Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Cartografias do cuidado: tempo de encontro e prosa no cotidiano de dispositivos da Atenção Básica
Amanda Faria, Thiago Livramento Benedito Melicio

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


O presente trabalho decorre da experiência enquanto estudante do Instituto de Psicologia da UFRJ vinculada aos projetos de estágio, pesquisa e extensão Coletivo Convivências e PET-Saúde Interprofissionalidade, sendo ambos espaços articuladores de dispositivos da Atenção Básica, em especial os Centros de Convivência e as Clínicas da Família. O primeiro tem como campo de atuação oficinas realizadas no formato remoto e híbrido, em parceria com a plataforma do Centro de Convivência Virtual e com serviços da rede, como um CAPS AD III e uma Clínica da Família. O segundo, por sua vez, possui as ações da equipe NASF de uma Clínica da Família da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. A partir de Deleuze e Guattari, assumimos o ethos cartográfico como metodologia que fundamenta nossa presença nesses espaços. O trabalho tem por objetivo cartografar cenas do cotidiano dos serviços de saúde que ganham espessura e provocam diferentes territorialidades - ora do bom encontro, ora do tempo da urgência; e que falam dos cruzamentos entre saúde, o viver na cidade e o trabalho na Atenção Básica. Partindo do conto popular queniano Carne de Língua, nos aproximamos das práticas de cuidado pautadas pela postura de disponibilidade ao encontro, disponibilidade esta que se configura como analisador dos processos em saúde acompanhados neste trabalho. O referido conto instrumentaliza a discussão que contrapõe relações marcadas pelo empobrecimento afetivo, a outras marcadas pela ação performática e delicada da prosa e da escuta, capazes de criar uma instância de existência de potencialização de vida, seja na atuação profissional, seja na vida em geral. Apostamos, assim, na carne de língua como ferramenta de análise para as práticas de cuidado, sobretudo no que toca a produção de vínculo dos profissionais de saúde. Práticas de cuidado, essas, que se criam e renovam a cada novo encontro entre profissionais, usuários e território, potencializando processos de resistência e de inventividade.