Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Roda de conversa: “O que tem a ver a mulher e o SUS?” : construção e repercussões
Aline Vargas Escobar, Bárbara Izabelita Cordeiro do Vale, Aline de Carvalho Moreira, Cleci Raquel Antonio, Gabriela Bizzi Morari, Julia Oliveira Silveira, Ricardo Souza Heinzelmann

Última alteração: 2022-06-23

Resumo


Este trabalho é um relato de experiência que compreende a construção e as repercussões da Roda de Conversa “O que tem a ver a mulher e o SUS”. A construção do evento tem seu início em junho de 2021, quando estudantes de graduação e profissionais da saúde em saúde, autoras deste trabalho participaram de uma oficina intitulada “2ª edição da Formação para o Controle Social no SUS” que acontece desde 2017, um projeto iniciado pelo Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP), em parceria com outros grupos como o Conselho Nacional de Saúde, Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram mais de 40 oficinas que aconteceram por todo o Brasil, com a intenção de qualificar conselheiros de saúde, líderes de movimentos sociais que atuam em defesa do SUS. Ao final dessa formação, as autoras deste trabalho foram provocadas/estimuladas a criar uma proposta de multiplicação de fortalecimento para o SUS. Para isso, buscou-se a articulação com integrantes do Coletivo SouSUS da cidade de Santa Maria - RS,  e com a Liga Interdisciplinar de Saúde da Família e Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Maria - RS - Comum Unidade. No dia 09 de setembro de 2021, foi realizada ação de multiplicação, intitulada “O que tem a ver a mulher e o SUS?”. A equipe de organização do evento foi, então, composta pelas multiplicadoras que participaram da formação em parceria com integrantes dos grupos citados anteriormente, compondo o total de oito organizadoras. Foram dois meses de organização via grupo de Whatsapp e reuniões via Google Meet, nessas reuniões foram acertados o formato do evento, tema, público alvo, convidados, meio de divulgação e outros detalhes da logística. A comissão organizadora optou por realizar uma Roda de Conversa, com o tema “O que tem a ver a mulher e o SUS” para dialogar acerca do papel da mulher na Saúde Pública, e como as questões de gênero, raça e classe as atravessam este contexto. Respeitando os protocolos de prevenção à Covid-19 e com o intuito de democratizar o acesso, a Roda ocorreu de maneira gratuita e online via plataforma Google Meet. O público alvo eram mulheres que tivessem interesse pela área de saúde pública e coletiva, trabalhadoras, estudantes e usuárias do SUS, bem como mulheres atuantes no controle social. As convidadas foram escolhidas de acordo com suas trajetórias, formação e nível de envolvimento com a Saúde e/ou do Controle Social. O evento foi divulgado pelas redes sociais, pelos perfis no Instagram do Coletivo Sou SUS e da Liga Comum Unidade, e em grupos de Whatsapp. As/os participantes precisaram se inscrever antecipadamente por meio de um formulário do Google Forms que foi disponibilizado nas semanas pregressas à realização do evento. A roda foi organizada de maneira em que em no primeiro momento ocorresse uma breve explanação sobre o surgimento da roda e seu processo de construção, bem como a apresentação das organizadoras e convidadas, no segundo momento uma explanação dialogada por parte das convidadas, a fim de instigar um possível debate, e um terceiro momento em que as inscrições para exposição de ideias e relatos estava aberta ao público. Após a explanação das convidadas palestrantes, que trouxeram temáticas pertinentes e relacionadas com o seu próprio trabalho, seja enquanto educadora popular, enfermeira e psicóloga, o espaço de debate foi aberto para diversas manifestações de participantes/ouvintes da roda de conversa. O evento foi um momento ímpar de companheirismo, especialmente para as trabalhadoras da área da saúde presentes devido a oportunidade de se enxergar mesmo que virtualmente. Elas relembraram momentos inesquecíveis de luta pelos caminhos que percorreram na militância. Partilharam relatos sobre as dificuldades que têm enfrentado na defesa incessante da promoção da vida. Em um contexto tão árduo da maior crise sanitária de dimensão planetária, foi extremamente fortalecedor manifestar admiração e empatia pela atuação profissional umas das outras. Ao longo do debate, algumas ideias para próximas rodas de conversa foram surgindo, como a temática da maternidade na adolescência, lideranças comunitárias, luto, assim, a roda surgiu como um disparador para construir futuras multiplicações. No total 50 pessoas compareceram, o perfil levantado através das respostas no formulário de inscrição indica que 85% se identifica como mulher cisgênera, 70% se autodeclara branco/a e 44% da sua relação com o SUS é na condição de estudante/estagiário. A maioria das participantes preencheu o formulário de presença no qual sinalizaram opiniões, assim como sugestões para fomentar a perspectiva de próximas edições do evento. Tais como a importância de obter informações sobre direitos para acessar a saúde, a reflexão dos impactos que o gênero traz no âmbito privado e a necessidade dos profissionais perceberem as especificidades das mulheres para poder prestar um atendimento mais humanizado. Ademais, os comentários recebidos demonstraram um sentimento intenso de alegria e agradecimento frente a oportunidade de troca de saberes. Apesar de as mulheres ao redor de todos os países apresentarem maior expectativa de vida, infelizmente, elas adoecem mais em comparação aos homens. Ainda em nível internacional o evento esteve em consonância com o quinto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) que põe em evidência garantir o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva.  Logo, a realização deste encontro serviu como um instrumento crucial de promoção e valorização da saúde da mulher. Para fins de comprovação acadêmica, certificados de participação foram disponibilizados a todas e todos que solicitaram. Além disso, o evento está em vias de ser registrado como um projeto de ensino na Universidade Federal de Santa Maria, sendo assim um importante vínculo institucional de respaldo e fomento da continuidade dos próximos. O evento promoveu um espaço de discussão de questões relevantes presentes na sociedade brasileira e ampliou conhecimentos para a formação e prática profissional da comunidade acadêmica, trabalhadoras(es) e usuárias(os) do SUS, referentes às temáticas que envolvem questões de gênero com recorte de raça e classe, correlacionando suas relações com a saúde pública brasileira. Dessa forma, foram elogios, sugestões, questionamentos, relatos de luta e resistência que encheram os  corações das organizadoras de alegria por poder promover e participar de um espaço tão potente de participação popular reafirmando a defesa do SUS, do Controle Social e da luta das mulheres.