APRESENTAÇÃO

As verminoses humanas são doenças caracterizadas por infecção intestinal, relacionadas à entrada, ao desenvolvimento, e/ou reprodução de determinado microrganismo infeccioso no organismo. Tais infecções participam do quadro de doenças mais comuns e negligenciadas, afetando, por estimativa, cerca de 30% da população global (FERREIRA, et al., 2006). A citar como exemplo dessas doenças, têm-se a ancilostomose, ascaridíase, esquistossomose, filariose, giardíase, oxiuríase, teníase e cisticercose.

As verminoses são comuns em todo o mundo, principalmente em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. A disseminação das verminoses é potencializada no Brasil por fatores ambientais intrínsecos. Assim, diferentes agravantes podem contribuir para esse panorama, tais como água contaminada, ausência de políticas públicas voltadas para o fortalecimento de mudanças de hábitos, bem como melhoria nas condições socioeconômicas da população (PRADO, 2012).

As condições de moradias precárias, a exemplo da presença de esgotos a céu aberto, contribuem para que determinadas parasitoses se tornem endêmicas no Brasil. Alguns dados validam essa realidade, estudos dispostos no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde demonstram que cerca de setecentas internações hospitalares ao ano foram causadas por doenças relacionadas à falta ou inadequação de saneamento (FUNASA, 2019). Além disso, dados dispostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) evidenciam que financeiramente é vantajoso para qualquer governo o investimento em obras de saneamento básico, tendo em vista que, nos últimos dez anos, quatro reais são economizados em cada um real aplicado em obras de saneamento. Dessa forma, é explícito que as responsabilidades para erradicação das verminoses é um dever não apenas da equipe de saúde, mas também dos órgãos governamentais.

O presente trabalho utiliza o conceito de Educação Permanente em Saúde (EPS) para tratar de sua aplicabilidade no manejo das verminoses, ressaltando a potencialidade que apresenta no treinamento dos profissionais de saúde e gestores, a fim de auxiliar no controle das enfermidades. Quando se trata de educação permanente em saúde, é almejado a promoção da saúde por meio do desenvolvimento de um comportamento consciente da população, como a formação de hábitos saudáveis de vida, a adoção rotinas de baixo risco à saúde e a criação do senso de responsabilidade social. Além disso, visa entender que a saúde não é sinônimo de ausência de doenças, mas o resultado conjunto de condições adequadas de saneamento básico, habitação, educação, geração de renda, alimentação, segurança, cultura e lazer. (MADUREIRA, 2009).

OBJETIVO GERAL

Ao considerar que os estudos epidemiológicos podem contribuir no controle e prevenção das verminoses, o objetivo do presente estudo é incentivar um plano de EPS sobre o manejo das verminoses, com enfoque nas regiões que dispõe relevantes números de casos dessas complicações.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Ressaltar a importância das políticas governamentais, em especial a promoção do saneamento básico, na prevenção das verminoses.

Buscar uma proposta de intervenção, visando a prevenção das verminoses e a promoção de hábitos de vida saudáveis na população, por meio da educação permanente em saúde.

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO - DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA OU MÉTODO DO ESTUDO

O embasamento teórico utilizado para o trabalho proposto foi baseado, inicialmente, por uma seleção bibliográfica nas Bases de Dados Virtuais em Saúde (BVS): Scielo, PubMed e LILACS. Foram usados os descritores de busca verminoses, parasitoses intestinais e EPS. A partir dos arquivos encontrados, foram selecionados apenas os relacionados com a temática central do trabalho, com enfoque na EPS, verminoses e parasitoses intestinais. Dessa forma, foram selecionadas 15 publicações que embasam teoricamente este projeto.

A população de interesse deste trabalho é formada por moradores de regiões que não apresentam saneamento básico e que contraíram algum tipo de verminoses nos últimos cinco anos. Alguns parâmetros são importantes na análise desse público de interesse, como a faixa etária, o gênero e a região de residência. Para facilitar o estudo, todos os dados foram, inicialmente, dispostos no Microsoft Office Excel 2019.

RESULTADOS E/OU IMPACTOS: OS EFEITOS PERCEBIDOS DECORRENTES DA EXPERIÊNCIA OU RESULTADOS ENCONTRADOS NA PESQUISA

De acordo com um estudo que avaliou a percepção dos gestores de saúde no que tange à EPS, viu-se que alguns dos impasses para a aplicação do conceito é o não reconhecimento da importância desse conceito por parte dos gestores e a falta de adesão dos profissionais de saúde (D’ÁVILA et al., 2014). Assim, por meio do alcance do conhecimento teórico, busca-se tornar a gestão da EPS direcionada, compreendida e, assim, aplicável nas áreas de regiões endêmicas das verminoses.

Além disso, é almejada a redução da incidência de verminoses diagnosticadas nos municípios do Brasil, considerando que a prevalência de casos em todo o mundo é grande; os casos de Ascaris Lumbricoides, em especial, chegam a atingir 30% da população mundial (TORTORA et al., 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo demonstra a necessidade da ação governamental no que tange o desenvolvimento de políticas públicas, em especial a promoção do saneamento básico. Além disso, é importante ressaltar que a eficácia da ação será proporcional ao interesse e participação ativa dos profissionais e gestores envolvidos. Com isso, observa-se a essencialidade da EPS, conceito aplicado através de atividades diversas, de modo a alcançar a contribuição efetiva de todos e reforçar essa necessidade. Por fim, vale salientar que a prática em relação à busca por conhecimento deve ser constante por parte dos profissionais de saúde, dado que a informação é fundamental para a melhoria dos atendimentos na Atenção Básica.

REFERÊNCIAS

D’ÁVILA, L. S. et al. Adesão ao Programa de Educação Permanente para médicos de família de um Estado da Região Sudeste do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 401–416, fev. 2014.

FERREIRA, H. et al. Estudo epidemiológico localizado da frequência e fatores de risco para enteroparasitoses e sua correlação com o estado nutricional de crianças em idade pré-escolar. Publicatio UEPG Ciências Biológicas e da Saúde, Ponta Grossa, v. 12, n. 4, p. 33-40, 2006.

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE  - FUNASA.  Manual de saneamento. 5° ed.  Brasília, 2019.

MADUREIRA, M.  D.  S.  A ação educativa em saúde.  In:  UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.  Escola de Enfermagem.  Curso de Capacitação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Unidade 4, 2009.

PRADO, M.  S.  et al. Prevalência e intensidade da infecção por parasitas intestinais no Brasil.  Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.

TORTORA, G. J. FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed., Porto Alegre: Artmed, 2017.