Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DE PROFISSIONAIS DA MEDICINA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO ESTADO DO PARÁ
Tawane Tayla Rocha Cavalcante, Eric Campos Alvarenga, Elon de Sousa Nascimento, Ana Beatriz Pantoja Rosa de Moraes, Rosylene Mara De Oliveira Vargas

Última alteração: 2022-01-18

Resumo


A Atenção Primária à Saúde é a principal porta de entrada do usuário ao Sistema Único de Saúde (SUS), por oferecer cuidado integral e gratuito a todas as pessoas, mediante as suas demandas e necessidades em saúde, sendo essas práticas de cuidado realizadas por equipes multiprofissionais. Nesse sentido, com base no referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho, este estudo objetivou compreender as relações de prazer e sofrimento produzidos pelo trabalhar; organização do trabalho; mobilização subjetiva e estratégias de defesa realizadas por profissionais da medicina atuantes na atenção básica. A partir de uma abordagem qualitativa, a fim de compreender as implicações do trabalho na construção da subjetividade e saúde mental das trabalhadoras, foram realizados, via plataforma digital, três encontros com duas médicas que atuam na rede pública de saúde do Estado do Pará. Para análise e interpretação das escutas, utilizou-se da análise de núcleo de sentidos, com base na Clínica da Psicodinâmica do Trabalho. Como resultados, verificou-se que diante da atividade complexa que é ser médica na atenção básica, as relações de prazer construídas no trabalho das entrevistadas se constituem pela formação de vínculo com a comunidade. No que se refere a organização do trabalho e as questões geradoras de sofrimento e insatisfação, estas se relacionam com o elevado número de consultas médicas, condições de trabalho precárias, burocracias, dificuldades na resolubilidade dos serviços prestados no SUS e relações instáveis com colegas de trabalho e a gestão. Em relação às estratégias de defesa, observou-se a cooperação entre profissionais da mesma área, o sentimento de satisfação no trabalho prestado a população, apoio familiar e religioso, assim como no engajamento da mobilização subjetiva das profissionais para dar sentido ao seu trabalho. Constatou-se que os espaços de escuta clínica e discussão coletiva, propostos por essa pesquisa, contribuíram de forma significativa para amenizar o sofrimento e desgaste das trabalhadoras, produzindo implicações positivas no que tange a ressignificação das vivências de sofrimento em prazer no trabalho.