O momento pandêmico pegou toda a população mundial de surpresa e se tornou um dos maiores desafios do século, pois mostrou o quão os recursos de incentivo a tecnologia em pesquisas em saúde não estavam preparados para uma ameaça num nível tão alarmante quanto esse. Se tratando de Brasil, um dos países mais fragilizados no quesito número de casos/ morte da infecção pelo Sars-CoV-2, grande parcela da população só teve uma alternativa na busca de prevenção de agravos desse mal: o SUS, principalmente sua porta de entrada, a Atenção Básica.

Entretanto, com o avanço da pandemia paralelo ao aumento de síndromes gripais, observa-se que o SUS carece de profissionais capacitados para situações de emergência em saúde pública, como essa. Além da readequação das Diretrizes Curriculares Nacionais na inserção de metodologias que permitam aos alunos vivenciarem certas situações, houve também a vivência dos mesmos a diferentes tipos de serviços em saúde para conhecerem realidades distintas e assim se tornarem atores de transformações psicossociais e de saúde em seus territórios.

Torna-se nesse momento importante a implementação de dispositivos e programas que tragam esses acadêmicos e profissionais recém formados ou em formação para a realidade atual do sistema ao qual eles irão trabalhar, ou seja, o que é fundamental é a articulação entre universidade–serviço–comunidade. Conciliar teoria e prática dos profissionais é a chave para que ele pense multifatorialmente no processo saúde-doença em alcance individual e coletivo.

Nesse sentido, o programa Vivências e Estágios na Realidade do SUS (VER-SUS) surge como uma das estratégias de melhorar a articulação, além de gerar uma aproximação cultural a quem participa.

Os participantes do projeto, durante a pandemia da Covid-19, traçaram diferentes processos individuais de formação, atualizando e aperfeiçoando aportes teórico-práticos dentro de seus respectivos contextos vivenciais, seja como acadêmicos ou profissionais atuantes. A contribuição desse programa aos viventes traz reflexos que podem ser pautados nos 3 princípios do SUS: a equidade, a integridade e a universalidade.

A partir do contexto pandêmico atualmente vigente em decorrência da Covid-19, a participação no VER-SUS estratifica benefícios a longo prazo que estão pautados na concepção do Sistema Único de Saúde, não apenas a partir dos níveis setoriais de atenção à saúde, mas também a nível de gestão desses serviços em uma determinada localidade que podem – e devem ser consideradas para contribuir com as atuações de cada profissional em sua demanda, independente do campo prático.

O VER-SUS, em sua extensão, possibilita uma rede de imersões em instituições regidas pelo Sistema Único de Saúde de determinado município, tendo como público alvo universitários de Instituições de Ensino Superior. A interação universitária de diferentes cidades do Brasil acentua redes de networking que surgem a partir das vivências dentro do programa. Dessa forma, existem trocas de informações sobre assuntos que se mostram atrativos aos interessados acerca do VER-SUS, além do que permeia o SUS.