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As ações de educação popular em saúde possibilitam trabalhar situações de iniquidades com forte incidência no território. No contexto da pandemia, para que se alcance uma melhora nos indicadores de saúde da população, são necessárias  ações e estratégias integradas que vão além dos atendimentos individuais e da compreensão de saúde a partir de aspectos biomédicos. A  diminuição da oferta de métodos contraceptivos no SUS, o desfinanciamento da Atenção Básica e desestruturação dos NASF, o maior impacto da pandemia de covid-19 sobre o trabalho e renda das mulheres e a política de austeridade econômica com redução dos gastos com as políticas sociais e de transferência de renda,  apontam para o cenário desafiador e complexo no que tange ao gerenciamento da vida e dos processos reprodutivos das mulheres nos territórios de vulnerabilidade. Este estudo parte da experiência de um projeto de extensão universitária, que realizou ações de educação popular em saúde com mulheres em região de alta vulnerabilidade social e ambiental na cidade de Santos durante a pandemia da COVID-19. Objetivo: Compartilhar a experiência de um projeto de extensão junto à grupos de mulheres na comunidade, no contexto da pandemia  da Covid-19. Métodos: As atividades do projeto desde seu início em 2019 foram orientadas para apoio às equipes da atenção básica em saúde da Zona Noroeste (ZNO) de Santos, na construção e fortalecimento de ações integradas e  intersetoriais, para um cuidado integral de mulheres no período reprodutivo. Em 2020 no contexto da pandemia, manteve-se contato virtual com as unidades de saúde e houve aproximação de iniciativas comunitárias solidárias para o enfrentamento da pandemia.  No ano de 2021, ampliou-se  a rede de colaboração e intervenção junto às Mulheres Lideranças da ZNO e a realização de grupos presenciais nos territórios para refletir sobre aspectos do cotidiano, pandemia e saúde reprodutiva. Resultados: apoiamos a realização do evento virtual comemorativo ao dia internacional da mulher da ZNO, participando da organização, cerimonial e transmissão ao vivo pelo youtube. Através dessa aproximação com as lideranças comunitárias, o projeto foi convidado a realizar ações de educação em saúde com grupos de mulheres na Vila Pantanal. Identificaram-se situações de negligência no acesso ao planejamento reprodutivo,  sofrimento e adoecimento mental relacionados às condições de vida, dificuldades no acesso aos serviços e políticas públicas no território, violência doméstica, esgotamento pela sobrecarga do trabalho materno, possibilitando assim  reflexões críticas sobre o cuidado em saúde  diante do contexto de violação de direitos e a importância da grupalidade entre as mulheres da comunidade. Considerações finais: Foi possível manter e adaptar as atividades do projeto de extensão no contexto da pandemia de Covid-19, especialmente por meio de articulação com lideranças e escuta das mulheres da comunidade, revelando o potencial das ações educativas como estratégia de fortalecimento das iniciativas populares e de controle social, que partem da própria população, na busca por seus direitos sociais.