Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Representação social da obesidade: análise com profissionais de saúde da Atenção Básica do estado da Bahia
Carolina Gusmão Magalhães, Lígia Amparo da Silva Santos, Poliana Cardoso Martins, Mônica Leila Portela de Santana

Última alteração: 2022-01-18

Resumo


Apresentação: O fenômeno da obesidade assumiu, nas últimas décadas, o centro do debate das preocupações sanitárias do planeta, sobretudo por sua alta prevalência, em proporções globais, bem como por seu caráter complexo e multifatorial. Estudos recentes sobre obesidade sugerem que as crenças de vários profissionais de saúde, principalmente ao nível da Atenção Primária a Saúde, parecem estar a influenciar negativamente o comportamento destes trabalhadores no ato do cuidado, pois além de não lhe darem a devida importância, não intervêm nem compreendem sua magnitude, atuando a partir de abordagens profissionais cada vez mais estigmatizantes, contribuindo assim para a manutenção da prevalência da obesidade. O presente estudo analisou as representações sociais da obesidade para profissionais de saúde da Atenção Básica do estado da Bahia. Desenvolvimento do trabalho: Estudo exploratório-descritivo, de método qualitativo, realizado a partir de um curso ofertado pela Universidade Federal da Bahia e outras Instituições de Ensino Superior e secretarias estadual e municipal de saúde, com 61 profissionais de saúde da Atenção Básica do estado da Bahia, Brasil. Utilizou-se um questionário semi-estruturado on-line e a Técnica de Associação Livre de Palavras, a partir do estímulo “obesidade” analisada por meio da análise prototípica no software OpenEvoc. Resultados e/ou impactos: A análise revelou que os elementos comuns nos núcleos centrais da representação social sobre obesidade foram “doença”, “alimentação”, “sobrepeso” e “gordura”, ou seja, o conhecimento compartilhado por esses profissionais de saúde caracteriza-se por conceber a obesidade como uma doença, vinculada a alimentação, numa concepção unifatorial que desconsidera os aspectos psicossociais, ambientais, políticos, econômicos, sociais e culturais associados. A “multifatorialidade” foi evocada na segunda periferia, ou seja, foi o aspecto menos citado e evocado, revelando que a perspectiva unifatorial em relação às causas da obesidade, ainda tem forte representação na concepção compreendida por estes profissionais. O elemento “saúde mental”, apesar de não estar na zona do núcleo central, também deveria ser analisado em pesquisas futuras, por ter alta freqüência de evocação. Considerações finais: Tendo em vista que as crenças na perspectiva unifatorial em relação às causas da obesidade, bem distante de uma abordagem ecológica que assume uma relação sistêmica entre indivíduos e ambiente na estruturação deste fenômeno, podem servir de estímulo às abordagens profissionais mais estigmatizantes, é de suma importância que políticas públicas voltadas para a formação e educação permanente de profissionais de saúde promovam um olhar mais ampliado ao discutir o fenômeno da obesidade, analisando-a como uma condição complexa, multifatorial, sistêmica e sindêmica, refletindo criticamente sobre as narrativas da culpabilização/responsabilização, o estigma da obesidade, assunção de estereótipos negativos, visão simplista da obesidade, etc, a fim de qualificar o cuidado a essa população.