Apresentação: Com a pandemia de Covid-19, as atividades de ensino presenciais tiveram que ser suspensas para evitar a propagação do vírus Sars-Cov-2 nas instituições de ensino. Após alguns meses sem atividades letivas, as disciplinas foram retomadas no modo de Ensino Remoto Emergencial (ERE) na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FO UFRGS), onde muitas atividades de ensino práticas foram adaptadas e ofertadas no modo remoto. No entanto, algumas atividades práticas não puderam ser ofertadas e ficaram restritas, como foi o caso dos Estágios de Acompanhamento Clínico (EAC). Os EAC eram realizados nas clínicas odontológicas da faculdade, em que os acadêmicos de semestres iniciais acompanhavam os veteranos nas atividades práticas de atendimento aos pacientes. Estas atividades de observação têm a finalidade de desenvolver habilidades de humanização e acolhimento dos usuários em atendimento, bem como o acompanhamento e análise crítica da forma de preenchimento, manuseio, armazenamento e controle dos prontuários e do método clínico. Com o avanço da vacinação e o conhecimento de medidas para evitar a transmissão do vírus, algumas atividades práticas de ensino foram retomadas integralmente e outras adaptadas. Neste trabalho, pretende-se relatar as atividades desenvolvidas para recuperação dos EAC da FO UFRGS, por meio da atividade de extensão universitária de apoio à vacinação contra a Covid-19 na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS/POA). Desenvolvimento do trabalho: Professoras da universidade de diferentes cursos, juntamente à equipe de saúde da SMS/POA, desenvolveram uma ação de extensão universitária para apoio à vacinação contra a Covid-19, iniciada no mês de junho de 2021. A ação foi criada em virtude das demandas dos serviços de saúde que solicitaram apoio para a vacinação, uma vez que houve grande procura por vacinas pela população e pela ampliação das faixas etárias e grupos que eram incluídos como prioritários de acordo com as orientações do Ministério da Saúde. A ação já contou com o envolvimento de mais de 180 estudantes até os dias atuais, e ocorreu no apoio aos serviços de saúde dos Distritos Docentes Assistenciais da UFRGS (distritos Centro e Glória, Cruzeiro e Cristal) e em outros pontos de vacinação móvel, organizados pela coordenação das Políticas de Equidade/População Negra. A ação de extensão foi aberta a todos os cursos da saúde da UFRGS e os estudantes de Odontologia puderam se inscrever e utilizar a carga horária de sua participação para o aproveitamento de créditos nos EAC. Os alunos inscritos deveriam inserir seus nomes dentro de uma escala elaborada conforme os turnos e número de vagas disponíveis e estabelecidos por cada unidade de saúde. Também foram fornecidos aos estudantes termos de responsabilidade, que deveriam ser preenchidos e entregues à equipe organizadora do projeto de extensão. Os estudantes inscritos na ação participaram de um encontro na modalidade híbrido (presencial e virtual) com a equipe coordenadora da ação e profissionais da rede de saúde. Neste encontro, foi explicada a ação, o funcionamento das unidades de saúde e o processo de vacinação. Ao iniciarem a ação nas unidades de saúde, os alunos receberam as demais instruções necessárias pelos profissionais de saúde do serviço, inclusive alguns estudantes foram capacitados para aplicação do imunizante e auxiliaram no registro e aplicação das vacinas, bem como no preenchimento das carteirinhas de vacinação. Resultados e/ou impactos: A partir da extensão, os estudantes universitários, de diferentes cursos, auxiliaram em todo processo da vacinação contra a Covid-19, desde organização das filas de atendimento, do registro e até a aplicação das vacinas, bem como atuaram em atividades de educação em saúde. A ação de vacinação ocorreu em nove unidades de saúde da SMS/POA e em pontos móveis de vacinação organizados pela APS nos três turnos de atividade durante a semana e aos sábados. Aos domingos a ação de vacinação era organizada pela equipe das Políticas de Equidade em pontos móveis e, majoritariamente, ocorreu em comunidades periféricas e vulnerabilizadas, como Restinga, Cruzeiro, Rubem Berta, Vila do Papeleiros e Lomba do Pinheiro. Além destes locais, os extensionistas também auxiliaram nas gerências distritais na busca ativa de pessoas que não haviam concluído o esquema vacinal, assim como contribuíram para a atualização do sistema de registro e no apoio à vacinação domiciliar e em Instituições de Longa Permanência. A ação contribuiu para aumentar o número de pessoas vacinadas na cidade e, atualmente, Porto Alegre é uma das capitais com grande percentual de doses aplicadas. Conforme os relatórios enviados ao término da extensão pelos estudantes, estes avaliaram e descreveram a atividade de forma positiva e manifestaram uma grande satisfação em fazer parte da campanha de vacinação contra a Covid-19. Relataram ótimas experiências, desde o acolhimento por parte dos profissionais das unidades de saúde até o aprendizado que lhes foi proporcionado durante a sua atuação, o que constitui uma possibilidade para um espaço de formação e trabalho interprofissional. Para muitos acadêmicos foi a primeira atividade de encontro presencial com colegas, por terem iniciado a graduação no momento da pandemia com o ERE, sendo este projeto incentivador e renovador de esperanças para encontros presenciais, seguindo todas as normas de biossegurança. Considerações finais: A vacinação contra a COVID-19 é fundamental para o combate à pandemia e, com o avanço da imunização, atenuou-se a incidência de óbitos, de casos graves e de contágio. A possibilidade de inserir os estudantes no apoio à vacinação e utilizar como atividades para aproveitamento/ recuperação dos EAC foi importante para o seguimento do curso de Odontologia, que estava com diversas atividades práticas represadas. Entretanto, o mais valioso foi a experiência única, neste momento de pandemia, de contribuir para o seu enfrentamento, com destaque ao importante papel das universidades públicas para a mitigação da pandemia. Ademais, os estudantes dos EAC tiveram oportunidades de vivências interprofissionais durante a formação, ainda nos semestres iniciais do curso, uma vez que estes estágios ocorrem do segundo ao quarto semestre letivo. Isto foi possível, pela diversidade de cursos envolvidos na atividade de extensão e por estarem inseridos em serviços de saúde com profissionais de diferentes áreas. Apesar de não terem as vivências nas clínicas odontológicas, como fora previsto inicialmente, os estudantes conseguiram desenvolver as habilidades e competências necessárias nesta etapa da formação.