A construção do diagnóstico comunitário em saúde é componente curricular obrigatório no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, da Universidade Federal do Rio Grande, localizada no extremo sul do Rio grande do Sul (FURG/RS). No ano de 2021, ingressamos na Unidade Básica de Saúde da Família São Miguel II, como turma de residência composta por duas enfermeiras, uma psicóloga e uma profissional de Educação física, em meio a pandemia de Covid-19 no mundo. Após mais de um ano de interrupção da maioria dos serviços presenciais e de disseminação do uso de plataformas digitais em diferentes campos, sobretudo pelas instituições de ensino, optamos por nos aventurar na criação de um diagnóstico comunitário em saúde no formato audiovisual, potencializando os recursos imagéticos, poéticos, sonoros e sensíveis do território. Assim, este resumo descreve parte do processo de construção de um diagnóstico comunitário em saúde audiovisual em meio a pandemia, por um grupo de Residentes multiprofissionais em Saúde da Família. Como método, realizamos andanças pelo território, composto por duas áreas, 11 microáreas e uma cobertura populacional de aproximadamente 4000 pessoas. Nessas, fotografamos e filmamos paisagens, colhemos relatos de moradores/as e realizamos entrevistas com 5 profissionais de saúde, através de assinatura de termo de consentimento livre e explicativo. Como resultados, produzimos um curta metragem de 26 minutos e 23 segundos, apresentando uma série de elementos audiovisuais que destacam singularidades geopolíticas do território, percepções de moradores sobre o acesso a dispositivos comunitários, bem como, relatos sobre os impactos da pandemia na saúde dos/as usuários/as e do trabalho de profissionais de saúde atuantes na UBSF. Em detrimento de uma formalização meramente escrita, a apresentação do diagnóstico comunitário em formato audiovisual pôde acionar aspectos estéticos, éticos e políticos do lugar, produzido no encontro intercessor entre arte, assistência e geração de dados territoriais. Assim, embora o processo de construção de um diagnóstico comunitário de saúde audiovisual tenha sido repleto de desafios técnicos e sanitários, impondo necessários aprendizados de edição de vídeo e fotografia e nos fazendo perceber a pouca adesão ao uso de máscaras de proteção pelos/as moradores/as em suas residências e arredores, conseguimos construir um registro de alcance global, na medida em que o produto final encontra-se disponível em domínio público na plataforma You tube. Logo, o curta-metragem poderá funcionar, também, como material de consulta a turmas de residência futuras que recebem a tarefa de construção de um diagnóstico comunitário de saúde.