Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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114 dias de UTI, 4 dias de Cuidados Paliativos: precisamos falar de cuidado para quem ainda vive e a oferta da boa morte
Suellen Vidal Werner, Magda de Chagas Souza

Última alteração: 2022-01-26

Resumo


Apresentação: O objetivo deste relato de experiência é provocar reflexões sobre o melhor momento de implementação de medidas paliativas que visam minimizar o sofrimento dos pacientes com doença crônica não transmissível, principalmente o câncer em fase metastática. A metodologia utilizada é um relato de experiência com uso imersivo na memória e elaboração narrativa a partir da vivência de uma das autoras, onde a vivência foi revisitada e elaborada experiência e a partir daí a compreensão do problema emergido no trabalho. O local foi uma unidade de Terapia Intensiva de um hospital público da região Serrana Fluminense do estado do Rio de Janeiro. Descrição da Experiência: No ano de 2018, no período de janeiro a maio, ocorreu em um hospital público, uma internação de uma paciente do sexo feminino, de 87 anos, com diagnóstico de câncer metastático, que permaneceu por 114 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva, a mesma era moradora de outro município da região metropolitana Fluminense deste estado. Durante a internação, os familiares por morarem distante do local do hospital, raramente acompanhavam as visitas e conversas médicas, o que dificultou as decisões para algumas intervenções devido à falta de comunicação entre equipe-família, sobre qual conduta deveria ser adequada e realizada, já que a paciente não tinha mais consciência sobre sua própria saúde. As parentelas por aparecerem eventualmente, quando presentes, tinham o discurso de salvar e realizar todas as intervenções possíveis, mesmo sabendo da doença avançada. Durante a hospitalização, ela recebeu por 110 dias cuidados terapêuticos com intenção curativa, com diversas abordagens, dentre elas, múltiplos esquemas antibióticos, trocas de acessos venosos profundos para infusão de drogas vasoativas, sedativas, antibióticos e outras medicações, instalação de sondas para quantificar a diurese e cateter para alimentação, prótese ventilatória para suporte de oxigênio, além de inúmeros exames, e após este tempo, foi discutido com os familiares sobre prognóstico e mudança do foco do tratamento, de curativo para a qualidade e conforto, e então após o entendimento e autorização, foi iniciado os cuidados paliativos, com propósito em medidas de conforto e priorização da qualidade de vida, depois de 04 dias do início da paliação ela veio a óbito. Durante todo período, foram direcionados diversos argumentos a família para medidas de conforto e sem êxito causava desconforto na equipe em saber que havia um prolongamento por parte dos familiares. Considerações Finais: Após o óbito, a experiência resultou em rounds com discussão do caso, onde foi questionado sobre o tempo para opção da paliação, e foi decidido entre a equipe multidisciplinar, que os próximos pacientes nesta mesma esfera, seriam precocemente avaliados juntos aos familiares com conversas a fim de que, os pacientes nestas condições não fossem submetidos a tantas invasões. Pressupõe-se que o tempo para o início dos cuidados paliativos deve ser avaliado o mais precocemente possível e assim proporcionar conforto e dignidade ao paciente hospitalizado com diagnóstico de câncer com metástase.