Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Tamanho da fonte:
Perfil epidemiológico da pandemia de Covid-19 em municípios da Zona da Mata Mineira
Última alteração: 2022-01-24
Resumo
Apresentação: A Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, desde os primeiros relatos, espalhou-se pelo mundo inteiro e atualmente, pode-se incluir mais de 300 milhões de casos confirmados. É transmitida principalmente de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias e aerossóis disseminados no ar. A transmissão ocorre por indivíduos portadores sintomáticos assim como assintomáticos e os sintomas clássicos da doença são: tosse, febre, mialgia e cefaléia. Outros apresentam a perda do paladar, do olfato, dor de garganta e diarreia. O quadro clínico mais grave é caracterizado por febre, tosse, dispneia e alterações na imagem do tórax. Os testes para a detecção da Covid-19, são: teste molecular (RT-PCR), teste molecular (RT-LAMP), teste rápido de antígeno e imunológicos (sorológicos e testes rápidos). O RT-PCR (molecular) apresenta sensibilidade maior quando comparado aos outros. O SARS-CoV-2, como outros vírus, evoluiu e apresentou mutações genéticas. Mutações específicas podem apresentar distintos graus de importância para a saúde pública, pois algumas variantes apresentaram maior transmissibilidade ou implicações clínicas. A nomenclatura varia conforme o sistema e a OMS definiu com base no alfabeto grego e as mais preocupantes são: alpha, beta, gama, delta e omicron. Apesar de muitos estudos terem sido realizados, sabe-se que as taxas de contaminação e letalidade variam de acordo com a idade, fatores de risco, a região geográfica, a disponibilidade de testagem e as medidas de prevenção, sobretudo a vacinação. Compreende-se que os estados, microrregiões e municípios conheçam a epidemiologia da doença em seu território para que seja possível traçar medidas, gerenciar o cuidado de forma efetiva e elaborar estratégias de prevenção e enfrentamento ao coronavírus. Esta pesquisa teve como objetivo principal descrever o perfil epidemiológico da pandemia de Covid-19 no município de Viçosa (MG) e na microrregião. Desenvolvimento: O estudo realizado foi do tipo misto, composto por uma abordagem de série temporal e transversal, de cunho exploratório, descritivo e quantitativo. A pesquisa se deu no município de Viçosa (MG) e sua microrregião que é composta por 9 municípios: Araponga, Cajuri, Coimbra, Canaã, Paula Cândido, Pedra do Anta, Porto Firme, São Miguel do Anta e Teixeiras. O município de Viçosa possui cerca de 79.910 mil habitantes que moram predominantemente na região urbana e que tem acesso a serviços de saneamento básico. A realidade da região estudada é uma de grandes áreas rurais, cidades com baixa densidade demográfica, com acesso à saúde limitado e dependentes da cidade referência que é Viçosa para atendimento hospitalar e para ter acesso à bens e serviços variados. O município de Viçosa conta com 30 estabelecimentos de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também com 2 hospitais gerais. Ademais, excepcionalmente no período da pandemia, Viçosa dispôs do centro de referência para agravos respiratórios (Unidade Covid-19) que foi adaptada a partir da Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A população do estudo se deu pelos casos atendidos e notificados na Unidade Covid-19 no período de abril a julho de 2020, 595 usuários, e os casos confirmados e notificados registrados no Painel de monitoramento dos casos de covid-19 da SES/MG, na microrregião de saúde Viçosa (MG), no período de março de 2020 a julho de 2021, 12.843 casos. Os dados coletados foram de duas fontes secundárias distintas: “Painel de monitoramento dos casos de Covid-19 da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do estado de Minas Gerais (MG)” e dos registros dos prontuários dos pacientes atendidos na Unidade Covid-19. Os dados dos prontuários foram coletados a partir de um instrumento criado com o software Epi Info e a coleta se deu entre os meses de novembro de 2020 e maio de 2021 dentro da UAES. A análise dos dados teve início com a organização e revisão das informações coletadas no banco de dados do software Epi Info. Em seguida, o banco foi exportado e organizado no Microsoft Excel e por último foi transferido para o software Stata, onde ocorreu a análise dos dados propriamente dita. Efetuou-se uma análise descritiva e de tendência de dados de acordo com as variáveis escolhidas das informações que estavam à disposição dos pesquisadores nos prontuários. Resultados: Encontrou-se no período de março de 2020 a julho de 2021, 12.843 casos confirmados, 163 óbitos, 670 internações e 12.269 casos recuperados de Covid-19 no município de Viçosa (MG) e microrregião. A variação média mensal girou em torno de 135 novos casos a cada mês, 2 óbitos, 9 internações e 130 casos recuperados. Além disso, o mês de abril de 2021 foi o mês com maior número de casos em todos os indicadores. A cidade com maior taxa de incidência foi Viçosa, com 109,7 casos por 1.000 habitantes e a cidade com menor taxa de incidência foi Paula Cândido, com uma taxa de 44,55. A taxa de incidência total da microrregião foi 92,45 casos por 1.000 habitantes. O município de Teixeiras apresentou a maior taxa de letalidade, 2,56%. A taxa de letalidade de Viçosa foi 1,09% e o total da microrregião foi 1,27%. Em relação ao perfil sociodemográfico e clínico dos indivíduos atendidos na Unidade Covid-19, observou-se que de um total de 595 pessoas, 61,51% eram mulheres e 38,49% homens. Desses, 36,64% declararam-se brancos, 25,87% pretos ou pardos e outros 38,49% não declararam. Em relação ao quesito faixa etária: 51,93% enquadraram-se na faixa de 20 a 39 anos, 38,66% de 40 a 59 anos e 3,7% de 60 anos ou mais. No tocante à escolaridade, observou-se que 58,99% dos indivíduos possuíam 12 anos ou mais. Além disso, 92,44% eram moradores de Viçosa e 7,56% dos outros municípios. Desses atendidos, 95,46% residiam na zona urbana e 4,54% na zona rural. Os sintomas mais presentes entre os indivíduos atendidos foram: tosse (32,27%); dor de garganta (23,53%); mialgia (23,53%) e coriza (23,19%). Considerações finais: A partir da análise sociodemográfica realizada, percebeu-se que os municípios devem priorizar as ações de acesso à saúde para a população mais vulnerável. Outrossim, fica notório que os pequenos municípios necessitam de um maior apoio, já que apresentam taxas de letalidade maiores. Verificou-se também que com a maior abertura dos municípios e o aumento do fluxo de pessoas, o número de casos aumentou substancialmente, fazendo com que houvesse um crescimento acentuado nos meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021 e tendo seu pico no mês de abril de 2021. Conclui-se que é essencial detectar precocemente os casos suspeitos da Covid-19 para que ocorra a gerência adequada dos casos a fim de diminuir a letalidade e evitar novas contaminações.