Apresentação: a população mundial passa, no decorrer de sua história, por inúmeras mudanças em suas atividades diárias, isso se deve a interferências que podem acontecer como fatores externos ao ambiente domiciliar. Essas influências podem estar relacionadas a situações naturais, ambientais, sociais, culturais, relacionadas à segurança e saúde. No ano de 2019, um fator externo surpreendeu a população mundial. Os quase dois anos acometidos pela pandemia por Coronavírus levaram os setores administrativos e governamentais, das três esferas de poder, a negociar, pensar e muitas vezes “impor” medidas restritivas e protetivas para os territórios. Assim começou uma verdadeira “corrida” pela prevenção do risco de infecção e disseminação da Covid-19. O aumento exponencial do acometimento e adoecimento populacional trouxe como consequência a superlotação dos serviços de saúde, ocasionando o colapso dos mesmos em muitos locais. Não diferente de muitos países, em território nacional, a população manteve-se em isolamento social por um longo período. Essa estratégia buscava minimizar a circulação da população, diminuindo o contato social e assim o risco de (re)infecção. Pensando nesta nova realidade vivenciada pelos idosos, este estudo busca relatar o desenvolvimento de um aplicativo para dispositivo móvel que teve o objetivo de oferecer suporte social à população idosa em isolamento, levando informações confiáveis e novas estratégias para auxiliar de forma lúdica a vivenciar esse momento de crise. Dentre o material de acesso online, encontra-se a parte relacionada à Arte e Cultura para pessoas idosas.

Desenvolvimento do trabalho: além dessa estratégia de controle/proteção, o isolamento social ocasionou mudanças significativas na rotina das pessoas. Assim, uma parcela significativa da população acabou por ampliar seu tempo de permanência e suas atividades diárias restritas ao ambiente doméstico. Dentre estas populações estão as pessoas idosas, público-alvo desta ação extensionista realizada nos meses de setembro a dezembro de 2020, com idosos de uma área de abrangência do território de um Centro de Saúde da Família na Atenção Primária à Saúde do município de Chapecó, região oeste de Santa Catarina. Ao considerar os idosos, tem-se em mente aqueles indivíduos com idade igual ou superior a sessenta anos. Sabe-se que este público vivenciou os impactos e alterações considerados normais do processo de envelhecimento, que se diferenciam do comprometimento ocasionado pelos altos índices de vulnerabilidade, situações agudas e crônicas de saúde e demais fatores.

Resultados e Impactos: durante o período pandêmico, o aplicativo foi manuseado pelos profissionais do serviço como estratégia de promoção da saúde veiculada para mais 1.300 idosos presentes no território. Este público, sendo considerado como uma parcela vulnerável da população, apresentou riscos elevados de contaminação e dificuldade de estabilização da situação de saúde, devido ao comprometimento da resposta do sistema imunológico ao processo de infecção por Coronavírus. Sendo assim, através da legislação e diretrizes clínicas há a busca por estratégias de proteção da população idosa, considerando o cenário mundial e os problemas que acometem esta população em situações pré-pandemia. Vale destacar que algumas problemáticas foram potencializadas neste momento pandêmico, como fatores relacionados ao medo, ansiedade, frustração, tristeza, comprometimento mental, isolamento e reclusão domiciliar. Com a população restrita ao ambiente residencial, o desenvolvimento deste aplicativo permitiu aos acessantes realizar visitas de forma digital e gratuita aos diferentes museus do mundo vinculados ao aplicativo e assim ampliando a aproximação desta população aos mecanismos culturais locais e dos grandes centros culturais mundialmente conhecidos. Essa estratégia permitiu, mesmo que online, amenizar o sentimento de isolamento social, permitindo o (re)conhecimento da arte como uma forma de compor a rotina de reclusão. A ideia de incentivar/estimular/proporcionar o acesso de forma fácil a diferentes formas de arte e cultura dá-se por considerar, além de  aspectos físicos e psicossociais, os fatores culturais e históricos como importantes aspectos de influência na forma de expressão, qualidade de vida e adaptação à nova rotina. Esses fatores contribuem com o desenvolvimento do indivíduo, considerando o estímulo intelectual e cognitivo provocado pela utilização de novas tecnologias e o próprio acesso a novos saberes. A autonomia da pessoa idosa, vai além de considerá-lo no seu ciclo de vida, pois os saberes culturais, artísticos e sociais fazem parte da construção do indivíduo por toda sua vida. Também tem influência na reação ao processo de mudança e resiliência necessários para a alteração de hábitos e impactos dos efeitos pandêmicos. O isolamento social acabou por ocasionar o ócio de muitas pessoas e a aproximação com novas culturas e experiências artísticas visa minimizar os efeitos negativos da quietação ocasionada pela reclusão. Não pode ser descartada que a aproximação com os elementos artísticos possa despertar o interesse pela temática, e assim, o interesse pode ser aproveitado como estratégia de saúde nos grupos destinados à prevenção de agravos. O desenvolvimento de atividades artísticas pode auxiliar tanto na melhora motora dos indivíduos como no desenvolvimento das atividades, quanto nos fatores psicológicos através da expressão de sentimentos. Esta estratégia além de criativa, iniciada com o desenvolvimento do aplicativo para aproximação da população idosa com a cultura e arte, proporciona o sentimento de autonomia do indivíduo e pode contribuir para o fortalecimento da rede de apoio, através da troca de saberes e desenvolvimento das atividades de promoção de saúde. Assim, avaliando o que foi exposto, consideramos que o período de isolamento social teve grande impacto no cotidiano da população mundial, principalmente dos idosos. Por outro lado, esse mesmo período propiciou um espaço para (re)significar novas estratégias de vivências, tais como: o convívio familiar, as atividades desenvolvidas em ambiente doméstico, a prática de novos saberes, novos filmes e livros, meditação, dentre outras atividades como forma de minimizar o estresse ocasionado pelo período, bem como promover espaços de aprendizagem e construção de conhecimento.

Considerações finais: espera-se que este aplicativo, em especial o espaço destinado a Cultura e Arte, possa ter contribuído durante a vivência de isolamento social de forma a romper as barreiras geográficas e de reclusão, potencializando assim a busca por conhecimento artístico e aproximação com a história da humanidade através do material exposto nos museus e acessados de forma online. Também se espera que este material seja utilizado no período pós-pandemia, como forma de complementação e construção de conhecimento, em especial da população idosa, como forma de significar as vivências deste momento pandêmico de forma criativa. Nesse contexto, os profissionais de saúde, além de contribuírem para que o idoso (re)significasse a nova vivência, podiam utilizar de novas estratégias para se “reinventar” quanto para promover saúde, buscando aproximar a realidade da pandemia com o indivíduo de forma a contribuir no entendimento e vivência deste período, como a romper as barreiras geográficas através da utilização das tecnologias disponíveis.