Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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(DE) FORMAR PARA VIVER O TRABALHO EM SAÚDE COM OLHAR AMPLIADO E COLABORATIVO: EXPERIÊNCIAS DO VIVER O ENSINO, SERVIÇO E COMUNIDADE NA GRADUAÇÃO
Marcio Costa de Souza, Ana Beatriz Barros Ferreira da Silva, Talita Miranda Pitanga Barbosa Cardoso, Bruna Souza da Cruz, Magno Conceição das Merces, Fernanda Quele da Silva, Bianca Magalhães Pestana, Ana Pimenta Guimarães

Última alteração: 2022-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO

 

Há décadas o desenvolvimento da educação interprofissional (EIP) em saúde tem demonstrado impacto positivo no processo de produção do cuidado aos usuários dos sistemas de saúde e na qualidade da atenção. O processo de aprendizagem e desenvolvimento das habilidades, competências e atitudes ocorrem de forma mais consistente a partir da experimentação do indivíduo do trabalho vivo em ato. Dessa maneira, a integração da academia, serviço e comunidade tem se demonstrado uma importante estratégia para a consolidação do trabalho interprofissional colaborativo.

Importante destacar que a EIP tem permitido o desenvolvimento de um olhar ampliado sobre o usuário de saúde e os processos de saúde-doença-cuidado, principalmente, a partir da perspectiva dos estudantes como sujeitos da problematização da própria formação.

Desenvolvimento da identidade profissional em cada área de formação mediante o reconhecimento das especificidades das outras áreas. O ser vivente transforma e é transformado a cada experiência de vida. Superar a compartimentalização de saberes e a fragmentação na atenção à saúde decorrente de sistemas hierarquizados e com baixa corresponsabilização. O trabalho interdisciplinar depende também de predisposição subjetiva para lidar com a incerteza e o processo decisório compartilhado.

Diferentes arranjos pedagógicos permitem renascer novas dobras no campo dos sentidos gerando processos de subjetivação importantes para o surgimento de diferentes modos de potências de viver, e isto só possível pela potência que o encontro permite, a imanência deste momento produz nos seres desterritorializações e reterritorializações incalculáveis e fundamentais para os percursos formativos.

Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo descrever sobre a implicação da (de) formação em saúde pautada na experimentação da realidade do serviço de Atenção Básica no início do curso de graduação

 

 

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

 

O Programa de Integração Academia, Serviço e Comunidade (PIASC) é um componente curricular estruturado em três eixos, caracterizando-se como PIASC I, PIASC II e PIASC III, presente nos semestres consecutivos e iniciais dos cursos de saúde da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), dentre eles: Nutrição, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Enfermagem, Medicina e Farmácia. As turmas são interprofissionais, compostas por 18 discentes divididos igualmente por todos os cursos do Departamento de Ciências da Vida (DCV), os quais são alocados em uma Unidade de Saúde da Família (USF) do Distrito Cabula-Beirú (DCB) da cidade de Salvador-BA.

A proposta deste componente é construir um percurso formativo com base na experiência na comunidade inserida, com o objetivo de desenvolver os discentes na prática da atenção à saúde o mais próximo da realidade social e de caráter interprofissional de forma horizontalizada, rompendo com o modelo tradicional e uma consciência crítica sobre a saúde coletiva e singular.

O PIASC I, possui uma carga horária de 30h teórico-prática, e tem como finalidade o reconhecimento do território vivo apresentando a realidade das pessoas, conhecendo inicialmente a USF de referência e seu processo de trabalho, e com apoio dos Agentes Comunitários de Saúde percorrem o território nas suas mais diversas complexidades e conhecendo as pessoas e os modos subjetivos que vivem no seu cotidiano. Esta experiência é vista como primeiro contato dos estudantes com a comunidade, assim como a realidade local daquela comunidade e os problemas que assolam essa população em suas especificidades. E é a partir das atividades práticas, que os discentes vão presencialmente ao bairro, percorrer com os ACS as residências dos usuários dos serviços de saúde, entendendo a saúde sob a perspectiva daquelas pessoas.

No tocante ao PIASC II, segundo semestre, a carga horária equivale ao PIASC I - 30h. O PIASC II tem como estratégia a continuidade do processo formativo, com o intuito de contribuir na formação crítica dos discentes acerca dos processos e vertentes que afetam as condições e necessidades de saúde, no contexto da Saúde Coletiva. Dessa forma, com base nos elementos subsidiados no início do processo, bem como com a construção de novas redes de conexões e inter-relações, a partir de novas percepções do que se tem, a fim de se estabelecer caminhos compatíveis com a elaboração de um diagnóstico situacional. No contexto referido, o processo de formulação do diagnóstico e os conhecimentos apreendidos para tanto, são cruciais, haja vista que as práticas em saúde implementadas devem estar devidamente direcionadas de acordo com as necessidades de saúde da população do território em questão.

No processo final, no PIASC III, a partir da consolidação dos conhecimentos apreendidos nos componentes anteriores relacionados e os demais que integram a matriz curricular, se planeja ações de cuidado amplas a partir do diagnóstico e que atendam as necessidades de saúde, isto em conjunto com as equipes de saúde da Família da USF referida que foi realizada as atividades.

 

IMPACTOS RESULTADOS SOBRE A EXPERIÊNCIA

 

O Programa de Integração Academia Serviço e Comunidade permite uma aproximação da realidade desde o início do curso, esta realidade possibilita que o estudante consiga conhecer a realidade do cotidiano de vida das pessoas com um olhar ampliado, que pode contribuir sobre a formação do conceito de cuidado de forma interprofissional que o mesmo produzirá durante o seu percurso acadêmico.

Experiências da realidade, constroem situações problema que ao aproximar dos constructos teóricos podem facilitar o aprendizado e torná-lo significativo. A possibilidade de viver o mundo e sair das salas de aulas formais permite uma diferenciação singular que a torna mais gratificante e apreensível.

Estas condições são potencializadas com a troca de experiências a partir dos encontros com os trabalhadores de saúde e usuários. Os trabalhadores apresentam o cotidiano de suas práticas e apresentam o mundo real do processo de trabalho, muitas fantasiadas em salas de aula. Um momento único, é o contato direto com os usuários, estes revelam as vivências reais, desde as facilidades e as dificuldades para a efetivação do cuidado e como estes implicam no seu viver.

Desta forma, a prática horizontalizada e simétrica torna evidente e factível, e isto é apresentado no seu percurso formativo, além de experimentar a educação permanente, com o cotidiano das suas experiências, ampliando a sua visão sobre a saúde e aprende na prática como agir humanizado.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O componente curricular PIASC se apresenta com uma proposta para edificar processo formativos que tenham como finalidade a experienciação desde o início dos cursos, com práticas interprofissionais, que envolvem o reconhecimento da realidade social e ações que intervenham nas necessidades de saúde da população, e principalmente, conhecer o SUS na prática.

Assim, aproxima o estudante da realidade desde o início do curso com o intuito de produzir uma aprendizagem significativa de diversos aspectos e em especial do conceito ampliado de saúde com olhar interprofissional, como ferramenta acredita no encontro como potencializador no processo de ensino e aprendizagem junto aos usuários e trabalhadores como experiência transformadora, e permite aproximar o estudante de práticas humanizadas na saúde. Importante reconhecer que estas ações deveriam ser permanentes até o final do curso, inclusive nos estágios finais, algo que ainda não ocorre e fica aqui para a reflexão.