APRESENTAÇÃO:

O Produto de Comunicação para Educação em Saúde visa disseminar conhecimentos em saúde, contribuir para autonomia e cuidado em saúde e aprimorar o diálogo com os profissionais da área. A semiótica de origem francesa, iniciada por Algirdas Greimas, dedica-se ao estudo do conteúdo e arquitetura, ou seja, como o texto se organiza para expressar o conteúdo. A partir dessa teoria, estruturou-se o conteúdo do projeto de educação em saúde com objetivo de disseminar informações sobre a estrutura do SUS.

OBJETIVO:

Expor resultados quanto ao alcance de contas, faixa etária e localização geográfica dos usuários que acessaram um produto de comunicação de educação em saúde sobre a estrutura do SUS no Instagram.

MÉTODO:

A partir de palestras promovidas pela Unidade de Prática Profissional do curso de medicina de uma instituição federal de ensino superior (IFES), localizada no estado de São Paulo, os estudantes do primeiro ano entraram em contato com profissionais de diferentes níveis de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Estes profissionais foram convidados para plenárias, que ocorreram virtualmente. Diante da problemática relatada de que grande parcela da população, especialmente entre 18 e 35 anos, não compreendia a estrutura do SUS, os processos de referência e contrarreferência e que tal desconhecimento atrapalhava o sistema de saúde local, associada a proposta dos facilitadores de produção de material educativo, foi pensado um produto de comunicação em educação em saúde. Dez estudantes realizaram discussões para decidir o projeto que seria mais adequado para a demanda, complementarmente, participaram de uma plenária com três profissionais que empregavam diferentes estratégias para a comunicação em saúde. A primeira decisão foi realizada a partir de uma votação interna e com 50% dos votos foi decidido o objetivo do projeto: difundir os níveis de atenção à saúde para adultos de 18 e 35 anos e contribuir para maior autonomia dos usuários do SUS, oferecendo informações do sistema de saúde que lhes és de direito, auxiliando nos diálogos com os profissionais da saúde. Considerando o objetivo de impactar a faixa etária relatada, foi pensado o uso da ferramenta Instagram. A partir disso, 40% dos membros escolheram o nome  “DesvendandoSUS” e outros 40% optaram por “Para onde eu vou?, assim surgiu “DesvendandoSus: para onde eu vou?”. O perfil foi elaborado para divulgar informações confiáveis, de maneira simples e objetiva, aproveitando a dinamicidade da rede social escolhida. A divisão de tarefas foi essencial para que as informações publicadas fossem baseadas em pesquisa qualificada e para a formação de uma equipe responsável pela identidade visual. As informações foram produzidas de outubro a dezembro de 2021, orientadas pela facilitadora e validadas pela especialista em comunicação em saúde e organizadas em postagens textuais e Reels, uma ferramenta de grande alcance para expor vídeos, atuações e danças. A diagramação foi baseada em uma paleta de cores: verde representa saúde e juventude, o que se relaciona diretamente ao conteúdo das publicações do perfil e ao público alvo; o azul indica confiança e simpatia, o que dialoga com o objetivo de aproximar as informações dos usuários; já o roxo está associado à criatividade e o tom de cinza se relaciona à tecnologia. Houve também a preocupação em promover acessibilidade para os deficientes visuais e utilizou-se a estratégia descritiva (#paracegover), onde a mensagem escrita, por meio de aplicativos, se torna audível, maximizando a acessibilidade.

RESULTADOS:

O  “DesvendandoSUS: para onde eu vou?” foi lançado em 23/11/2021 e até o dia 11/01/2022 obteve, sem o uso de anúncios, 12913 contas alcançadas. Foram feitas nove publicações, cinco imagens com textos informativos e quatro vídeos para o Reels. Antes da publicação, houve a validação das postagens por especialista em comunicação, de modo que a linguagem fosse adequada e acessível ao público-alvo. Os posts informativos foram divididos em quatro eixos: (1) apresentação do perfil, (2) Atenção Primária à Saúde (APS), (3) Atenção Secundária à Saúde e (4) Atenção Terciária à Saúde. A primeira publicação dedica-se ao eixo (1) e explica os objetivos do perfil e esclarece que o produto foi feito por estudantes de medicina do primeiro ano. A segunda e terceira publicação estão no eixo (2) e explicam a APS, as unidades e serviços que a compõem. A quarta publicação, relacionada ao eixo (3), explica as unidades e serviços da atenção secundária e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e a quinta publicação, se insere no eixo (4) e informa sobre a atenção terciária à saúde. Os Reels aumentaram os acessos à conta e abordaram: no primeiro, as dúvidas diante de tantos conceitos relacionados ao SUS e para chamar a atenção utilizou-se a música Help! dos Beatles; no segundo, expôs termos relacionados às unidades da APS; no terceiro mostra as unidades que compõem o nível secundário e destaca o SAMU e no quarto, apresenta divertidamente, a alta complexidade ao mostrar os níveis de atenção personificados e preocupados pela não resolutividade, que é alcançada apenas no terciário. Quanto ao público que acessou os conteúdos, 94.9% foram de brasileiros, 1.6% português, 0.6% alemão e 0.6% turco; ressalta-se que houve acesso em outros países, entretanto, não alcançaram o mínimo para serem apresentados pelo aplicativo. Dentre as principais localidades no Brasil que acessaram o perfil, 8.9% eram de São Paulo, 2.1% do Rio de Janeiro, 1.6% de Fortaleza, 1.6% de Curitiba e as demais localidades não alcançaram o mínimo de 1% para serem consideradas principais. A porcentagem de acesso pela faixa etária dos usuários das contas foi: 11.4% entre 13 e 17 anos, 46.9% entre 18 e 24 anos, 27.4% entre 25 a 34 anos, 8.4% de 35 a 44 anos e os 5.9% restante correspondem ao público com idades diferentes das faixas etárias consideradas; isso implica em dizer que o perfil atingiu o público esperado, pois 74.3% dos usuários tinham idade entre 18 e 35 anos. Destaca-se que nas publicações escritas havia apelo para que os leitores atuassem como multiplicadores do conhecimento. Os questionamentos surgidos foram respondidos pelos estudantes e em caso de dúvidas, estes consultaram especialistas. O perfil se mantém ativo por meio de stories, uma estratégia para melhorar o alcance, pois relembra usuários de curtir, comentar e compartilhar as publicações, alcançando contas novas.

CONSIDERAÇÃO FINAL:

Os resultados demonstraram que a ferramenta Instagram foi adequada para disseminar informações sobre os níveis de atenção à saúde de uma forma objetiva e dinâmica, pois houve um acesso significativo dentro da faixa etária pretendida. Apesar do objetivo ter surgido de uma demanda relatada por profissionais de uma localidade, o assunto gerou interesse por pessoas de diferentes partes do Brasil, o que é pertinente, pois a estrutura e os processos de referência e contrarreferência dizem respeito a todo país e não somente à realidade local do projeto. Um ponto importante e que merece outros estudos é verificar a ocorrência do efeito multiplicador do conhecimento, pois diante de informação acessível, espera-se que haja maior engajamento em defesa do SUS. Essa experiência impactou a aprendizagem dos estudantes, pois foi necessário aprofundar conhecimentos sobre o SUS, dominar conceitos tecnológicos para a construção de um perfil no Instagram e desenvolver linguagem adequada e dinâmica para um meio de comunicação, aspectos importantes para a prática profissional em Medicina.