Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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“Ainda estou aqui”: Relato de experiência a utilização da arteterapia no cuidado da saúde mental do idoso
Adrielle Lima de Sousa

Última alteração: 2022-01-16

Resumo


O presente trabalho expõe a atuação de uma estagiária de psicologia em uma instituição que oferece serviços e doações para idosos, com objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida. O objetivo deste relato é apresentar a importância do cuidado com a saúde mental na terceira idade. As intervenções foram realizadas em um grupo com cerca de 10 idosos se utilizando da arteterapia para promover um ambiente dinâmico e acolhedor para o desenvolvimento do grupo. As intervenções foram iniciadas com um cronograma especificando de atividades que seriam realizadas durante o período de seis encontros, realizados as sexta-férias no período diurno. Incialmente, realizou-se uma atividade denominada novelo de lã, tendo como intuito desenvolver o ambiente grupal, esclarecendo que se tratava de um grupo e que com isso seria necessário o fortalecimento do grupo, não deixando assim a lã, que representava o grupo, enfraquecer. Posteriormente, utilizou-se a musicoterapia como uma das intervenções, tendo como objetivo identificar como o grupo reagiria diante das lembranças que músicas queridas, escolhidas por eles, lhe traziam. Respondendo a esta atividade, alguns dos idosos dançavam ao som de suas escolhas, outros relatavam como era a infância e o quão difícil foi a época em que viveram. Elaboração de pinturas em gesso e cordéis foram as intervenções em que se observou mais dificuldades, principalmente motora e criativa. Era difícil expressar o que aquele momento representava, as lembranças de uma infância de trabalhos domésticos, dificuldades de ler e escrever e de se expressar. Com a aromaterapia se obteve um impacto de calmaria, um momento de relaxamento em que as preocupações foram embora por um instante. No decorrer dos encontros, foi notado que alguns dos idosos se destacavam mais do que outros, principalmente quanto à comunicação. A partir da observação deste fato, mudou-se a abordagem nos encontros para buscar entender as razões da falta de comunicação e as dificuldades no desenvolvimento das atividades. Foi destacado a fragilidade das relações, a necessidade da atenção, de ser o melhor em tudo. Foi observado nas intervenções o quanto é importante o cuidado com a saúde mental na velhice visto que muitos daqueles idosos eram simplesmente jogados em asilos ou casas de repouso por seus familiares e as visitas ficam cada vez menos frequente. E como fica esses idosos? Percebe-se na sociedade um abandono dos idosos. Apesar de alguns acreditarem que é o fim da vida deles, os mesmos por vezes gritam silenciosamente: “eu estou aqui, e ainda estou vivo”. É tempo de colocarmos os ouvidos para de fato ouvir, escutar as histórias de antigamente, entender o que os velhinhos tanto querem falar e ensinar, deixar que se expressem de corpo, alma e espírito e por fim aprenderem, visto que ninguém sabe de tudo, sempre terá algo a aprender, e ninguém melhor do que aqueles que viveram tanto para ensinar.