Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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DIÁLOGO COM AS VOZES: O MOVIMENTO DE OUVIDORES DE VOZES NA PRÁTICA DO PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR NO PROCESSO GRUPAL
Renato Rodrigues de Almeida Silva, Elizabete Coutinho Brunetti, Mariana Pereira Sardin

Última alteração: 2022-01-25

Resumo


Introdução: O movimento internacional de Ouvidores de Vozes vem contribuindo com discussões em diversos países com o intuito de ampliar a compreensão do fenômeno da experiência de ouvir vozes. Historicamente, o fenômeno das vozes foi associado a doença mental e estigmatizada como loucura. Compreendemos que o grupo de Ouvidores de Vozes tem sido uma nova prática de saúde mental que ressignifica o entendimento sobre a experiência como ouvidor. Traz  como pretensão romper com a lógica manicomial de rótulos, passividade e apagamento da identidade e ampliar a experiência humana valorizando as mensagens das vozes e seus significados para cada indivíduo com o reconhecendo de cada história de vida. Objetivo: Relatar a experiência de um grupo de Ouvidores de Vozes instituído desde março de 2019 realizado por profissionais do SUS da Zona Norte de São Paulo no CAPS III Mandaqui. Método: O processo grupal acontece semanalmente, composto pela equipe interdisciplinar, com duração de 1hora e meia com aproximadamente 15 usuários.  Atualmente os participantes são pessoas em sofrimento psicossocial associado à experiência de ouvir vozes e estão inseridos no serviço. A tarefa grupal é aprender a conviver com as vozes. Resultado: O grupo se tornou uma importante prática de promoção da saúde mental entre as pessoas que escutam vozes. Foi possível identificar que ao chegarem no grupo apresentam sentimentos de rejeição, inutilidade e incapacidade para a gestão da própria vida. Percebemos que no grupo tem ocorrido a possibilidade de restabelecer sua identidade pessoal, aceitar a existência das vozes, aprender a dialogar com as vozes interiores no cotidiano e a lidar com as mesmas no  momento de crise. Possibilitando assim  desenvolver estratégias individuais e grupais,  fortalecimento dos vínculos, diminuição das internações e prevenção ao suicidio. Conclusão: Este relato de experiência abre possibilidades para reflexões acerca do trabalho com grupos de Ouvidores de Vozes no âmbito da Saúde Pública, instigando práticas voltadas ao cuidado integral na saúde dos usuários dos serviços e no fortalecimento da rede de saúde em ações conjuntas de grupo nas instituições/território voltado a grupo de Ouvidores de Vozes.

Palavras chave: Grupo Ouvidores de Vozes, Fortalecimento da identidade, Manejo com as vozes.