Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ANÁLISE DE DISCURSO EM SAÚDE COLETIVA
Lucas Rodrigo Batista Leite, Patrícia Aparecida da Silva

Última alteração: 2022-01-21

Resumo


A Saúde Coletiva (SC) é um campo de conhecimento que estuda a saúde a partir de uma perspectiva ampliada, considerando-a a partir da sua determinação social. Para tanto se edifica em um tripé, constituído pela Epidemiologia, pela Política, Planejamento e Gestão em Saúde, e pelas Ciências Humanas e Sociais em Saúde; e se caracteriza enquanto campo interdisciplinar. A Análise de Discurso (AD) proposta por Eni Orlandi, no Brasil, configura-se como campo de conhecimentos que se debruça sobre a determinação histórica do processo de significação, a partir do entremeio entre Linguística, Materialismo Histórico e Psicanálise. Este trabalho visa apresentar a experiência de realização do minicurso Análise de Discurso em Saúde Coletiva, realizado no II Encontro Estadual de Saúde Coletiva de Mato Grosso (II ENESCO), em julho de 2021, evento este que visou oferecer espaços educativos, formativos e de práticas em Saúde Coletiva, bem como constituir-se enquanto espaço de construção de uma agenda de lutas em defesa da saúde pública e da democracia. O minicurso teve duração de 8 horas, e foi ministrado em duas tardes, tendo sido conduzido por uma doutoranda em Linguística (Análise de Discurso) e por um graduado e mestrando em Saúde Coletiva. O minicurso contou com a participação de estudantes de odontologia, enfermagem e saúde coletiva, dos estados de Mato Grosso, Amazonas e Pernambuco. O curso apresentou conceitos básicos da AD (sujeito, ideologia, condições de produção, memória, inconsciente, silêncio, etc.) e também trouxe recortes analíticos exemplificando a mobilização da teoria, perpassando por cartas, leis, imagens, pela arquitetura da cidade e por materiais que versavam sobre saúde. Os participantes também puderam trazer materiais ou dados de seus estudos, para dialogar coletivamente a partir das possibilidades de análise com a AD. A partir do minicurso foi possível compreender algumas similaridades entre SC e AD, como o fato de ambas se constituírem a partir de um tripé e o fato de ambas focarem na determinação histórica: a primeira, na determinação histórica/social da saúde; a segunda, na determinação histórica/social da significação. Ambos são campos de conhecimento interdisciplinares. Em particular em relação à AD, foi possível apreender que ela não é uma “técnica de análise de material qualitativo”, como alguns autores da área da SC afirmam, mas um campo com métodos, princípios e procedimentos. Que esse campo visa, sobretudo, problematizar, colocar questões, dar visibilidade a opacidade que atravessa a linguagem. Foi possível compreender que os sentidos nunca estão dados, mas são produzidos no momento do dizer, são efeitos da interlocução. Por fim, pode-se apresentar a AD como disciplina, no bojo das Ciências Humanas e da interdisciplinariedade, passível de ampliar a compreensão do processo saúde-doença, através da perspectiva da língua(gem), do discurso.