Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A pessoa idosa com deficiência na rede de atenção à saúde durante a pandemia: como fica o cuidado?
ARACELY GOMES PESSANHA, Clarissa Terenzi Seixas, Karla Santa Cruz Coelho

Última alteração: 2022-02-23

Resumo


Apresentação:  A pandemia da COVID-19 intensificou os desafios relacionados à atenção à saúde das pessoas idosas com deficiência. Além de vivenciarem o aumento da morbimortalidade pela doença agravado nessa faixa etária pela existência de condições predisponentes, essas pessoas viram seu acesso a políticas públicas prejudicado, incluindo direitos essenciais como acesso à saúde, somado às consequências físicas e sociais do aumento do isolamento social. Este trabalho teve como objetivo apresentar a vivência da pandemia de COVID -19 para uma pessoa idosa com deficiência física em um município do Norte Fluminense.

Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório, analisado a partir da abordagem cartográfica utilizando a ferramenta do usuário guia. Resultado de uma pesquisa de dissertação de mestrado profissional intitulada: A produção do cuidado à pessoa idosa com deficiência: cartografia de uma usuária-cidadã-guia pela rede de atenção à saúde de Macaé/RJ. Essa pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Observatório de Políticas Públicas de Macaé, fazendo parte da pesquisa nacional “Análise da Implantação da Rede de Cuidados à Saúde das Pessoas com Deficiência - os Usuários, Trabalhadores e Gestores como Guias” do CNPq.

Resultados: Durante o período da pandemia provocada pelo SARS-CoV-2, o vínculo com a usuária guia foi mantido através do aplicativo de troca de mensagens, onde relatou que a condição de isolamento necessária para contenção do vírus a deixava triste e ansiosa. Acrescenta, que já vivenciava o isolamento quando se tornou uma pessoa com deficiência (em decorrência da amputação do membro inferior direito) e a pandemia intensificou este sentimento.  Destaca-se as redes sociais como essenciais para a manutenção da sua saúde mental. As representações negativas do que é “ser uma pessoa com deficiência”, “ser negro” e “ser pobre” marcam a trajetória de vida da usuária guia e tornam-se acentuadas na sua relação com os serviços de saúde que reduziram/interromperam seus atendimentos, inviabilizando a continuidade de seu processo de cuidado durante a pandemia. Apresenta uma narrativa bastante forte, que expressa todo o sofrimento em relação ao valor da sua própria vida: “Tem dia que penso em morrer”. Ainda sobre os resultados identificamos a ausência de construção de vínculo/implicação dos profissionais de saúde na produção do cuidado e a invisibilidade do saber produzido pela usuária-cidadã-guia no seu próprio cuidado.

Considerações finais: A pesquisa contribuiu para qualificar o processo de trabalho da autora, que atua na rede de atenção  à saúde do município, ampliando o seu olhar acerca das demandas dos usuários.E embora atualmente exista um discurso de valorização da pessoa com deficiência, elas ainda são invisibilizadas e sucumbem a várias formas de morte, seja física, o sofrimento psíquico e/ou confinamento social.O cuidado a pessoa idosa com deficiência na rede de atenção à saúde foi pouco ofertado nesse movimento de enfrentamento ao Covid -19 e apesar disso, a usuária-cidadã-guia nos apresenta grande potência de vida em um corpo feminino, negro, idoso e com deficiência.