Apresentação: A reorientação do modelo de atenção, com vistas à Atenção Primária à Saúde (APS), requer novas competências profissionais como análise situacional do território e reconhecimento das necessidades população, fomentando a participação comunitária e a corresponsabilidade pela manutenção e recuperação da saúde. Alinhado a este princípio, o grupo de saúde é uma ferramenta do processo de trabalho que permite a integração equipe-comunidade, valoriza saberes e costumes locais, promove reflexão e planejamento do cuidado a partir das necessidades identificadas nos encontros. Este trabalho objetiva relatar a experiência do Estágio Supervisionado de Fisioterapia na Atenção Básica de uma universidade comunitária de Santa Catarina na proposição, planejamento e desenvolvimento do grupo “Cuidando Delas” em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Desenvolvimento: o referido estágio está presente nesta UBS desde 2020/2. Devido à situação da COVID-19, todos os grupos de saúde foram suspensos por determinação municipal. Com o avanço da vacinação e redução do número de casos ativos da doença no segundo semestre deste ano, houve maior segurança para sua retomada. O grupo “Cuidando Delas’’ nasceu a pedido das dentistas e técnicas de saúde bucal com intuito de atender suas necessidades de tensão, ansiedade e dores decorrentes da atividade laboral. Ficou combinado que o grupo aconteceria semanalmente, em dia e horário sugerido pelas participantes, na Sala de Atividades Coletivas com duração aproximada de 45 minutos. Para embasar o planejamento das atividades, é utilizado o “Instrutivo: manual de trabalho em grupos para ações de alimentação e nutrição (2016)” que envolve a construção de objetivos, descrição das atividades, duração, material necessário e referencial teórico. Até o presente momento aconteceram quatro encontros e os temas emergem das necessidades das participantes. O primeiro e segundo encontros abordaram tensão e estresse com identificação dos principais pontos de tensão, educação da dor e uso de ventosaterapia e auriculoterapia como práticas integrativas e complementares. No terceiro encontro, a equipe estava mobilizada para o “Setembro Amarelo” emergindo o tema de saúde mental. Neste encontro, uma das participantes apresentou os benefícios dos óleos essenciais para ansiedade e distúrbios do sono. O quarto encontro trouxe o relaxamento progressivo de Jacobson como estratégia para aliviar dores e tensões somatizadas no corpo por meio do relaxamento profundo. Impactos: a partir da experiência relatada, identificou-se que a boa integração com as participantes tem proporcionado maior proximidade dos estagiários com a equipe de saúde, estimulando ações como consulta compartilhada e visitas domiciliares. Ainda, tem contribuído para a habilidade de planejamento e desenvolvimento de grupos de maneira estruturada e da escuta das demandas como contribuição fundamental para a aprimoramento dos encontros. As atividades têm tido aplicabilidade no cotidiano das participantes, com percepções de melhora na qualidade do sono e equilíbrio da ansiedade. Considerações finais: formar fisioterapeutas com perfil para atuar na APS é um desafio e a realização dos grupos tem sido uma ferramenta que contribui para o exercício da vigilância em saúde, extrapolando os conteúdos formais da reabilitação e implicando no compartilhamento de saberes transversais para a integralidade do cuidado.