Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Saúde mental de profissionais de enfermagem atuantes em Unidades de Terapia Intensiva frente à pandemia da COVID-19
Laura Maria de Moraes Almeida, Virginia Fernanda Januário, Sueli Soldati Abranches, Elizabeth Carla Vasconcelos Barbosa

Última alteração: 2022-01-19

Resumo


Apresentação: pesquisa que buscou compreender a realidade das equipes de enfermagem, no âmbito da saúde mental, em tempos de pandemia, e teve como objetivos investigar a ocorrência de sofrimento psíquico entre profissionais que atuam na assistência a pacientes com COVID-19, em Unidades de Terapia intensiva (UTIs), e conhecer estratégias utilizadas para manutenção da saúde mental.

Desenvolvimento do trabalho: Pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, cujo projeto foi aprovado por comitê de ética em pesquisa. A necessidade de compreender os processos específicos da equipe de enfermagem diante do atual e inesperado cenário do campo da saúde, justifica o método escolhido. Participaram do estudo profissionais de enfermagem do Estado do Rio de Janeiro que atuam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), no atendimento a pacientes adultos com COVID-19. Os dados, coletados em formulário eletrônico (google form™), foram processados no Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRaMuTeQ) mediante análise lexicográfica, com posterior análise temática realizada pelas pesquisadoras.

Resultados: Entre os 35 participantes, a média de idade foi de 37 anos. Quanto à categoria profissional, 59,9% são técnicas (os) de enfermagem e 40,5% são enfermeiras (os). Em relação à cor/etnia 43,2% se declararam pardas (os), 27% brancas (os) e 24,3% pretas (os). E, quanto ao gênero, 67,6% se declararam mulheres cisgênero e 24,3% homens cisgênero. A maioria (21,6%) possui entre 6 e 10 anos de formação, no entanto, 24,3% (também maioria) iniciaram as atividades na UTI a partir da pandemia. Os dados indicam que as (os) profissionais têm passado por desafios que impactam diretamente em sua saúde mental e física. Entre as palavras mais pronunciadas, e que expressam os sentimentos acerca do trabalho que executam, estão: medo, ansiedade, trabalho e doença. A organização e a natureza do trabalho em terapia intensiva, como determinantes de sofrimento psíquico, já são conhecidas. No entanto, houve agravamento destas questões durante a crise sanitária. A classificação e análise das temáticas que emergiram das falas dos participantes evidenciaram: 1. Fatores geradores de sofrimento psíquico (aumento da carga de trabalho, equipes inexperientes, falta de proteção adequada, alta mortalidade pela doença); 2. Sentimentos contraditórios acerca do trabalho na linha de frente (medo x orgulho; gratidão x tristeza; ansiedade x honra); 3. Repercussões nas relações sociais e afetivas das (os) trabalhadoras (es) (isolamento de amigos e familiares; estigmatização por desconhecidos); 4. Medo do desconhecido (falta de habilidade para evitar as mortes por COVID-19) e; 5. Autopercepção no ambiente de trabalho (retomada da visão da importância da enfermagem como equipe) e formas de enfrentamento (afastamento das notícias, fé e autoproteção contra o contágio).

Considerações finais: Entre tantos impactos importantes, gerados pela atual crise sanitária, que é também social e econômica, nota-se o aprofundamento de questões relativas ao trabalho no ambiente da terapia intensiva, especialmente no trabalho de enfermagem. Práticas dirigidas à saúde no trabalho são indispensáveis para minimizar as repercussões decorrentes das atividades laborais no enfrentamento da COVID-19.