Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ANTECEDENTES HISTÓRICOS E SEUS REFLEXOS NA CONDIÇÃO DE SAÚDE DA MULHER NEGRA
Carla Souza Mendes, Amanda Sila Florentino, Rubens José Loureiro

Última alteração: 2022-01-24

Resumo


O brasil carrega em sua história séculos de escravidão e ideologias racistas que se refletem no quadro de desingualdade sociais na atualidade. O racismo estrutural, está presente na prestação de serviços e seus efeitos vão desde a limitação do acesso à saúde para a população negra até as relações entre os profissionais de saúde. Identificou-se uma ideologia existente na rede de atenção à saúde relacionada a ideias como “Negros são mais resistentes à dor” ou “Negros não adoecem”, que tende a minimizar as queixas dos negros e reduzir o uso de medicamentos e anestesias , especialmente em mulheres antes e durante o parto. Diante disso, os dados mostram que essas mulheres têm expectativas de vida mais curta e taxas de mortalidade mais altas por transtornos mentais do que as mulheres brancas. Além da alta mortalidade materna, a prevalência e recorrência de miomas e histerectomia entre mulheres negras também são altas, refletindo como problemas de acesso e má qualidade da assistência. Com isso, o objetivo do estudo visa analisar as condições de saúde da mulher negra mediante ao racismo encontrados âmbito da saúde

Trata-se de uma revisão de literatura realizada na base de dados do PubMed, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) durante o mês de Janeiro de 2022. Para a busca utilizou-se os descritores baseados no DECS: Racismo AND Saúde da mulher AND população negra AND violência. Foram selecionados artigos completos gratuitos, com texto disponível para download, publicados entre janeiro de 2016 e dezembro de 2019 em português e inglês. A princípio, foram identificados 20 artigos e, após aplicar os critérios de inclusão, nove estudos foram selecionados para a amostra final.

A partir da análise dos artigos pode-se observar que as mulheres negras estão sujeitas a menor acesso aos serviços de saúde, possuindo um baixo índice de condutas preventivas na atenção ginecológica e obstétrica, além disso possui as maiores taxas de tempo de espera para atendimento médico. As taxas de mortalidade materna são bastante elevadas, atingindo desigualmente mulheres negras e indígenas, sendo elas menos privilegiadas na sociedade se comparada às brancas, com isso a questão que envolve raça/cor estão diretamente interligadas no acesso e na qualidade do planejamento reprodutivo e na prestação da atenção nas consultas de pré natal.  A saúde da mulher negra é considerada bastante negligenciada em relação à da mulher branca, mostrando a influência do racismo nos processos de saúde e doença da população, contudo, a violência obstétrica se caracteriza como uma situação problemática onde sua predominância atinge a população negra.

Observa-se que na comparação com as mulheres brancas, as mulheres negras apresentam taxas mais altas de mortalidade materna e neonatal, e taxas mais altas de falha na assistência e negligência médica. Diante de condições ainda caracterizadas por diversos racismos institucionais e preconceitos de gênero, elas se destacam como um grupo com vulnerabilidades na saúde da mulher e, como tal, há necessidade de novos paradigmas e novas recomendações dentro dos atuais modelos de saúde .