Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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COBERTURA VACINAL RELACIONADA A FAIXA ETÁRIA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
Marianna Abreu Lucchesi de Albuquerque, Grazielle Cristine Alves Bittencourt, Vinicius Ferreira dos Santos, Mary Ann Menezes Freire, Camila Torquato de Paula

Última alteração: 2022-01-16

Resumo


Introdução: A queda de imunização no território brasileiro é uma realidade para o Ministério da Saúde (MS), que publicou um Manifesto em parceria das Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP), Imunizações (SBIm), Infectologia (SBI) e com a Rotary Internacional com o apoio do Plano Nacional de Imunização (PNI), com um alerta a respeito do risco do retorno da poliomielite e da reemergência do sarampo. Além disso, devido a essa mesma preocupação, foi lançado um relatório o qual faz referência ao questionamento sobre os motivos de existir a chamada “hesitação vacinal”, deduzindo que essas razões são complexas e variadas. Cada vez mais se faz necessário produzir conhecimento sobre os indicadores de saúde referentes à imunização. Objetivo: analisar a cobertura vacinal no munícipio do Rio de Janeiro, no período de 2013 – 2019. Metodologia: Estudo descritivo ecológico, analítico, do tipo quantitativo e transversal, abrangendo o município do Rio de Janeiro, no período compreendido entre os anos de 2013 a 2019. As coberturas vacinais foram calculadas por meio da razão entre o número de doses aplicadas e a população alvo. Dados coletados no sítio eletrônico de acesso livre do Ministério da Saúde, Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS/TABNET), para análise de incidência e Cobertura Vacinal. Os dados foram organizados em 3 grupos, conforme disponibilizado pelo Calendário Vacinal Online do Ministério da Saúde: recém-nascidos (ao nascer até um ano de idade), crianças (2 a 4 anos de idade) e adolescente (9 a 19 anos). Os dados foram tabulados em planilha do programa Excel. Realizou-se as análises descritivas e foi obtido resultados compostos por frequências absolutas, relativas e medidas de tendências centrais, utilizando o Software Programa R© versão 3.5.1. Resultados: Observa-se que a cobertura vacinal do grupo de recém-nascidos correspondente ao imunobiológico BCG possui valores de doses aplicadas denominada por Frequência Absoluta (N) superiores aos nascidos-vivos para os anos de 2015-2018. Dessa forma, explica-se o fato da Frequência Relativa (%) exceder o percentil. Buscou-se compreender os motivos para que isso tenha ocorrido por meio da avaliação de estudos sobre a mesma temática, que avaliam a cobertura em âmbito nacional. Uma possibilidade, por exemplo, seria a aplicação de doses em recém natos que não estão cadastrados em Unidade Básica de Saúde do munícipio do Rio de Janeiro (vindos de municípios limítrofes apenas para vacinação), porém, não há uma resposta concreta a esse fato. Por sua vez, o imunobiológico para Hepatite B apresenta valores inferiores ao anterior, destacando-se o ano de 2016, em que o percentual foi de 0,8% com apenas 720 crianças vacinadas para o imunobiológico citado. Ressalta-se ainda a média de 6.793,28 e mediana de 573, sendo estas consideradas baixas. Para as vacinas Pentavalente e Pneumocócica 10 Valente Conjugada, a mesma inconsistência ocorrida com a BCG foi detectada para os valores obtidos por intermédio da base de dados governamental, visto que o total de doses aplicadas foram superiores as crianças correspondentes para sua faixa etária, neste caso, 2 meses de idade para ambas. Desse modo, os valores também ultrapassam o percentil determinado. No imunobiológico denominado VIP/VOP, o problema ocorre de forma parcial no ano de 2016 em diante. Entretanto, ainda assim, destaca-se também uma cobertura ampla para o grupo analisado. Assim, também concorda com outros resultados semelhantes, tendo como perspectiva o Brasil, cujo o valor obtido para a cobertura vacinal, no mesmo período indicado anteriormente (2006-2016) de 91%. O imunológico responsável pela prevenção de infeção viral por Hepatite A possui, em 2013, apontava valores considerados baixos (4%). Todavia, ao longo do período analisado, nota-se um crescimento dos valores associado a momentos de oscilação. O mesmo comportamento se encontra nos resultados contextualizados ao perfil nacional, que de 2014 a 2018 variou de 60,13% (2014) a 97,07 (2015), entretanto, também apontou expressiva variação, ao exemplo de 71,58% obtido em 2016. Para Meningocócica C em todo o período assinalado e a Hepatite A nos anos de 2015 e 2017 também há uma alteração nas doses aplicadas nesse mesmo ano. O restante dos imunobiológicos representados possuem valores adequados cujo as doses relatadas não sobrepõem ao número do grupo destacado. Por último a vacina VORH apresentou subnotificação para os anos de 2014, 2018 e 2019, o que também implica em sua alteração como indicador. Todavia, é preciso enfatizar o imunobiológico que atingiu uma cobertura vacinal satisfatoriamente alta, a Tetra viral com média de 26.629 e mediana de 9.905,5. Outro aspecto importante analisado, trata-se da dos valores de medidas centrais, identificando médias consideradas inferiores às esperadas pelo PNI. Estas compostas pela vacina contra Febre Amarela, Tríplice Viral, Dupla infantil (DTP) e Varicela com valores de 183, 775, 383 e 85,5, respectivamente. Nesse caso, é possível perceber que, em sua maioria, a adesão desses imunobiológicos era baixa no ano de 2013, porém, esse cenário passou a mudar no decorrer do tempo. Mesmo assim, esse aumento não pode ser considerado satisfatório, pois a cobertura ainda se encontra em níveis baixos. Para o grupo de adolescentes, cujo as vacinas comtemplam sua faixa etária especifica da mesma maneira que nos grupos anteriores, não foi possível encontrar os dados das doses aplicadas do imunobiológico Dupla Adulto (dT/dTpa). Por outro lado, as vacinas Hepatite B, Febre Amarela e Pneumocócica 23 valente demostraram possuir uma cobertura vacinal mais ampla com médias de 403.872,71; 511.400,71 e 10.462,85. Além de disso, a mediana de ambas também apresenta esse mesmo raciocínio com os valores de 303.125; 52.549,5 e 8.353,5, respectivamente. A exceção da regra se nota na vacina Tríplice Viral. Sua média e mediana são baixas, com valores de 1.373,28 e 564,5, nessa ordem. Nesse sentido, é possível inferir que o grupo pertencente aos adolescentes é aquele que possui de modo mais aproximado os melhores indicadores para cobertura vacinal mais ampla e mais abrangente, ainda que os em termos absolutos e relativos esses valores sejam considerados insuficientes se comparados ao número total da população referente a sua determinada faixa etária e espaço de tempo considerados. Considerações Finais: Os resultados destacam o cenário alarmante que se encontra o munícipio do Rio de Janeiro. Dessa forma, justifica-se a preocupação das entidades de saúde e profissionais de referência em vigilância epidemiológica e imunização com relação a diminuição vertiginosa da cobertura vacinal em alguns grupos de população, principalmente os retratados pelas crianças. Concomitantemente, há evidências adquiridas em estudos realizados recentemente sobre a mesma temática que também apontam esse panorama. Outro fato importante observado são os casos recorrentes de subnotificações encontradas nas bases vinculadas aos endereços eletrônicos governamentais, sendo assim, o reflexo dessas informações parciais influencia diretamente não apenas nas pesquisas de temática similar, mas também no desenvolvimento organizacional das entidades de vigilância do país. Portanto, torna-se de extrema valia a complementação desses achados por outras pesquisas que sigam a mesma linha, tendo por intuito descobrir os reais motivos que contribuem para a hesitação vacinal ou ainda as razões que favorecem a não vinculação desse usuário e dos seus filhos ao calendário vacinal, sendo este indispensável como medida segura de prevenção contra doenças e de promoção a saúde.