Introdução: A Atenção Primaria à Saúde é chamada de Atenção Básica (AB) no Brasil e compreende a ideia de um sistema universal e integrado de ação à saúde, que representa o primeiro nível de acesso dos usuários ao sistema de saúde. Para tanto, dentre as ações desenvolvidas na AB essenciais na atenção integral à saúde de jovens e adolescentes, evidencia-se: oportunizar a participação desse grupo através de redes intersetoriais que lhes assegurem proteção e direitos. Nessa perspectiva, é de suma importância que a educação em saúde, elaborada para adolescentes e jovens, proporcione o empoderamento, a emancipação e a dignidade dos sujeitos, despertando o pensamento crítico reflexivo face à vida em sociedade, que complica ou colabora para os comportamentos de risco ou de proteção. Ademais, “estimula o desenvolvimento da curiosidade crítica, como sinal de atenção que é integrante da vida.” Cabe destacar que os problemas de saúde, na maioria das vezes, são sérios, pois englobam diversas dimensões do viver, desde os aspectos físicos até os sociais e subjetivos. Portanto, o trabalho em saúde, para ser eficiente, necessita atender à complexidade do ser humano e trazer sentido à assistência à saúde, em suas mais abrangentes áreas. Objetivo da experiência: Contextualizar a experiência vivenciada pelos acadêmicos na educação em saúde com adolescentes. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, sobre a vivência dos acadêmicos em uma atividade educativa com adolescentes. O cenário foi um Ambulatório Escola, pertencente a um Centro Universitário, localizado na região serrana do Rio de Janeiro. A atividade foi planeada pelas acadêmicas de enfermagem do seniorato, nono período, do Curso de Graduação de Enfermagem, sob orientação da preceptora do Módulo de Saúde de Enfermagem do Adolescente, em novembro de 2019. Intitulada “Teens friends day - Dia dos amigos adolescentes”, em comemoração ao triênio do Módulo de Saúde do Adolescente, estabeleceu-se parceria com o projeto de Iniciação Científica. Tal projeto possui vinculação com o diretório de pesquisas do Conselho Nacional de Desenvolvimento a Pesquisa Científica (CNPq), com uma Instituição de Ensino Superior Federal e com a Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação de um Centro Universitário. O evento fez parte das atividades educativas direcionadas aos adolescentes, havendo a participação dos discentes do curso de Enfermagem e dos demais cursos (Nutrição, Medicina, Psicologia e Enfermagem) inscritos no projeto de Iniciação Científica. Descrição da experiência: Na elaboração do planejamento da atividade, foram traçadas ações de forma dinâmica e atrativa, alicerçadas nas metodologias ativas, visando a aprendizagem significativa das temáticas e participação ativa dos acadêmicos, envolvendo o tripé universitário (Ensino, Pesquisa e Extensão), os adolescentes, as escolas e a comunidade. Torna-se imprescindível o entendimento por parte dos gerentes, relacionado à importância de agregar diferentes atores na gestão, ressaltando a coparticipação da comunidade nesse processo. À vista disso, no intuito de construir uma ação gerencial na ação educativa, descrita anteriormente, estabeleceu-se as seguintes estratégias: comunicação efetiva entre a gestão e os profissionais responsáveis pela ação; apoio financeiro dos gestores quanto aos recursos materiais necessários para a atividade; parcerias entre o tripé universitário e intersetorialidade entre a saúde e a educação (escolas). É sabido que, as atividades de saúde implementadas na AB, necessitam, essencialmente, influenciar no comportamento e modos de vida dos usuários, seus familiares e da sociedade, favorecendo o aprimoramento do estado de saúde e cidadania e, assim, gerando qualidade de vida a todas as pessoas. Esse movimento, pautado na integralidade, demanda recursos para a realização das atividades. Deve abranger os mais variados atores sociais, representantes do governo ou não, principalmente as escolas, coletividades, instituições, dentre outros. Com isso, no propósito de envolver e oportunizar a participação