Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A utilização de oficinas de discussão de filmes como ferramenta para formação e prática interdisciplinar de nutricionistas no tratamento da Obesidade e dos Transtornos Alimentares
Thainá Santana da Silva, Gabrielle Gomes dos Reis, Carolina de Oliveira Coutinho, Cristiane Marques Seixas

Última alteração: 2022-01-24

Resumo


Obesidade e transtornos alimentares (TAs) são condições cujos desenvolvimentos envolvem grande complexidade, impondo desafios aos profissionais de saúde no que tange ao manejo e tratamento clínico de indivíduos com tais quadros e, consequentemente, ao processo formativo desses profissionais. Com o intuito de superar tais desafios, entende-se que a interface entre nutrição e psicanálise pode trazer contribuições para a formação e prática interdisciplinar do nutricionista. Nesse contexto, a utilização de filmes como ferramenta pedagógica tem se mostrado útil para promover uma aproximação com os aspectos subjetivos da alimentação e com reflexões sobre abordagens de tratamento, em uma perspectiva crítica. Deste modo, esse trabalho teve como objetivo avaliar a contribuição das oficinas de discussão de filmes como ferramenta para o desenvolvimento de questionamentos e problematizações em relação aos fatores envolvidos no desenvolvimento dos quadros de obesidade e TAs, possibilitando a construção de novas perspectivas em relação ao tratamento nutricional e à atuação interdisciplinar.Para tanto, foram realizadas oficinas de discussão de filmes que, devido a pandemia pelo COVID-19, ocorreram de modo remoto. Selecionou-se os filmes “Paraíso - quanto pesa o amor”, que aborda a obesidade, seus estigmas e os consequentes impactos no cotidiano dos sujeitos e “O mínimo para viver”, que trata da relação de uma jovem com seus sintomas alimentares, com o tratamento para TA e com sua família. Realizou-se a decoupagem dos filmes, destacando cenas importantes para serem abordadas, a fim de construir um roteiro que guiasse a discussão. Ao final de cada oficina, os participantes responderam a um questionário para avaliação de aspectos relacionados ao objetivo da pesquisa. Como resultados, verificamos que os profissionais e estudantes reconhecem que as oficinas de discussão de filmes possuem potencial de contribuir com a formação profissional e relataram ser uma ferramenta pedagógica importante para discussão de temas complexos e para a promoção da troca de saberes entre diversos profissionais, contribuindo com o desenvolvimento de uma perspectiva crítica e interdisciplinar sobre o manejo dos TAs e obesidade. Além disso, destacaram a existência de uma lacuna na formação durante a graduação, no que tange à abordagem de tais temas a partir de um olhar ampliado. Tanto no questionário quanto a partir das falas dos participantes, as oficinas de discussão de filmes foram destacadas como enriquecedoras e eficazes para promover um espaço de aprendizado e reflexões profundas sobre a obesidade e os transtornos alimentares. Percebe-se que tradicionalmente a formação em nutrição tem como centro uma abordagem biologicista e pouco se propõe a compreender os aspectos subjetivos relacionados à alimentação, o que acaba por se refletir em práticas de saúde limitadas, incapazes de enxergar o indivíduo como um ser completo e suas doenças para além de aspectos biomédicos. Incorporar conceitos da psicanálise de forma responsável na prática clínica do nutricionista pode se mostrar importante para o sucesso do tratamento. Como forma de promover reflexões que contribuam com o aprimoramento da atuação interdisciplinar, da relação paciente-profissional e do cuidado em saúde, as oficinas de discussão de filmes se mostraram um excelente instrumento.