Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-30
Resumo
APRESENTAÇÃO
A educação em saúde objetiva desenvolver nas pessoas um sentido de responsabilidade, como indivíduo, membro de uma família e de uma comunidade, para com a saúde, tanto individual como coletivamente.
Nesse contexto, desde o momento da infecção, o portador do vírus da imunodeficiência humana (HIV) é transmissor, tendo as situações clínicas de infecção aguda uma carga viral alta do HIV no sangue, aumentando a transmissibilidade do vírus. Com isso, a infecção causada pelo HIV e suas manifestações clínicas em fase avançada representam um problema de saúde pública.
A Atenção Básica favorece o vínculo terapêutico com a Pessoa Vivendo com HIV (PVHIV), promovendo um estilo de vida saudável. Com isso, a PVHIV deve ser acolhida sem discriminação, participando ativamente do autocuidado, o que facilita a adesão e previne a transmissão do vírus, evita a evolução para aids e reduz a mortalidade pela doença.
As atividades educativas desenvolvidas por profissionais nos diferentes níveis de atenção à saúde contribuem para que o indivíduo portador de HIV amplie sua compreensão não só sobre o seu estado de saúde, como também sobre os determinantes sociais do viver com o HIV e ainda favorece um posicionamento crítico relacionado ao seu contexto de vida e à sua qualidade de vida a partir daquele momento.
Frente a isso, este estudo apresenta uma importância no que tange o caráter científico e social, tendo em vista a carência de dados que discutam a assistência à PVHIV e os resultados promissores que a educação em saúde pela equipe de enfermagem pode acarretar, respectivamente.
O presente estudo teve como objetivo apresentar as experiências vividas por estudantes de enfermagem durante um estágio em uma Unidade Básica de Saúde, sendo uma UBS de referência para a linha de cuidados para pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA), destacando a assistência de enfermagem.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
Trata-se de um relato de experiência que descreve os fatos vivenciados pelos autores, em um estágio curricular não obrigatório, realizado em uma Unidade Básica de Saúde, da Universidade Federal do Amapá, serviço de referência para a linha de cuidados para PVHA, da Zona Sul/Oeste da cidade de Macapá, composta por uma equipe multidisciplinar: médico, enfermeiro, psicólogo, farmacêutico, nutricionista e técnicos de enfermagem.
O relato de experiência tem como finalidade descrever uma experiência vivida pelos autores que pode contribuir com a construção de conhecimento na área de atuação. A vivência é sempre descrita com detalhes e de modo contextualizado.
A equipe de Enfermagem da Atenção Básica desempenha um papel decisivo no cuidado integral às PVHIV, com a prática do acolhimento nas relações de cuidado, podem adquirir mais proximidade, contato e vínculo. Algumas das principais atividades realizadas para a linha de cuidados para PVHIV são: testes rápidos não só para HIV as também para Sífilis, Hepatite B e C, realização de exames de monitoramento de Carga Viral e CD4, consulta e cuidados de enfermagem, orientação e apoio psicológico, controle e distribuição de antirretrovirais e distribuição de preservativos.
O momento do estágio que resultou na redação deste relato aconteceu de dezembro de 2021 a janeiro de 2022, com supervisão de uma Enfermeira da unidade básica. Tendo como pacientes: gestantes, doentes crônicos, recém nascidos, participantes do programa de Saúde Sexual e Reprodutiva e PVHIV. Estes procedentes de encaminhamento ou de livre procura. Os pacientes, primeiramente, precisam agendar sua consulta diretamente com a enfermeira, ou em alguns casos de testes rápidos reagentes são consultados no dia.
Os testes rápidos são realizados por livre demanda, além de serem indicados para qualquer pessoa que referir prática sexual desprotegida, pessoas diagnosticadas com outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), entre outras. Para início de procedimento, ocorre uma orientação inicial quanto a forma que será realizado o teste e quais doenças poderão ser diagnosticadas, caso o resultado dê reagente para HIV, inicia-se uma consulta de enfermagem para informar e orientar o paciente sobre o que é o HIV, quais os fatores de risco, a importância da responsabilidade com os parceiros sexuais, o autocuidado entre outros. Logo após ocorre o preenchimento da ficha de notificação/investigação do HIV e encaminhamento para realização de exames de Carga Viral e LT-CD4, realizados semanalmente no laboratório da unidade básica.
Vale ressaltar que o manejo na Atenção primária é realizado em pacientes assintomáticos, estáveis e em uso de esquemas de primeira linha de tratamento. Sendo que o cuidado ocorre de forma integral e multiprofissional, compartilhado entre UBS e atenção especializada, se indicado. Após as consultas de enfermagem ocorre o agendamento ou encaminhamento para outro setor como por exemplo a consulta com psicólogo.
RESULTADOS
A ocorrência da pandemia limitou temporariamente o contato com a comunidade, mas com o retorno gradual percebeu-se a importância da realização das atividades e intervenções em saúde mais específica, sobretudo o contato com o usuário da atenção primária a saúde. Nesse quesito sabe-se que a experiência acadêmica no estágio é de muito valia, visto que a prática sedimenta o conhecimento teórico.
Observou-se que alguns pacientes não tinham conhecimento sobre a testagem, sobre informações gerais, ficando evidente a necessidade de informações mais claras e cientificamente corretas sobre a finalidade e relevância. A orientação e o contato direto ao paciente fazem com que haja maior atenção e aproximação da comunidade facilitando o acesso à atenção primária de forma eficaz.
Mostrou-se essencial para a continuidade assistencial o retorno dessa PVHIV a realização do aconselhamento pré-teste, ocorrendo apresentação do cliente e do profissional de saúde onde deve haver um acolhimento ao cliente no serviço, esclarecendo que as informações ali recebidas são de caráter sigiloso, além de investigar o histórico pessoal e as medidas de prevenção. Assim como, o pós-teste que é de extrema importância na qualidade de atenção à saúde, contribuindo para atenção integral permitindo avaliar o risco específico de cada usuário, cuidando dos aspectos emocionais, bem como o direcionamento correto para aqueles que os testes resultaram em positivo.
Ademais, a realização da educação em saúde durante as atividades facilitou o acesso às principais informações prestadas, permitindo enfatizar em cada consulta sobre adesão à terapia antirretroviral (TARV) para supressão sustentada da carga viral, como o uso regular do preservativo e práticas seguras de sexo, entre outros.
Os resultados mostraram que a receptividade foi satisfatória por parte dos pacientes, onde demonstraram interesse em continuar com os cuidados com a saúde, sendo que muitos ficaram agradecidos pelas informações prestadas e realizadas, além de relatarem ao fim das consultas o conforto que a equipe de saúde proporciona.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo oportunizou uma leitura e releitura do papel da equipe de enfermagem em uma UBS referência para PVHIV, como se desenvolve o plano terapêutico e tratamento adequado e como funciona o gerenciamento e a implementação.
A ideia que perpassa este relato de experiência foi de contribuir para reflexões sobre a importância da educação em saúde pelo profissional enfermeiro no cuidado das PVHIV. Ainda trouxe diversos impactos positivos tanto para a população atendida, ao passar uma assistência integral com um serviço facilitado e acolhedor, como para os estudantes de enfermagem na sua trajetória de ensino e aprendizagem.