Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PANORAMA DA SÍFILIS GESTACIONAL NO ESTADO DO PARÁ UM RECORTE DE 2015-2021
Brenda Caroline Martins da Silva, Maria Luiza Maués de Sena, Ana Larissa Lobato de Freitas, Amanda Loyse da Costa Miranda, Ingrid Cristina Siraides dos Anjos, Wanderson Santiago de Azevedo Júnior, Flavine Evangelista Gonçalves Evangelista Gonçalves, André Ítalo da Silva Santos

Última alteração: 2022-01-20

Resumo


Apresentação: Conhecer o cenário da sífilis gestacional no Pará, é de grande relevância para a saúde pública do estado, neste sentido, tal problemática tem gerado um olhar mais atencioso para vigilância das gestantes pelos profissionais de saúde. A sífilis é uma doença sexualmente transmitida, que representa um agravante na saúde pública, pois atinge potencialmente a vida de milhões de indivíduos. Apesar de possuir tratamento e cura, corresponde, juntamente com a clamídia, tricomoníase e gonorreia, a uma média de um milhão de novas infecções diariamente no mundo, entre mulheres e homens de 15 a 49 anos. Um impacto direto ocorre especialmente em gestantes, onde, se não tratada durante a gestação, resulta em consideráveis números de óbitos fetais e neonatais precoces. A sífilis congênita possui altas taxas de transmissão vertical, principalmente em suas fases primária e secundária, onde o risco de transmissão varia de 90% a 100%. No ano de 2020 foram notificados pelo SINAN mais de 60 mil casos de sífilis em gestantes brasileiras e como forma de monitorar e investigar melhor a incidência e prevalência da doença durante a gestação, bem como reunir e organizar dados para facilitar o planejamento e intervenções que reduzam o número de grávidas com a patologia ou as consequências da mesma, a notificação compulsória passou a ser obrigatória desde o ano de 2005 para a sífilis gestacional. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem realizado grande esforço na eliminação da transmissão vertical da sífilis ao redor do mundo. Isso se dá pelo incentivo aos países na adoção de uma maior cobertura nos serviços de saúde materno-infantil, disposição de testes rápidos, intervenção imediata mediante resultado positivo, assim como aconselhamento da gestante e do parceiro durante a gestação. Uma parceria estratégica entre Brasil e OMS tem tentado mudar o cenário epidemiológico no país por meio da cobertura da assistência ao pré-natal na nação, que chaga a 90%, visando a intervenção na cadeia de transmissão vertical em tempo oportuno. Estudos apontam que, tal estratégia obteve avanços, entretanto as desigualdades sociais presentes nas regiões brasileiras, implicam no acesso aos serviços de saúde, interferindo no combate à infecção. No Brasil, apesar de o tema ser discutido, há poucos estudos que abordam a epidemiologia da doença em vários lugares do país. Assim, faz-se necessário entender o cenário epidemiológico de gestantes com sífilis, uma vez que, a partir disso, são elaboradas políticas públicas para o combate a este agravo. Deste modo, o presente trabalho tem por objetivo analisar o perfil epidemiológico da sífilis em gestantes no período de 2015-2021 no estado do Pará. Método: Estudo epidemiológico descritivo, quantitativo, com dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A pesquisa foi realizada no Pará- Amazônia brasileira- utilizando como instrumento de coleta de dados as seguintes variáveis: raça, faixa etária, evolução da doença e classificação clínica. Neste estudo, realizou-se levantamento bibliográfico em base de dados eletrônicos, tais como: SciELO, Google Acadêmico, LILACS e manuais do Ministério da Saúde como subsídios para a pesquisa. Os dados são de domínio público e foram exportados para o Software Excel para tabulação quantitativa. Resultados: Os resultados revelam que no Pará foram contabilizados 12.347 casos de sífilis. Mediante a isto, observou-se a tendência de crescimento até o ano de 2019, tendo este ano como o representante de maior número de casos 1.589 (19%) e em segundo lugar o ano de 2020 com 1,521 infectados (18%). No ano de 2021 houve um declínio significativo 871 (11%), supõe-se que esta diminuição esteja relacionada tanto às prováveis subnotificações e também ao reflexo da pandemia do novo Coronavírus. Quando analisado a raça desses indivíduos, o índice de maior predomínio de contaminação deu-se em mulheres pardas com 86% (10.088) dos diagnósticos no estado, seguidas de brancas com 8% (887), negras constituindo 763 (6%) e com o menor índice em indígenas com apenas 39 casos neste intervalo de tempo entre 2015-2021. À vista disso, a raça parda é a mais acometida de sífilis gestacional no Pará, tendo como fator a baixa escolaridade materna e o pré-natal inadequado, apontando que a desigualdade social se relaciona a um desfecho preocupante e potencialmente previsível como a sífilis em gestantes. Observou-se uma predominância de 70% (8.441) em mulheres na faixa etária entre 20-39 anos no período estudados. Além disso, destaca-se a baixa escolaridade na população estudada, haja vista que no intervalo estudado apenas 33,02% do grupo de gestantes diagnosticadas com sífilis concluíram o ensino fundamental. Em relação à evolução da infeção, 99% das gestantes apresentaram cura durante o tratamento da sífilis gestacional, devido a adesão completa do tratamento. Evidenciou-se também que a classificação primária destaca-se como a forma de infecção da sífilis em gestantes mais comum com 70% dos casos, enquanto que as formas secundárias e latentes representam 21% e 9% dos diagnósticos respectivamente. Considerações Finais: O estudo aponta uma alta prevalência de casos de sífilis gestacional no Pará. A análise do perfil epidemiológico dos casos de sífilis gestacional na região de 2015 a 2021, a partir de um estudo quantitativo e descritivo, com os dados do SINAN, permitiu a visualização de que mulheres pardas são as mais afetadas e com altos índices de parceiros sexuais não tratados. Apesar da diminuição de casos no ano de 2021, há uma possível relação com a subnotificação a pandemia da COVID-19.  Embora, a evidência de dados numéricos acerca da sífilis gestacional seja importante, os acompanhamentos da evolução dos quadros ainda precisam que sejam notificados, além do reforço da diminuição dos fatores de risco. neste sentido faz-se necessário ações de investigação epidemiológica, onde objetive a qualificação da ficha de notificação; educação permanente junto às equipes; e decisões e ações estruturais e de processo de trabalho, bem como uma atenção à assistência ao pré-natal de qualidade e humanizada. É considerável também que os profissionais de saúde e os gestores compartilhem responsabilidades para o enfrentamento da doença, garantindo o rastreamento, o diagnóstico, a notificação e o tratamento precoce, além do desenvolvimento de ações intersetoriais voltadas principalmente para a prevenção da doença em gestantes. Ligada a estas ações, a educação em saúde deve estar presente nas diversas atividades dos profissionais nas instituições de saúde, a fim de proporcionar a troca de informações com os usuários sobre a doença e suas implicações durante a gestação e nascimento do bebê. Tais estratégias permitem discutir a transmissão vertical e orientar investigações complementares e encaminhamentos junto aos serviços e profissionais de saúde.