Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O acesso à atenção primária pela população negra
Emily Faé Ginelli, Gustavo Alberto Briske Klug, Franciele Flodoaldo, Francine Alves Gratival Raposo

Última alteração: 2022-02-23

Resumo


Apresentação: Os grupos étnicos minoritários encontram diversos fatores limitantes no que tange à acessibilidade e adesão ao Sistema Único de Saúde (SUS). Isso acontece porque o SUS enfrenta barreiras estruturais, profissionais, sociais e econômicas que interferem no alcance de seus princípios e diretrizes. Sendo assim, este estudo busca compreender o acesso à atenção primária pela população negra. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão bibliográfica compreendendo o estudo da vulnerabilidade social da população negra no acesso à atenção primária à saúde. Os artigos foram pesquisados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) -utilizando as bases de dados da Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS)- e na SciELO (Brasil Scientific Electronic Library Online). Os descritores usados no DeCS foram: Health Services Accessibility; Health of Ethnic Minorities; Primary Health Care; Health Policy. Os textos foram selecionados com base nos critérios de inclusão e exclusão e 4 textos foram usados para compor o estudo. Resultados: A princípio, sabe-se que a maioria da população negra ocupa espaços menos privilegiados da sociedade que carecem de infraestrutura básica e serviços de saúde. Essa vulnerabilidade social é identificada em diversos estudos brasileiros como interveniente na sobrevida dessa minoria étnica. Nessa perspectiva, cabe discutir o processo de acesso e adesão da população negra aos serviços do SUS. No Brasil, os fatores que dificultam o acesso dos usuários ao serviço estão relacionados aos níveis de instrução e renda, aspectos sociais e econômicos determinantes das condições de vida dessa parcela da população. Os fatores limitantes à adesão já estão mais associados ao racismo institucional muitas vezes enraizado em alguns serviços de saúde, fato que afeta diretamente os princípios da equidade e universalidade propostos pelo SUS, uma vez que o acolhimento foi realizado de maneira ineficiente devido às dificuldades profissional e institucional de atuar com a diversidade. Contudo, é sabido que o SUS tem grande potencial de melhoria no serviço para garantir o acesso e a adesão desse segmento mais vulnerável. Cabe, portanto, aos profissionais da saúde e governo ampliar os estudos a fim de conhecer melhor aspectos culturais, sociais, econômicos e políticos de cada território em que está inserido o serviço de saúde e implementar ações de acolhimento dessa parcela populacional, a fim de garantir a saúde - que é um direito de todos e dever do estado. Considerações finais: É visto, portanto, que as ações de melhoria do acesso e adesão à Atenção Primária já são realizadas, entretanto é preciso reforçar o monitoramento e avaliação para o seu efetivo estabelecimento. Nesse sentido, são necessários mais estudos que compreendam essa questão, descrevendo os impasses vivenciados pela população negra para acessar os serviços de saúde, bem como a ampliação de estratégias para que as barreiras sejam mitigadas e as distâncias sejam encurtadas -tanto as estruturais quanto as culturais e/ou econômicas-, tornando o serviço de saúde mais igualitário, para negros e não negros, fazendo valer os princípios e diretrizes do SUS.