Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SAÚDE DA MULHER INDÍGENA DA TRIBO VENEZUELANA WARAO NO PARÁ: UMA INVESTIGAÇÃO SOB A ÓTICA TRANSCULTURAL DA ENFERMAGEM
Flavine Evangelista Gonçalves, Brenda Caroline Martins da Silva, Ingrid Cristina Siraides dos Anjos, Maria Luiza Maués de Sena, Jhennifer Nycole Rocha da Silva, Josele de Jesus Quaresma Trindade, Ana Carla Cavalcante Ferreira, Joanny Emanoelly Campos do Nascimento

Última alteração: 2022-01-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: A América Latina tem enfrentado, nos últimos anos, embates políticos e econômicos de proporções globais e locais, atreladas ao seu contexto sociopolítico. Dessa forma, a população venezuelana apresenta um delicado cenário socioeconômico justificando a imigração do povo Warao para o Brasil, mais especificamente para a região norte, também pela razão de ser um país fronteiriço. Entretanto, graves problemáticas têm configurado uma situação emergencial da assistência à saúde dessa etnia no Brasil, com ênfase na situação de mulheres Warao, sendo o enfermeiro o profissional a frente nessa realidade. Este trabalho tem como objetivo investigar cientificamente a Saúde da Mulher Indígena Venezuelana no estado do Pará sob a ótica do cuidar de Enfermagem a fim de contribuir para um redirecionamento futuro dos estudos nessa área e na assistência transcultural, humanizada e equânime desse grupo. RESULTADOS: Foi realizada uma revisão de literatura mediante verificação em bases de dados digitais, sendo essas: BVS, BVS IEC, SciELO, LILACS e MEDLINE. Os critérios de inclusão aplicados foram “warao” e “imigrantes venezuelanos”e “indígenas venezuelanos”, “Saúde da mulher” e “Enfermagem”  para o refinamento da amostra bibliográfica. Foram identificados 13 estudos relacionados à saúde da mulher Warao. Análises históricas apontam a mulher da etnia Warao em posição de inferioridade de gênero nessa comunidade, sendo responsável exclusivamente por trabalhos domésticos e maternos, preparação de alimentos e produção de artesanatos. Na Venezuela, a função social das mulheres é ser esposa. Há frequentes casos de violência verbal, psicológica e até mesmo física, praticada por seus maridos, apesar do amparo legislativo. Entretanto, a tendência de hierarquização social, fortalecida no país, neutraliza até mesmo os atos legais garantidos pelo governo. As relações sociais dessa população estão sujeitas a desigualdade e omissão, de forma que a saúde da mulher é largamente negligenciada, inclusive por elas próprias perante o viés cultural. No Brasil, mulheres Warao deslocam-se até os centros urbanos a fim de vender artesanato ou, majoritariamente, realizar mendicância nas ruas e a comunidade Warao encara tal atividade como uma forma válida e essencial de trabalho. Na mesma linha, a responsabilidade materna é mantida: levam junto consigo sempre suas crianças; situação delicada já que essas mulheres e crianças estão mais sujeitas a violência urbana em seus vários aspectos. Episódios de violência, parasitoses, infecções sexualmente transmissíveis, doenças crônicas não transmissíveis são os mais frequentes, entretanto, diferentemente do Cuidado prestado as brasileiras, já sistematizados e organizados biológica, social e culturalmente para seu atendimento,o mesmo não acontece com as mulheres Warao, e, ainda que o estivessem, essas mulheres ainda estão sujeitas ao preconceito e a xenofobia. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A enfermeira e antropóloga, Madeleine Leininger aponta o Cuidar Transcultural em Enfermagem, com a Teoria  da  Diversidade  e  Universalidade  do  Cuidado  Cultural, permitindo a compreensão da identidade multicultural e meios de mitigar a imposição, alienamento cultural e portanto, a desculturalização. A enfermagem transcultural deve ser integrada e operacionalizada, incorporando mecanismos de avaliação crítica de todos os entes envolvidos nos processos do Cuidar, principalmente as considerações dos objetos de prestação de cuidados: os usuários.