Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Estratégias para adesão da gestão ao pré-natal odontológico: experiência de um município de pequeno porte no Espírito Santo
André dos Santos Wagmacker, Camila Rocha Ataíde Quaresma, Carolina Dutra Degle Esposti, Thiago Dias Sarti

Última alteração: 2022-01-31

Resumo


Apresentação: Trata-se de um relato de experiência da Secretaria Municipal de Saúde de Mucurici, Espírito Santo com o objetivo de aumentar a adesão das gestantes do município ao pré-natal odontológico. Segundo dados do Previne Brasil do quadrimestre de 2021, apenas 35% das mulheres, usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), realizaram ao menos uma consulta odontológica durante a gestação. Apesar da limitação deste indicador para medir a qualidade do serviço prestado, esse resultado mostra a necessidade de aperfeiçoamento nas metodologias utilizadas para alcançar esse público.

Desenvolvimento do trabalho: Na primeira etapa do projeto, foram discutidas as dificuldades relatadas pelas usuárias gestantes do SUS referentes à procura e ao acesso ao atendimento, tais como dificuldades com transporte, agendamento de consulta em horários inadequados, baixo estímulo ao auto cuidado e medo/receio quanto ao tratamento odontológico poder interferir negativamente na saúde do feto. Para tentar contornar as dificuldades encontradas neste cenário, foi discutido, multiprofissionalmente, na equipe de Estratégia de Saúde da Família I (eSF), estratégias que poderiam aumentar a adesão ao cuidado pré-natal integralmente. Dentre as estratégias propostas estão: 1) marcação de consultas no mesmo horário para os cônjuges/parceiros/filhos; 2)  encaminhamento pelo médico/enfermeiro ao tratamento odontológico; 3) garantir a primeira avaliação da gestante em demanda espontânea; 4) reservar vagas para atendimento espontâneo nos dias de pré-natal médico; 5) esclarecimento quanto aos mitos e  dúvidas que as mulheres têm quanto a uma possível contraindicação de atendimento odontológico no período gestacional; 6) agendamento consultas para os dias em que a mulher já estiver programada para comparecer à unidade; 7) realização de busca ativa das faltas às consultas de pré-natal odontológico com a colaboração dos Agentes Comunitários de Saúde; e 8) confirmação das consultas por Whatsapp. Essas estratégias foram testadas e adaptadas no contexto de uma Unidade Básica de Saúde do município, de acordo com a resposta positiva na adesão ao tratamento.

Resultados: Os resultados dessas ações mostram que, após a implantação das estratégias, foi observado um imediato aumento na adesão ao tratamento odontológico por parte das gestantes e que os parceiros/cônjuges tiveram uma maior participação no pré-natal, proporcionando uma maior segurança para a mulher. Além disso, muitos mitos e “crenças culturais” negativas foram refutadas. Evidencia-se que as estratégias fortificaram a relação profissional/paciente, de forma a amenizar os impactos da pandemia sobre a adesão ao pré-natal odontológico neste município. Destaca-se que o resultado foi tão positivo, que as estratégias foram replicadas nas demais Unidades Básicas de Saúde.

Considerações: Considera-se, por fim, que, apesar da adesão da mulher ao pré-natal odontológico continuar sendo um grande desafio no Brasil, a implementação de estratégias, como as propostas neste trabalho podem diminuir as iniquidades em saúde existentes no SUS. Obviamente, entende-se que a proposta não se trata de uma “panaceia”, mas que cada gestor deve buscar aquelas estratégias que sejam mais apropriadas para sua localidade, levando em consideração os aspectos sociais, econômicos, geográficos e culturas de sua população.