Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-25
Resumo
Apresentação: A Educação Terapêutica do Paciente (ETP) é trabalhada de forma direcionada às necessidades individualizadas da população. Mobiliza-se, a partir de uma avaliação individual, a pessoa acometida por doenças crônicas a alterar o seu comportamento e se fixar em objetivos realistas, tendo como meta adquirir habilidades para conviver com a doença e promover melhora e/ou manutenção na qualidade de vida. A maior parte das ações de educação em saúde tradicional tem foco na informação, já a ETP ultrapassa essa visão, buscando extrair sentidos das experiências educativas. A ETP modifica de maneira sustentável a relação autoritária, por vezes paternalista, que habitualmente rege a interação entre os profissionais e as pessoas. Propõe-se também a explorar o estado de aceitação da doença, já que entende que isso condiciona a motivação para aprender. Portanto, o objetivo deste trabalho é destacar as potencialidades para o uso da ETP em ações educativas nos serviços de saúde. Desenvolvimento: Trata-se de uma reflexão teórica baseada em literatura francesa e brasileira e que apresenta os principais aspectos dessa modalidade educativa ainda pouco desenvolvida no Brasil com essa nomenclatura e que pode dialogar com formas educativas realizadas nos serviços de saúde, especialmente de atenção primária à saúde onde as pessoas com doenças crônicas são acompanhadas. Resultados e/ou impactos: Diante do adoecimento, a ETP permite fortalecer as habilidades dessas pessoas, a partir dos conjuntos de relações entre os sujeitos. A ETP considera que a pessoa que vive com uma doença crônica não é uma página em branco, pelo contrário, ela entende que a experiência e o conhecimento prévio ao processo educativo precisa ser valorizado e mobilizado. Vê-se uma mudança no modelo de cuidado, onde o paciente antes passivo, aparentemente aceitava as decisões tomadas pelo profissional da saúde. Neste modelo de cuidado temos a proposta do alcance de um paciente ativo no seu processo de cuidado, tendo seus anseios levados em conta e sua participação na tomada de decisões. Para tal, recomenda-se o trabalho interprofissional durante todo o processo da ETP para que tenha um olhar holístico a pessoa acometida por determinada doença. Esse aspecto não é novo para propostas que partem da realidade e das condições de vida das pessoas acometidas por um agravo, vertente essa pouco trabalhada ainda nos serviços de saúde brasileiros, mas presente nas propostas problematizadoras, especialmente da vertente Freireana. A ETP pode contribuir para a sistematização de propostas educativas, especialmente em agravos crônicos, no entanto, centra-se em aspectos individuais, desconsiderando a produção social do processo saúde doença e suas determinações sócio-históricas e econômicas. Em uma sociedade historicamente marcada pelo cuidado biomédico, a ETP centra o cuidado no paciente e nos significados trazidos por ele. Sendo assim, essa metodologia pode possibilitar estratégias para a melhora em ações e práticas educativas. Considerações finais: A ETP apresenta potencialidades de contribuições para o processo terapêutico em serviços de saúde, especialmente de atenção básica, mas carece de estudos sobre sua aplicação, impacto e diálogo com vertentes participativas brasileiras.