Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A prática da preceptoria em programas de residência multiprofissional em saúde mental: potências e desafios
Aline Silva de Moura, Sabrina Helena Ferigato

Última alteração: 2022-01-18

Resumo


Apresentação: As Residências Multiprofissionais em Saúde Mental são formações no/para o SUS que investem na construção de sentidos para as experiências dos residentes em campo e apresentam potencial transformador de práticas, em sintonia com a Reforma Psiquiátrica. O preceptor, nesse contexto, está vinculado à instituição formadora e/ou executora e tem a atribuição de acompanhar diretamente as atividades práticas realizadas pelos residentes nos cenários onde se desenvolve o programa. A partir de um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento, a qual tem como objeto de estudo a prática da preceptoria, o presente trabalho objetiva abordar as potências e desafios identificados na prática da preceptoria em saúde mental. Desenvolvimento do trabalho: estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa, a qual utilizou para coleta de dados um questionário online (via Google Forms), autoaplicável, durante três meses (abril a junho de 2021), destinado à(os) preceptores de programas de residência multiprofissional em saúde mental. A divulgação foi realizada via e-mail institucional dos programas e via redes sociais, utilizando a técnica bola de neve. Para este recorte, apresentaremos uma breve caracterização dos participantes, assim como dados referentes à uma das perguntas abertas do questionário, quanto às potências e desafios da prática de preceptoria na saúde mental. Resultados: Tivemos a participação de 53 preceptores, provenientes de 14 estados brasileiros, com a seguinte concentração por região: 41,5% do Sudeste; 34% do Nordeste; 17% do Sul, 5,7% do Centro-Oeste e 1,9% da região Norte. A maioria é do gênero feminino (73,6%), que se autodeclararam brancas (71,7%), com idade entre 31 e 40 anos (52,8%). Quanto à profissão, estiveram presentes 10, sendo elas: Psicologia (24,5%); Serviço Social (18,9%); Terapia Ocupacional e Enfermagem (15%); Medicina (9,4%); Educação Física, Farmácia, Fonoaudiologia e Pedagogia (3,8%); Nutrição (1,9%). O principal local de atuação (o qual é cenário de prática dos residentes) foram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em suas diferentes modalidades (58,5%). As principais potências elencadas foram: troca de experiência, atualização profissional, construção de novas práticas em saúde mental. O encontro com o residente foi apontado como algo que amplia a potência de agir dos profissionais nos serviços, trazendo a dimensão da criatividade e oportunidade de refletir sobre a prática. Os aspectos considerados importantes nessa relação preceptor-residente foram: respeito, confiança, empatia, vínculo, interesse, diálogo, parceria, abertura, troca, cuidado, horizontalidade, acolhimento. Já como desafios, tivemos: ausência de capacitação/formação e suporte pedagógico; conciliar a demanda das atividades assistenciais com espaços de reflexão/formação; precarização dos serviços; distanciamento com as instituições de ensino; falta de reconhecimento e remuneração específica para a prática (ou outras contrapartidas). Considerações Finais: Por ser um arranjo de formação que se dá pelo e para o trabalho em saúde, os programas de residência são atravessados pela conjuntura de desmonte das políticas sociais. Considerando que o preceptor é o profissional que compartilha com o residente o ensinar e aprender, a partir de troca de experiências e (re)construção do conhecimento em cenários reais, fortalecer seu papel e reconhecimento enquanto educador, pode favorecer a qualificação e transformação das práticas em saúde mental.