Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Segurança Alimentar e Nutricional: um olhar para o território indígena de Tirecatinga e sua interface com agronegócio, em Mato Grosso
Aparecida Fátima Camila Reis, Silvia Gugelmin, Márcia Leopoldina Montanari

Última alteração: 2022-01-20

Resumo


O Brasil é um dos principais produtores agrícolas do mundo e o segundo maior exportador desses produtos. Para manter esta posição, esse modelo agroexportador tem provocado desmatamento, com consequente perda da biodiversidade, além do uso intensivo de agrotóxicos. O uso desse tipo de tecnologia provoca riscos à saúde humana, ocasionando processo de adoecimento agudo e crônico, e riscos ao meio ambiente, como a contaminação das águas, solo e animais. As modificações provocadas por esse modelo, interfere no modo de vida indígena e têm propiciado uma alimentação quantitativa e qualitativamente insuficiente para manter a segurança alimentar e nutricional deste povos. Os povos indígenas Nambikwara, situados no município de Sapezal-MT, tem suas terras em meio a latifúndios agrícolas, que utilizam agrotóxicos na sua produção, o que pode expor esse povo e o seu território aos riscos do processo produtivo imposto por este modelo agroexportador. Tomando a alimentação como uma problemática crucial para a qualidade de vida e para a saúde e estando diretamente relacionada com a promoção da saúde e com a diversidade cultural dos povos, esta tese de doutorado tem por objetivo analisar a relação da segurança alimentar e nutricional com o modelo agroexportador, sob a perspectiva do povo Nambikwara. Esta tese é parte componente do Projeto intitulado: “Do campo ao corpo”, conduzido pelo grupo de trabalho do NEAST/ISC/UFMT (Núcleo de Estudos em Ambiente, Saúde e Trabalho do Instituto de Saúde Coletiva), e em parceria com a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e tem por pressuposto que as mudanças ocasionadas pelo modelo de produção hegemônico do agronegócio, entre eles a imposição do limite territorial das terras indígenas e as alterações no sistema ambiental, decorrente do desmatamento e uso de agrotóxicos, interferem na segurança alimentar desse povo. Entendemos que a efetivação da promoção da segurança alimentar se dá pelas politicas públicas intersetoriais e de acordo com as necessidades apresentadas pelo povo indígena, considerando e respeitando sua identidade cultural e seus conhecimentos tradicionais. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, que utilizará a roda de conversa, entrevista semi estruturada e observação participante para obtenção dos dados. Devido à pandemia os ingressos em Terras Indígenas in loco estão suspensos temporariamente conforme portaria 419, de 17 de março de 2020. assim não se deu inicio a coleta de dados. Também será realizado a coleta de análises de amostras (água, solo e alimento) para a detecção de resíduos de agrotóxicos e de metais pesados. Os dados da roda de conversa e entrevista semi-estruturada serão posteriormente interpretados por Analise de Conteúdo. As amostras (agua, solo e alimento) coletadas serão encaminhados para laboratório especializado para ánalise.