Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Arte na formação ética para o cultivo da dignidade e compaixão como antídotos para a aporofobia
Isabela Seabra Baiôcco, Eduarda Sepulchro Barone, Samantha Moreira Felonta, Letícia do Nascimento Rodrigues, Hiata Anderson Silva do Nascimento, Roseane Vargas Rohr

Última alteração: 2022-01-28

Resumo


Aporofobia compreende a aversão, medo e rejeição ao pobre, agindo com desprezo e hostilidade em relação a essas pessoas.  O termo foi criado pela filósofa espanhola Adela Cortina, unido o termo grego “áporos”, que significa pobre ou sem recursos, com o sufixo “fobia”, a partir de suas incursões sobre a sociedade espanhola, face às contradições entre a hospitalidade com turistas e a hostilidade aos despossuídos, e por compreender que os termos existentes eram insuficientes para conceituar essa problemática. Em sua obra “Aporofobia, a aversão ao pobre: um desafio para a democracia”, Adela descreve os desafios atuais face à pobreza e as desigualdades e aponta como antídotos para a superação dessa patologia social, investimentos na educação formal e informal e nas instituições para o reconhecimento da igual dignidade e a compaixão como elementos essenciais e inegociáveis para uma ética da razão cordial e superação das discriminações inumanas presentes na sociedade atual. Ao assumir um comportamento de superioridade em relação ao outro, legitima-se a aversão ao próximo e o ponto central das fobias é a relação de assimetria existente dentro dessa superioridade em forma e maneiras de agir e pensar. O cuidado humano implica em atitudes éticas necessárias aos profissionais de saúde e, nesse sentido, a arte contribui no processo educativo crítico e reflexivo sobre temas desafiadores, por vezes dissociados do processo formativo. São objetivos do trabalho promover reflexões sobre aporofobia e sua interface com a saúde por meio da arte, fornecendo elementos para a estruturação de tecnologias educativas que promovam uma vida ética para o cultivo da dignidade e compaixão. Trata-se de um estudo teórico reflexivo de natureza qualitativa, com produção de dados apoiada na metodologia de estruturação de mostras culturais temáticas desenvolvida no projeto de extensão Imagens da Vida: arte-saúde-história (Proex Ufes 638) e apoiando-se no referencial freireano.  Após definição do tema gerador “aporofobia e saúde” ocorreu a apropriação temática mediante leitura de livros e artigos, tendo como obra seminal o livro de Adela Cortela sobre o tema. A partir da definição de alguns descritores como aporofobia, pobres, pobreza, miserável, miséria, compaixão, dignidade, direitos humanos, a equipe do projeto selecionou intencionalmente  imagens que instigasse o debate sobre as desigualdades sociais e aversão ao pobre, bem como os elementos evidenciados como antídotos no processo de resistência e combate à aporofobia.  A síntese teórica do trabalho, além de possibilitar a estruturação da mostra cultural sobre a temática,  fornecerá elementos para a criação de vídeo educativo para popularização do conhecimento construído. O diálogo visual com a arte permite refletir criticamente sobre a aporofobia como patologia social presente no cotidiano da sociedade, seja por meio de arquiteturas excludentes, cartazes e outras manifestações de aversão e hostilidade com pessoas marginalizadas e em situação de vulnerabilidade social e extrema pobreza, além de ser um recurso educativo potente para combater a aporofobia por meio de atitudes em defesa da dignidade, compaixão e direitos humanos.