Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CADERNETA DO HIPERDIA: CRIAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA MONITORAMENTO E CUIDADO DE PACIENTES COM HAS E/OU DM.
MARISA ARAUJO COSTA, Samia Amelia Mendes da Silva, Kameny Santos Franco, Pammela Weryka da Silva Santos, Raiany Kayre Pereira Salomão, Ananda Santos Freitas, Andressa Vieira Freitas, Jessica Barroso de Moraes

Última alteração: 2022-01-18

Resumo


Apresentação e o objetivo: O diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) são doenças crônicas complexas, consideradas grandes epidemias mundiais do século 21 e problemas de saúde pública, pelas elevadas prevalência e morbimortalidade associadas a elas. A incidência e a prevalência são crescentes no Brasil e no mundo, principalmente pelo estilo de vida atual, caracterizado pela inatividade física e por hábitos alimentares, que predispõem ao acúmulo de gordura corporal; pelo envelhecimento populacional e por avanços no tratamento das doenças. A Hipertensão Arterial (HA) é uma condição clínica causada por vários fatores, caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos da pressão arterial (≥ 140 e/ou 90 mmHg). Geralmente está associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes mellitus (DM). O Diabetes mellitus (DM) é um relevante e crescente problema de saúde para todos os países, independente do seu grau de desenvolvimento. O aumento da prevalência do diabetes está associado a diversos fatores, dentre eles, rápida urbanização, transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentário, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e, também, à maior sobrevida dos indivíduos com diabetes. O conhecimento da população deve ser também quantitativo, possibilitando a programação da atenção de acordo com as necessidades desta população. Os parâmetros epidemiológicos de prevalência e incidência indicam a necessidade de saúde expressa em número de pessoas com condição de saúde na população geral do território, m 2019, o IDF (International Diabetes Federation) estimou que 9,3% (IC95%: 7,4-12,1) da população mundial com 20 a 79 anos de idade tivessem diabetes. O Vigitel  2019 apontou que 7,4% das pessoas entrevistadas referiram diagnóstico médico de diabetes no conjunto da população adulta (≥18 anos) das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal, variando de 4,6% em Porto Velho a 8,6% em Porto Alegre. O DM2 corresponde a 90%-95% de todos os casos de DM. Embora a prevalência de DM1 esteja aumentando, corresponde a apenas 5%-10% de todos os casos de DM. HAS No Brasil, HA atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por DCV. O Vigitel de 2019 apontou que 24,5% das pessoas entrevistadas referiram diagnóstico médico de hipertensão no conjunto da população adulta (≥18 anos) das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal, variando de 16,9% em São Luís a 28,5% no Distrito Federal. Cada Unidade Básica de Saúde da Família tem um quantitativo considerável da população geral, que tem o diagnóstico de HAS e/ou DM e garantir o cuidado adequado deste público é necessário para melhorar a sua qualidade de vida. Desta forma, o objetivo do estudo é descrever a experiência  da criação de um instrumento de uso multidisciplinar que visa à organização e monitoramento do cuidado de hipertensos e diabéticos assistidos em uma Unidade Básica de Saúde. Descrição da experiência: Mediante proposta da tutoria do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em Caxias/MA, para elencar falhas e necessidades dos serviços da Unidade Básica de Saúde (UBS) na qual o profissional residente está inserido, foi identificado o manejo e monitoramento fragilizado do cuidado de pacientes hipertensos e diabéticos. Estes são cadastrados na área das equipes, mas não tinha um instrumento que ajudasse no controle e monitoramento destes pacientes pelos membros da eSF e os profissionais residentes. Em reuniões para traçar possibilidades de resolver este problema da equipe, foi dada a sugestão da criação de uma caderneta para este público específico, tendo como inspiração e experiência de uso, as cadernetas que são destinadas ao público da criança, gestantes e idosos. Tal processo deu-se através de oficinas, aproximadamente 09 encontros, no período compreendido entre 01 de julho a 02 de agosto de 2019, contendo como responsáveis a equipe da UBS Baixinha e as residentes do Programa de Residência em Saúde da Família da UEMA, na qual a cada reunião era debatido uma etapa da construção da caderneta. São temas das oficinas: seleção dos itens; recrutamento dos profissionais, específico por área, para suas considerações; criação do esboço da ferramenta; definição do design da caderna com o apoio de um design gráfico; estudo de como usar e reavaliação da caderneta pela equipe; construção de uma versão completa e de uma versão resumida; impresso de um protótipo e a avaliação da equipe para uma decisão final; e impressão de 600 unidades. A cederneta do Hiperdia foi elaborada contendo os seguintes itens: Dados pessoais; Dados clínicos; acompanhamento odontológico; local de anotação de exames; medicação em uso; controle da dispensação dos medicamentos; Consulta multiprofissional; calendário vacinal; minhas metas; participação em grupo e 2 páginas com informações sobre mudança no estilo de vida. Foram desenvolvidas duas versões, uma versão estimada para uso de 2 ou 3 anos (dependendo do estrato de risco do paciente) e outra versão com maior possibilidade de tempo de uso. Resultados e/ou impactos: Foram impressas 600 unidades do formato resumido da caderneta. Foi realizada o estudo por todos os membros da equipe para que o instrumento fosse bem utilizado e fosse observado também, com a prática do uso, possíveis mudanças do instrumento original. Todos os pacientes receberam sua caderneta e foram estimulados por todos da ESF a fazerem o uso desta em todas as suas idas à UBSF Baixinha. O instrumento segue em uso até os dias atuais e recentemente o município iniciou a Qualificação de todas as eSF (no total de 56 equipes) para a implantação da linha de cuidado das condições crônicas HAS e DM. A Caderneta já utilizada pela eSF Baixinha será reproduzida, com algumas modificações sugeridas após a experiência dos profissionais que a utilizam, para servir como instrumento de monitoramento e cuidado por todas as equipes da ESF de Caxias. Considerações finais: O instrumento obteve uma ótima aceitação pela equipe e usuários, ajudou na organização do fluxo e segue em uso até hoje. Recentemente, o município iniciou a qualificação das Equipes de Saúde da Família para a implantação da linha de cuidado das condições crônicas e almeja o uso da caderneta, como instrumento de monitoramento e cuidado.