Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO CUIDADO DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Aniele Rodrigues Ribeiro, Simone Mendes Carvalho

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


APRESENTAÇÃO: A proposta do estudo procura atender aos desafios atuais do campo da saúde coletiva no que se refere à violência de gênero e as estratégias utilizadas na construção/reflexão/execução das ações para a produção de cuidado à mulher em situação de violência após a implementação das medidas de controle do novo coronavírus. O objetivo do estudo foi caracterizar o perfil e o tipo de violência sofrida por mulheres que procuram o serviço de saúde antes e após o início da pandemia de COVID-19. MÉTODO: Trata-se de um estudo do tipo descritivo, retrospectivo, de meio documental, que teve como principal fonte de dados as informações do as Fichas de Notificação Individual de Violência Interpessoal/Autoprovocada do Sistema Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Os dados coletados foram referentes aos anos de 2019 e 2020, em uma Unidade Básica de Saúde localizada na Rocinha-RJ. RESULTADOS: Foram analisadas 51 fichas de notificação, sendo 39 referentes ao ano de 2019 e 12 referentes ao ano de 2020. Houve importante mudança dos números de notificações entre os anos de 2019 e 2020 na unidade de saúde, com queda aproximada de 69,24% após a implementação das medidas de controle do novo coronavírus. O perfil das mulheres vítimas de violência atendidas na unidade nos anos de 2019 e 2020 acompanhou a mudança, uma vez no ano de 2019 esse grupo era formado principalmente por mulheres jovens e adultas, entre 16 e 45 anos de idade (87,16%) pertencentes à população negra (76,92%) e que possuíam ou possuíram relacionamento íntimo com os agressores (48,70%). No ano de 2020, esse grupo foi formado principalmente por mulheres entre 0 e 15 anos de idade (50%) e por mulheres com mais de 46 anos de idade (25%), pertencentes a população negra (49,99%) e que possuíam outros tipos de vínculos com os agressores, que não relacionamentos íntimos. Apesar da mudança no perfil etário e no tipo de vínculo da vítima com o agressor, que sugere dificuldade no acesso de mulheres em idade reprodutiva e de relacionamentos íntimos ao serviço de saúde, foi possível observar que o tipo de violência prevalente em ambos os anos foi a violência física (presente em 75% das agressões), seguida por violência psicológica/moral (presente em 41,66% das agressões), e o meio de agressão mais comum foi força corporal/espancamento (53,89%). Também é importante ressaltar que as mulheres negras foram as principais vítimas de violência em ambos os anos, apesar da mudança do protagonismo etário e do vínculo com o agressor. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Apesar de essenciais para o combate do novo coronavírus, as medidas de controle implementadas no ano de 2020 representaram um importante dificultador para o acesso de mulheres vítimas de violência aos serviços de saúde. Portanto, destaca-se a necessidade de identificar e acompanhar essas mulheres através da rede de atenção à saúde e demais serviços intersetoriais, visando a promoção do cuidado integral, de qualidade e resolutivo, que atenda às necessidades e especificidades de cada mulher.