Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-27
Resumo
APRESENTAÇÃO
O Núcleo de Apoio em Saúde da Família (NASF) foi criado em 2008 visando integrar, fortalecer e ampliar as ações desenvolvidas na Atenção Primária em Saúde (APS). Ancorada nos princípios da integralidade, do acesso universal, da participação social e da equidade, a APS constitui-se como porta de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Com a pandemia da COVID-19 houve a necessidade de reorganização do processo de trabalho da Atenção Primária à Saúde (APS), incluindo o NASF-AB enquanto participante deste cenário. Assim, algumas reformulações foram adequadas ao contexto das demandas de cada território foram necessárias, visto que houve a impossibilidade de execução das principais atividades executadas pelo NASF-AB, incluindo visitas domiciliares, atividades grupais , matriciamento, dentre outras.
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo de analisar as transformações das diretrizes do NASF-AB e os impactos na pandemia no cuidado de pessoas que vivem com obesidade durante a atual pandemia de COVID - 19.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório. Este resumo é um estudo de caso que é parte integrante dos dados coletados numa pesquisa de mestrado e refere-se a uma das entrevistas realizadas com um trabalhador incluído na pesquisa que atuou como coordenador do NASF-AB. A entrevista foi guiada a partir de uma entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados segundo a técnica de análise temática. O trabalho foi aprovado no comitê de ética da Universidade do Estado da Bahia.
RESULTADOS
Este estudo revelou que os impactos da pandemia somado às modificações das políticas que se relacionam ao NASF-AB contribuem para o desmonte desse dispositivo de saúde, bem como produz impactos negativos para a continuidade do cuidado da pessoa com sobrepeso e ou obesidade. A revogação do NASF-AB impacta também no credenciamento de novas equipes, já que o Ministério da Saúde não o realiza mais e as solicitações enviadas seguem sendo arquivadas. Desta forma, a falta do financiamento proveniente da União e toda essa flexibilização traz um risco iminente de desmonte, considerando a redução da atuação interprofissional na APS que afasta o usuário, e aumenta cada vez mais o abismo do acesso da população a determinados serviços, modos de produção do cuidado e ação de forma especializada dos profissionais, que antes mesmo da criação do NASF-AB eram acessadas apenas por meio da atenção secundária.
CONCLUSÃO
Assim, as transformações ocorridas pela desconfiguração do NASF-AB abre espaço para a opção do não desenvolvimento do trabalho segundo o método do apoio matricial, como foi preconizado na sua criação. Desta forma os gestores e profissionais pode portanto, levar o que seria do NASF para um lugar em que os núcleos de saber específicos, o que pode reproduzir modelos de equipes que agrupam trabalhadores sem articulação e cada vez mais distantes da troca de saberes, sem a construção de projetos terapêuticos, projetos de saúde no território e apoio matricial o que torna este processo com dificuldade para a efetivação da integralidade do cuidado.