Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-18
Resumo
Apresentação e o objetivo: O diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) são doenças crônicas complexas, consideradas grandes epidemias mundiais do século 21 e problemas de saúde pública, pelas elevadas prevalência e morbimortalidade associadas a elas. A incidência e a prevalência são crescentes no Brasil e no mundo, principalmente pelo estilo de vida atual, caracterizado pela inatividade física e por hábitos alimentares, que predispõem ao acúmulo de gordura corporal; pelo envelhecimento populacional e por avanços no tratamento das doenças. A Hipertensão Arterial (HA) é uma condição clínica causada por vários fatores, caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos da pressão arterial (≥ 140 e/ou 90 mmHg). Geralmente está associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes mellitus (DM). O Diabetes mellitus (DM) é um relevante e crescente problema de saúde para todos os países, independente do seu grau de desenvolvimento. O aumento da prevalência do diabetes está associado a diversos fatores, dentre eles, rápida urbanização, transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentário, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e, também, à maior sobrevida dos indivíduos com diabetes. O conhecimento da população deve ser também quantitativo, possibilitando a programação da atenção de acordo com as necessidades desta população. Os parâmetros epidemiológicos de prevalência e incidência indicam a necessidade de saúde expressa em número de pessoas com condição de saúde na população geral do território, m 2019, o IDF (International Diabetes Federation) estimou que 9,3% (IC95%: 7,4-12,1) da população mundial com 20 a 79 anos de idade tivessem diabetes. O Vigitel 2019 apontou que 7,4% das pessoas entrevistadas referiram diagnóstico médico de diabetes no conjunto da população adulta (≥18 anos) das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal, variando de 4,6% em Porto Velho a 8,6% em Porto Alegre. O DM2 corresponde a 90%-95% de todos os casos de DM. Embora a prevalência de DM1 esteja aumentando, corresponde a apenas 5%-10% de todos os casos de DM. HAS No Brasil, HA atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por DCV. O Vigitel de 2019 apontou que 24,5% das pessoas entrevistadas referiram diagnóstico médico de hipertensão no conjunto da população adulta (≥18 anos) das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal, variando de 16,9% em São Luís a 28,5% no Distrito Federal. Cada Unidade Básica de Saúde da Família tem um quantitativo considerável da população geral, que tem o diagnóstico de HAS e/ou DM e garantir o cuidado adequado deste público é necessário para melhorar a sua qualidade de vida. Desta forma, o objetivo do estudo é descrever a experiência da criação de um instrumento de uso multidisciplinar que visa à organização e monitoramento do cuidado de hipertensos e diabéticos assistidos em uma Unidade Básica de Saúde. Descrição da experiência: Mediante proposta da tutoria do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em Caxias/MA, para elencar falhas e necessidades dos serviços da Unidade Básica de Saúde (UBS) na qual o profissional residente está inserido, foi identificado o manejo e monitoramento fragilizado do cuidado de pacientes hipertensos e diabéticos. Estes são cadastrados na área das equipes, mas não tinha um instrumento que ajudasse no controle e monitoramento destes pacientes pelos membros da eSF e os profissionais residentes. Em reuniões para traçar possibilidades de resolver este problema da equipe, foi dada a sugestão da criação de uma caderneta para este público específico, tendo como inspiração e experiência de uso, as cadernetas que são destinadas ao público da criança, gestantes e idosos. Tal processo deu-se através de oficinas, aproximadamente 09 encontros, no período compreendido entre 01 de julho a 02 de agosto de 2019, contendo como responsáveis a equipe da UBS Baixinha e as residentes do Programa de Residência em Saúde da Família da UEMA, na qual a cada reunião era debatido uma etapa da construção da caderneta. São temas das oficinas: seleção dos itens; recrutamento dos profissionais, específico por área, para suas considerações; criação do esboço da ferramenta; definição do design da caderna com o apoio de um design gráfico; estudo de como usar e reavaliação da caderneta pela equipe; construção de uma versão completa e de uma versão resumida; impresso de um protótipo e a avaliação da equipe para uma decisão final; e impressão de 600 unidades. A cederneta do Hiperdia foi elaborada contendo os seguintes itens: Dados pessoais; Dados clínicos; acompanhamento odontológico; local de anotação de exames; medicação em uso; controle da dispensação dos medicamentos; Consulta multiprofissional; calendário vacinal; minhas metas; participação em grupo e 2 páginas com informações sobre mudança no estilo de vida. Foram desenvolvidas duas versões, uma versão estimada para uso de 2 ou 3 anos (dependendo do estrato de risco do paciente) e outra versão com maior possibilidade de tempo de uso. Resultados e/ou impactos: Foram impressas 600 unidades do formato resumido da caderneta. Foi realizada o estudo por todos os membros da equipe para que o instrumento fosse bem utilizado e fosse observado também, com a prática do uso, possíveis mudanças do instrumento original. Todos os pacientes receberam sua caderneta e foram estimulados por todos da ESF a fazerem o uso desta em todas as suas idas à UBSF Baixinha. O instrumento segue em uso até os dias atuais e recentemente o município iniciou a Qualificação de todas as eSF (no total de 56 equipes) para a implantação da linha de cuidado das condições crônicas HAS e DM. A Caderneta já utilizada pela eSF Baixinha será reproduzida, com algumas modificações sugeridas após a experiência dos profissionais que a utilizam, para servir como instrumento de monitoramento e cuidado por todas as equipes da ESF de Caxias. Considerações finais: O instrumento obteve uma ótima aceitação pela equipe e usuários, ajudou na organização do fluxo e segue em uso até hoje. Recentemente, o município iniciou a qualificação das Equipes de Saúde da Família para a implantação da linha de cuidado das condições crônicas e almeja o uso da caderneta, como instrumento de monitoramento e cuidado.