Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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SAÚDE DA MULHER INDÍGENA DA TRIBO VENEZUELANA WARAO NO PARÁ: UMA INVESTIGAÇÃO SOB A ÓTICA TRANSCULTURAL DA ENFERMAGEM
Última alteração: 2022-01-27
Resumo
APRESENTAÇÃO: A América Latina tem enfrentado, nos últimos anos, embates políticos e econômicos de proporções globais e locais, atreladas ao seu contexto sociopolítico. Dessa forma, a população venezuelana apresenta um delicado cenário socioeconômico justificando a imigração do povo Warao para o Brasil, mais especificamente para a região norte, também pela razão de ser um país fronteiriço. Entretanto, graves problemáticas têm configurado uma situação emergencial da assistência à saúde dessa etnia no Brasil, com ênfase na situação de mulheres Warao, sendo o enfermeiro o profissional a frente nessa realidade. Este trabalho tem como objetivo investigar cientificamente a Saúde da Mulher Indígena Venezuelana no estado do Pará sob a ótica do cuidar de Enfermagem a fim de contribuir para um redirecionamento futuro dos estudos nessa área e na assistência transcultural, humanizada e equânime desse grupo. RESULTADOS: Foi realizada uma revisão de literatura mediante verificação em bases de dados digitais, sendo essas: BVS, BVS IEC, SciELO, LILACS e MEDLINE. Os critérios de inclusão aplicados foram “warao” e “imigrantes venezuelanos”e “indígenas venezuelanos”, “Saúde da mulher” e “Enfermagem” para o refinamento da amostra bibliográfica. Foram identificados 13 estudos relacionados à saúde da mulher Warao. Análises históricas apontam a mulher da etnia Warao em posição de inferioridade de gênero nessa comunidade, sendo responsável exclusivamente por trabalhos domésticos e maternos, preparação de alimentos e produção de artesanatos. Na Venezuela, a função social das mulheres é ser esposa. Há frequentes casos de violência verbal, psicológica e até mesmo física, praticada por seus maridos, apesar do amparo legislativo. Entretanto, a tendência de hierarquização social, fortalecida no país, neutraliza até mesmo os atos legais garantidos pelo governo. As relações sociais dessa população estão sujeitas a desigualdade e omissão, de forma que a saúde da mulher é largamente negligenciada, inclusive por elas próprias perante o viés cultural. No Brasil, mulheres Warao deslocam-se até os centros urbanos a fim de vender artesanato ou, majoritariamente, realizar mendicância nas ruas e a comunidade Warao encara tal atividade como uma forma válida e essencial de trabalho. Na mesma linha, a responsabilidade materna é mantida: levam junto consigo sempre suas crianças; situação delicada já que essas mulheres e crianças estão mais sujeitas a violência urbana em seus vários aspectos. Episódios de violência, parasitoses, infecções sexualmente transmissíveis, doenças crônicas não transmissíveis são os mais frequentes, entretanto, diferentemente do Cuidado prestado as brasileiras, já sistematizados e organizados biológica, social e culturalmente para seu atendimento,o mesmo não acontece com as mulheres Warao, e, ainda que o estivessem, essas mulheres ainda estão sujeitas ao preconceito e a xenofobia. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A enfermeira e antropóloga, Madeleine Leininger aponta o Cuidar Transcultural em Enfermagem, com a Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural, permitindo a compreensão da identidade multicultural e meios de mitigar a imposição, alienamento cultural e portanto, a desculturalização. A enfermagem transcultural deve ser integrada e operacionalizada, incorporando mecanismos de avaliação crítica de todos os entes envolvidos nos processos do Cuidar, principalmente as considerações dos objetos de prestação de cuidados: os usuários.