Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Estágio voluntário na campanha de vacinação contra a COVID-19 no município de Viçosa-MG: relato de experiência de estudantes de graduação em Enfermagem
Renata Oliveira Caetano, Daniel Reis Correia, Laís Sousa da Silva, Isis Milani de Sousa Teixeira, Juliana Cantele Xavier, Deíse Moura de Oliveira, Tiago Ricardo Moreira, Bruno David Henriques

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


Apresentação: O vírus SARS-COV-2, também conhecido como COVID-19 foi identificado pela primeira vez na China, em dezembro de 2019 e rapidamente se espalhou por todo o continente. Em janeiro de 2020, frente à rápida disseminação do vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a epidemia configurava-se uma emergência de saúde pública. Diante dos desdobramentos, em março de 2020, em virtude do crescimento exponencial dos casos numa dimensão intercontinental, deflagrou-se a pandemia da COVID-19. No Brasil, o primeiro caso de contaminação foi confirmado em fevereiro de 2020, em um residente do estado de São Paulo. No primeiro momento da doença no território brasileiro os casos eram importados. No entanto, em menos de um mês após confirmação do primeiro caso, a disseminação do vírus já se tratava de uma transmissão comunitária em várias cidades brasileiras. Diante da elevada taxa de mortalidade e dos desafios inerentes pela pandemia de COVID-19 foi necessário a conscientização da população para adoção de protocolos sanitários, a fim minimizar a propagação do vírus, a exemplo da lavagem adequada das mãos, distanciamento social, uso correto de máscaras, além da necessidade do rápido desenvolvimento de vacinas eficazes para a imunização em massa da população. Com isso, após cerca de um ano de pandemia, o Brasil iniciou tardiamente a campanha de vacinação contra a COVID-19, sendo necessário um contingente maior de profissionais da saúde para trabalharem nessa linha de frente de combate à pandemia. Parcerias com instituições de ensino superior da área da saúde, especialmente da Enfermagem, tem se configurado desde então como iniciativas exitosas no incremento de recursos humanos para o avanço da vacinação no país, seja por meio de docentes/profissionais de nível técnico e superior da saúde ou através da força-tarefa realizada por estudantes de graduação da saúde.  Ante o exposto, o presente trabalho objetiva relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem que atuaram voluntariamente na campanha de vacinação contra a COVID-19 no município de Viçosa-MG. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência de discentes do curso de Enfermagem, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que atuaram voluntariamente na campanha de vacinação contra a COVID-19 na cidade de Viçosa-MG, no período de junho a outubro de 2021. No referido município, a campanha de vacinação iniciou-se em 21 de janeiro de 2021 e com o aumento da demanda da vacinação iniciou  o ingresso de estagiários voluntários na equipe, provenientes majoritariamente do curso de Enfermagem da UFV. A coordenação da vacinação ficou a cargo da Prefeitura Municipal de Viçosa (PMV), em parceria com a universidade. Conforme o estipulado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), os profissionais de saúde foram os primeiros a serem vacinados, seguidos dos demais grupos prioritários que apresentavam comorbidades e, por fim, a população geral.  As ações de imunização passaram a ocorrer no Campus da UFV devido ao aumento da demanda e a necessidade de mais espaço para a realização do trabalho. Espaços como o Multiuso e a Divisão de Saúde da universidade passaram a receber a população por meio de drive-thru e a pé para a realização da imunização. As equipes para o drive-thru eram compostas por um enfermeiro responsável por administrar a vacina, um voluntário no preenchimento do cartão de vacina e apoio ao enfermeiro e mais dois voluntários responsáveis por verificar os documentos necessários e fornecer orientações. Já na vacinação a pé as equipes possuíam dois enfermeiros responsáveis por administrar a vacina e mais três voluntários na verificação das documentações necessárias, preenchimento do cartão de vacina e no esclarecimento de dúvidas e demais orientações. O cronograma e o planejamento quanto ao público alvo, dia, hora e lugar de vacinação ficou sob a responsabilidade da PMV - desde a elaboração à divulgação  semanal do calendário das atividades -, considerando o recebimento de doses da vacina nos veículos de comunicação de referência. Já a escala semanal e coordenação da equipe de trabalho, ficou ao encargo de docentes da UFV envolvidos  com a coordenação dos cursos da saúde. Os estagiários voluntários, em sua maioria estudantes do curso de Enfermagem da UFV, atuavam na triagem de documentação, no preenchimento do cartão de vacina, na orientação sobre contra indicação do imunizante e possíveis efeitos adversos pós-vacinação, eficácia da vacina aplicada e esclarecimento de dúvidas em geral. A administração do imunizante era realizada exclusivamente pelos profissionais enfermeiros escalados, sejam docentes do curso de Enfermagem ou funcionários da Prefeitura Municipal de Viçosa. Resultados: O referido município obteve o menor número de mortes entre os municípios da Zona da Mata mineira, além do índice mais baixo de contaminação do país. A inserção de mais pessoas na equipe de vacinação foi fundamental para aumentar a eficiência do trabalho, que contribuiu para a imunização de um maior número de pessoas em um menor intervalo de tempo. Além disso, foi possível notar uma melhora no diálogo da população com a universidade, assumindo esta um compromisso social de relevância no contexto pandêmico. Evidenciou-se por meio de pesquisas científicas e observação empírica os benefícios da parceria entre a UFV e a PMV, demonstrando o papel fundamental exercido por uma universidade comprometida com a ciência e a comunidade onde está inserida. Cabe ressaltar que a vivência supracitada possibilitou aos estagiários voluntários o desenvolvimento de competências, como tomada de decisão, liderança, aprimoramento de habilidades, gerenciamento de conflitos, trabalho em equipe, organização, planejamento e aperfeiçoamento acadêmico e profissional. Os envolvidos atuaram diretamente no esclarecimento de dúvidas e fornecimento de orientações sobre a vacinação contra a COVID-19, contribuindo para o aumento da adesão da população, e, consequentemente reduzindo a taxa de mortalidade da doença no município, que até 12 de janeiro de 2022 registrava 139 mortes pela doença. Considerações finais: A vacinação é essencial para enfrentar a pandemia e estatísticas mostram sua contribuição para a diminuição na taxa de mortalidade pela COVID-19. Dessa forma, a atuação dos estudantes voluntários na prática da vacinação constituiu uma experiência enriquecedora para a formação acadêmica e também pessoal. Para além da dimensão formativa evidencia-se a importância de, como estudantes de uma universidade pública, tal experiência possibilitar aos estudantes exercerem seus papéis de cidadãos, protagonistas  na linha de frente desta importante ação no controle da pandemia e devolvendo à sociedade, em forma de conhecimento aplicado à realidade, todo o investimento envolvido para que estejam tendo a oportunidade de estudar em uma universidade pública, gratuita e de qualidade.