Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A fotografia promovendo reflexões sobre saúde e arquitetura hostil no município de Vitória, Espírito Santo, Brasil
Isabela Seabra Baiôcco, Eduarda Sepulchro Barone, Samantha Moreira Felonta, Letícia do Nascimento Rodrigues, Hiata Anderson Silva do Nascimento, Roseane Vargas Rohr

Última alteração: 2022-01-29

Resumo


Arquitetura hostil consiste em dotar espaços públicos de estruturas que impedem a permanência de determinados grupos nesses ambientes e, o modelo de Determinantes Sociais da Saúde de Solar e Irwin possibilita compreender sua interface com a saúde e as implicações das iniquidades e vulnerabilidades nos processos de adoecimento e sofrimento. Embora o controle e exclusão de determinados grupos sociais dos espaços urbanos compareceu em diferentes períodos da história, o termo arquitetura hostil foi cunhado em 2014 pelo repórter Ben Quinn e, em fevereiro de 2021, na pandemia Covid-19, as imagens do Padre Júlio Lancelloti quebrando as pedras sob um viaduto em São Paulo amplificou o debate na sociedade. A arquitetura hostil foi tema gerador trabalhado em 2021 pela equipe do projeto de extensão “Imagens da Vida: arte - saúde - história” (Proex Ufes 638), que utiliza a arte no processo educativo em saúde na perspectiva freiriana, pautando-se na indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa. As imagens sobre arquitetura hostil inicialmente pesquisadas revelaram estruturas de controle e exclusão em diversas cidades no Brasil e outros países, entretanto, apenas um registro da cidade de Vitória foi identificado, o que motivou a ampliação do trabalho, com o objetivo de identificar imagens da arquitetura hostil no município de Vitória promovendo reflexões críticas sobre interfaces com a saúde. Trata-se de estudo exploratório descritivo de natureza qualitativa, adotando-se metodologia de estruturação de mostra cultural temática pautada no referencial de Paulo Freire, valorizando a construção dialógica participativa e o protagonismo estudantil. O tema gerador norteou a  apropriação temática por meio de leitura de artigos e outras fontes, emergindo temas em interação e possibilitando o aprofundamento teórico. As imagens foram produzidas por estudantes envolvidos no projeto, utilizando o método photovoice, com uso do celular e, o  street view do google maps possibilitou ampliar a busca. Os registros fotográficos revelam estruturas excludentes, como grades em praças públicas que limitam o acesso a determinados espaços passíveis de serem utilizados para descanso, pontos de ônibus com assentos estreitos, pequenos ou individuais, impedindo que as pessoas deitem no local, além de observar vasos de plantas dispostos em carreira para impedir a permanência de pessoas no local, e outros. Evidenciam que a arquitetura hostil serve aos interesses de segregação e manutenção do biopoder e controle dos corpos  nos espaços públicos e as formas de ocupação do espaço urbano determinam e condicionam a situação social e de saúde das pessoas. As imagens sobre a arquitetura hostil em Vitória desveladas no estudo contribuem no processo educativo crítico e reflexivo e na leitura de mundo para poder transformá-lo, na medida em que segundo Paulo Freire “a inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades”. Os profissionais de saúde precisam se apropriar de uma visão interdisciplinar sobre os determinantes sociais e as iniquidades como elementos condicionantes da saúde e, a arquitetura hostil como estratégia de biopoder no processo de exclusão.