes e partes interessadas sobre a importância de um ambiente favorável para as medidas de controle do tabaco. Considerações finais. O principal obstáculo para a implementação da CQCT é a interferência da indústria do tabaco no Executivo, Legislativo e Judiciário. A indústria do tabaco bloqueia a implementação da CQCT de diferentes maneiras, tais como: com o lançamento de novos produtos, o patrocínio de eventos, o não cumprimento da legislação, o bloqueio de projetos de lei com o seu forte lobby, a divulgação de propaganda enganosa sobre seus produtos e uso de outras estratégias contra a saúde pública. Além disso, o Brasil vem enfrentando dificuldades econômicas e alta rotatividade de profissionais diretamente envolvidos no controle do tabagismo. Como estratégias de enfrentamento, busca-se fortalecer as parcerias a fim de conjugar esforços entre as diferentes instituições que realizam ações de controle do tabagismo para potencializar a implementação da CQCT. Ações que promovam a sustentabilidade do PNCT, contribuirão para o trabalho, permitindo assim alcançar maior eficiência. Apesar da restrição orçamentária, o trabalho tem sido realizado de forma eficaz, garantindo reconhecimento nacional e internacional. O PNCT possui uma rede de estruturas como parceiros governamentais e não governamentais, permitindo sua continuidade. Ressaltamos também que o Brasil foi reconhecido pelo mais alto nível de cumprimento das medidas MPower. Em relação a este projeto, a principal prioridade é buscar mecanismo locais para sustentar as medidas de controle do tabagismo no longo prazo e a aplicação da legislação antifumo, garantido o direito à saúde de todos.

 

Palavras-chave: promoção da saúde, tabaco, tabagismo, ambientes livres de fumo, controle do tabaco.