efetiva dos discentes da Graduação, em estágio da Rede Ambulatorial, sétimo e nono período, e demais módulos, a saber: Enfermagem Puericultura, Enfermagem Saúde da Mulher e Enfermagem Saúde do Adulto e do Idoso, os alunos foram dispensados das atividades habituais dos módulos. A atividade ocorreu em um único dia, período integral, com educação em saúde norteadas para as temáticas: sexualidade, atividade física, alimentação saudável, álcool, drogas e saúde mental, apontadas nas bases programáticas destinadas à saúde do adolescente. Desenvolveram-se em modelo de circuito, na área externa, ao lado da recepção do Ambulatório, com a participação ativa dos alunos, dividido em 6 estandes, conforme as temáticas, com a utilização de metodologias ativas diferenciadas ao longo do trajeto. Havendo, ainda, dança, música, pipoca e cabine de fotos. Iniciou-se pelo estande da alimentação saudável, com os acadêmicos de nutrição, sob a supervisão da preceptora, com ações educativas voltadas à importância da alimentação saudável, intervalos entre as refeições, local reservado e apropriado, a importância da ingesta hídrica, dentre outras. Utilizou-se como recurso metodológico alimentos variados e a pirâmide alimentar, expostos em uma mesa, nas dinâmicas relacionadas à escolha dos alimentos. A seguir, a atividade física, orientada pela enfermagem, com música e dança, enfatizando a sua importância e os impactos no processo saúde-doença. Um outro estande foi o de toxicomanias, corroborando para a prevenção das drogas lícitas e ilícitas na adolescência, suas consequências e impactos na saúde. Percorrendo o circuito, tivemos a oportunidade de expor no evento os quadros da exposição da artista plástica, Helena Morani, “Você não precisa se esconder”, trazendo reflexões sobre as várias formas de violência contra a mulher e a sensibilização quanto a não se calar diante dos maus tratos, exposto pela primeira vez na região serrana. Caminhando para a reta final, o estande de sexualidade, com orientações focadas na prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, gravidez na adolescência e quanto ao uso correto do preservativo feminino e masculino, através da demonstração, com o auxílio de próteses. E, por fim, o da saúde emocional dos adolescentes, com a disponibilização de um mural interativo, com post-its, possibilitando aos adolescentes exporem os seus sentimentos e realizarem a avaliação do evento. Resultados e/ou impactos: aluno ativo no centro do processo de ensino-aprendizagem; uso das metodologias ativas; aprendizagem significativa das temáticas; educação em saúde com adolescentes sobre as temáticas: alimentação saudável, atividade física, toxicomanias, exposição Helena Morani, sexualidade e saúde emocional; participação envolvendo cerca de 227 participantes, dentre eles estudantes adolescentes de cinco escolas próximas ao Ambulatório escola; criação de laços intersetoriais: tripé universitário, adolescentes, escolas e comunidade, com os serviços de saúde; captação dos adolescentes para as consultas de enfermagem do adolescente, participação na pesquisa científica e exposição do painel interativo no hall do Centro Universitário. Limitações da experiência: Como limitações da experiência, ressalta-se que, por motivos de pandemia, a atividade foi pontual, porém, assim que possível, faremos novas edições do evento. Considerações finais: Conclui-se que, no apontamento dos nós críticos enfrentados, faz-se necessário uma abertura de mentes, olhares e agires a fim de reorganizar os processos de trabalho e as ações educativas, envolvendo os mais diversos atores, com a finalidade de identificar as fragilidades e planejar as ações em saúde, com o uso de metodologias ativas, visando um salto de qualidade no fazer do cuidado em saúde do adolescente e no processo de ensino-aprendizagem dos acadêmicos. Portanto, dos nós críticos que possibilitaram um salto de qualidade, pontuam-se: o planejamento coletivo, a comunicação efetiva entre o gestor e os profissionais, a intersetorialidade e a realização da atividade educativa de forma dinâmica e atrativa.