Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Preceptoria do Internato em APS: do que estamos falando? Relatos de experiências em uma Faculdade de Medicina de São Paulo
Juliana Nobre Sampaio, Virginia Junqueira

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


Desde a criação do Sistema Único de Saúde - SUS em 1988, pela Constituição Federal Brasileira, e sua implementação pelas Leis Orgânicas 8080 e 8142 em 1990, a saúde no Brasil se pautou na necessidade de um sistema mais justo, equânime, e que considerasse as necessidades regionais e da população. A partir desse momento, vimos um maior fortalecimento da atenção primária como porta de entrada do sistema de saúde. A nova organização, reconhecendo o papel central do SUS e da Atenção Primaria a Saúde na sociedade brasileira, levou as instituições de ensino superior a estabelecerem estratégias curriculares de modo a readequar o perfil de seus egressos. Em 2001, as primeiras Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Medicina, suscitam a formação de novos médicos para o SUS, com um perfil mais humanista, crítico e reflexivo. A reformulação dessas diretrizes em 2014 reforçou a formação generalista e ampliou a presença dos estudantes no campo de estágio da Atenção Primaria à Saúde durante o internato, que corresponde aos 2 últimos anos de graduação, para 30% do total da carga horária. Diante disso, foi necessária a presença do professor de campo, designado preceptor. O presente estudo propôs investigar como um médico se torna um preceptor de internato em Atenção Primária a Saúde e como se capacita para exercer sua função.  Foram realizadas entrevistas semi estruturadas com preceptores em Atenção Primaria à Saúde, no estágio de internato médico de uma Instituição de ensino Superior de São Paulo, com o objetivo de identificar e caracterizar os preceptores; descrever e analisar sua prática segundo os mesmos; verificar quais os maiores problemas vivenciados na prática da sua função e quais as sugestões para seu enfrentamento; analisar o conhecimento dos preceptores sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Medicina, cotejando a formação dos participantes da pesquisa com os requisitos necessários ao exercício de sua função, segundo as diretrizes. Foram realizadas nove (9) entrevistas com preceptores do estágio de Atenção Primaria à Saúde no internato médico, em ambiente virtual, seguindo um roteiro semiestruturado, com duração média de 20 minutos. Para a verificação dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2011), realizando-se a “leitura flutuante” das transcrições, formulação de hipóteses, posterior escolha de um índice organizado em indicadores, para então realizar a exploração do material, codificando os temas recorrentes nas falas dos pesquisados. A conclusão é que há muito o que se discutir a respeito da formação médica, mas um dos caminhos para viabilizar as propostas das Diretrizes Curriculares Nacionais é investir na capacitação de professores/preceptores, colocar em evidência o que essas diretrizes preconizam para a formação médica, e principalmente discutir de forma ampla, como aprimorar também a formação desses profissionais, além da valorização desses professores da prática.