Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Perfil epidemiológico da pandemia de Covid-19 em municípios da Zona da Mata Mineira
Anne Maria Carneiro Zuin, Daniel Reis Correia, Gabrielle Maria Silva Gomes, Laís Sousa da Silva, Lara Lelis Dias, Lavínia Ladeira Egydio, Renata Oliveira Caetano, Lilian Fernanes Arial Ayres

Última alteração: 2022-01-24

Resumo


Apresentação: A Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, desde os primeiros relatos, espalhou-se pelo mundo inteiro e atualmente, pode-se incluir mais de 300 milhões de casos confirmados. É transmitida principalmente de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias e aerossóis disseminados no ar. A transmissão ocorre por indivíduos portadores sintomáticos assim como assintomáticos e os sintomas clássicos da doença são: tosse, febre, mialgia e cefaléia. Outros apresentam a perda do paladar, do olfato, dor de garganta e diarreia. O quadro clínico mais grave é caracterizado por febre, tosse, dispneia e alterações na imagem do tórax. Os testes para a detecção da Covid-19, são: teste molecular (RT-PCR), teste molecular (RT-LAMP), teste rápido de antígeno e imunológicos (sorológicos e testes rápidos). O RT-PCR (molecular) apresenta sensibilidade maior quando comparado aos outros. O SARS-CoV-2, como outros vírus, evoluiu e apresentou mutações genéticas. Mutações específicas podem apresentar distintos graus de importância para a saúde pública, pois algumas variantes apresentaram maior transmissibilidade ou implicações clínicas. A nomenclatura varia conforme o sistema e a OMS definiu com base no alfabeto grego e as mais preocupantes são: alpha, beta, gama, delta e omicron. Apesar de muitos estudos terem sido realizados, sabe-se que as taxas de contaminação e letalidade variam de acordo com a idade, fatores de risco, a região geográfica, a disponibilidade de testagem e as medidas de prevenção, sobretudo a vacinação. Compreende-se que os estados, microrregiões e municípios conheçam a epidemiologia da doença em seu território para que seja possível traçar medidas, gerenciar o cuidado de forma efetiva e elaborar estratégias de prevenção e enfrentamento ao coronavírus. Esta pesquisa teve como objetivo principal descrever o perfil epidemiológico da pandemia de Covid-19 no município de Viçosa (MG) e na microrregião. Desenvolvimento: O estudo realizado foi do tipo misto, composto por uma abordagem de série temporal e transversal, de cunho exploratório, descritivo e quantitativo. A pesquisa se deu no município de Viçosa (MG) e sua microrregião que é composta por 9 municípios: Araponga, Cajuri, Coimbra, Canaã, Paula Cândido, Pedra do Anta, Porto Firme, São Miguel do Anta e Teixeiras. O município de Viçosa possui cerca de 79.910 mil habitantes que moram predominantemente na região urbana e que tem acesso a serviços de saneamento básico. A realidade da região estudada é uma de grandes áreas rurais, cidades com baixa densidade demográfica, com acesso à saúde limitado e dependentes da cidade referência que é Viçosa para atendimento hospitalar e para ter acesso à bens e serviços variados. O município de Viçosa conta com 30 estabelecimentos de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também com 2 hospitais gerais. Ademais, excepcionalmente no período da pandemia, Viçosa dispôs do centro de referência para agravos respiratórios (Unidade Covid-19) que foi adaptada a partir da Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A população do estudo se deu pelos casos atendidos e notificados na Unidade Covid-19 no período de abril a julho de 2020, 595 usuários, e os casos confirmados e notificados registrados no Painel de monitoramento dos casos de covid-19 da SES/MG, na microrregião de saúde Viçosa (MG), no período de março de 2020 a julho de 2021, 12.843 casos. Os dados coletados foram de duas fontes secundárias distintas: “Painel de monitoramento dos casos de Covid-19 da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do estado de Minas Gerais (MG)” e dos registros dos prontuários dos pacientes atendidos na Unidade Covid-19. Os dados dos prontuários foram coletados a partir de um instrumento criado com o software Epi Info e a coleta se deu entre os meses de novembro de 2020 e maio de 2021 dentro da UAES. A análise dos dados teve início com a organização e revisão das informações coletadas no banco de dados do software Epi Info. Em seguida, o banco foi exportado e organizado no Microsoft Excel e por último foi transferido para o software Stata, onde ocorreu a análise dos dados propriamente dita. Efetuou-se uma análise descritiva e de tendência de dados de acordo com as variáveis escolhidas das informações que estavam à disposição dos pesquisadores nos prontuários. Resultados: Encontrou-se no período de março de 2020 a julho de 2021, 12.843 casos confirmados, 163 óbitos, 670 internações e 12.269 casos recuperados de Covid-19 no município de Viçosa (MG) e microrregião. A variação média mensal girou em torno de 135 novos casos a cada mês, 2 óbitos, 9 internações e 130 casos recuperados. Além disso, o mês de abril de 2021 foi o mês com maior número de casos em todos os indicadores. A cidade com maior taxa de incidência foi Viçosa, com 109,7 casos por 1.000 habitantes e a cidade com menor taxa de incidência foi Paula Cândido, com uma taxa de 44,55. A taxa de incidência total da microrregião foi 92,45 casos por 1.000 habitantes. O município de Teixeiras apresentou a maior taxa de letalidade, 2,56%. A taxa de letalidade de Viçosa foi 1,09% e o total da microrregião foi 1,27%. Em relação ao perfil sociodemográfico e clínico dos indivíduos atendidos na Unidade Covid-19, observou-se que de um total de 595 pessoas, 61,51% eram mulheres e 38,49% homens. Desses, 36,64% declararam-se brancos, 25,87% pretos ou pardos e outros 38,49% não declararam. Em relação ao quesito faixa etária: 51,93% enquadraram-se na faixa de 20 a 39 anos, 38,66% de 40 a 59 anos e 3,7% de 60 anos ou mais.  No tocante à escolaridade, observou-se que 58,99% dos indivíduos possuíam 12 anos ou mais. Além disso, 92,44% eram moradores de Viçosa e 7,56% dos outros municípios. Desses atendidos, 95,46% residiam na zona urbana e 4,54% na zona rural. Os sintomas mais presentes entre os indivíduos atendidos foram: tosse (32,27%); dor de garganta (23,53%); mialgia (23,53%) e coriza (23,19%). Considerações finais: A partir da análise sociodemográfica realizada, percebeu-se que os municípios devem priorizar as ações de acesso à saúde para a população mais vulnerável. Outrossim, fica notório que os pequenos municípios necessitam de um maior apoio, já que apresentam taxas de letalidade maiores. Verificou-se também que com a maior abertura dos municípios e o aumento do fluxo de pessoas, o número de casos aumentou substancialmente, fazendo com que houvesse um crescimento acentuado nos meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021 e tendo seu pico no mês de abril de 2021. Conclui-se que é essencial detectar precocemente os casos suspeitos da Covid-19 para que ocorra a gerência adequada dos casos a fim de diminuir a letalidade e evitar novas contaminações.