Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A Hortoterapia e os benefícios de sua implementação nos serviços de saúde
Ana Paula Moreira Rodrigues, Danielle Rodrigues Borges, Elivany de Paulo Morais, Mirian Moreira, Paolla Gabrielle Nascimento Novais, Sarah Gonçalves Luiz

Última alteração: 2022-01-19

Resumo


O objetivo deste trabalho é relatar a experiência dos discentes do curso de Terapia Ocupacional da UFES envolvidos no trabalho de divulgação remota das atividades previstas no programa de extensão Florescer Saúde: Cultivando Vidas, dentre elas a hortoterapia, durante o período de pandemia da COVID-19.

A Hortoterapia vem ganhando destaque dentre as estratégias de promoção da saúde podendo auxiliar no tratamento e na prevenção de doenças crônicas e desequilíbrios emocionais e mentais, tendo em vista que o contato por meio do cultivo de plantas em hortas ou jardins pode ter um efeito positivo para a saúde do corpo e mente das pessoas. Trata-se de uma tecnologia leve em saúde que pode ser empregada nos serviços de saúde capaz de trazer benefícios físicos, mental, social e ambiental para a saúde dos usuários, dos profissionais de saúde e do restante da comunidade em geral. A exemplo disso, destaca-se o trabalho proposto pelo programa de extensão “Florescer saúde: cultivando vidas” desenvolvido no entorno da Clínica Escola Interprofissional em Saúde (CEIS) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o programa objetiva dentre outras propostas, desenvolver a prática de hortoterapia por meio de uma Horta Urbana Comunitária e um Jardim Sensorial, criando nesta universidade “laboratórios vivos”, “espaços verdes” de caráter coletivo e colaborativo que poderão servir como instrumentos pedagógicos teórico-práticos a serem utilizados nas práticas de aprendizagem dos discentes, bem como,  no desenvolvimento de ações terapêuticas em saúde, tais como, a hortoterapia, atividades de promoção da saúde, estímulo ao desenvolvimento de práticas integrativas e complementares em saúde (PICS), educação em saúde e educação ambiental voltados tanto para a comunidade interna da UFES quanto para  a comunidade externa.

Desde o início da pandemia da COVID-19 a maioria das atividades previstas nesse programa tiveram que ser adiadas, repensadas e/ou remanejadas para o formato remoto, dentre elas, as atividades de divulgação que ficaram sob a responsabilidade de um grupo de discentes do curso de Terapia Ocupacional membros do Programa Florescer. Estes, por meio de uma rede social online que permite o compartilhamento simultâneo de fotos e vídeos, iniciaram um trabalho de divulgação do programa. O método empregado na produção dos conteúdos das publicações consistiu na revisão da literatura, com seleção de artigos científicos e outros materiais. Mensalmente, o grupo se reunia e discutia virtualmente a programação de conteúdo, sendo acordado o mínimo de uma postagem por semana. Os conteúdos eram discutidos, planejados, confeccionados e postados a partir de abordagens consideradas relevantes para os objetivos do programa, bem como, para a educação em saúde, educação ambiental e estímulo à promoção da saúde considerando o contexto sanitário, social, político, econômico e ambiental adverso de nosso país decorrente da pandemia da COVID-19. Para o desenvolvimento do design gráfico dos pôsteres utilizou-se a plataforma online Canva e para melhor exemplificar os bastidores desse trabalho, bem como, pontuar  os principais  resultados discorreremos a seguir a respeito de algumas dessas postagens que foram significativas no processo. A primeira postagem denominada "Horta comunitária como ferramenta de educação ambiental", realizou apontamentos sobre a importância da educação ambiental para a construção crítica das pessoas por propiciar momentos que ampliam a conscientização de todos  sobre os valores sociais e atitudes direcionadas para o cuidado com o ambiente ao seu redor. Enfatizava sobre o papel da horta comunitária como auxílio na promoção da educação em saúde, frisando a potência desta prática para estimular a troca de saberes, a criação de vínculos entre jovens, crianças, adultos, idosos, discentes, docentes e profissionais de saúde, dentre outros, aproximando gerações, saberes, culturas e tradições. O segundo conteúdo postado focou sobre os “Benefícios da Horta Comunitária” destacando a relevância desta, para a nutrição do corpo, para o fornecimento de alimentos frescos livres de agrotóxicos, com diversidade e possibilidade de diminuição de custos com alimentos pelas famílias. Abordou também aspectos relacionados à educação alimentar e a importância para a saúde física e mental das pessoas propiciada quando da produção do seu próprio alimento. Apontou ainda, os benefícios coletivos das hortas, tais como, estreitamento e fortalecimento dos laços sociais, consolidação do sentimento de pertencimento, resgate de saberes ancestrais, dentre outros. Por fim, cabe destacar o pôster sobre os “benefícios da Hortoterapia” que destacou as possibilidades desta prática direcionada ao cuidado em saúde, podendo propiciar melhoria do humor, do bem-estar e contribuir para a saúde mental, emocional e física das pessoas, haja vista os benefícios já  confirmados cientificamente dos jardins terapêuticos, que comprovadamente favorecem a participação ativa dos sujeitos em tratamento, visto que o contato com estes espaços verdes promovem dentre outros,  calma e também aliviam o estresse via ativação cerebral, reduzindo significativamente a ansiedade, dentre outros transtornos emocionais e mentais.  Por isso o destaque para a hortoterapia que pode ser instrumento para propiciar momentos de vivências e experiências de aproximação com a natureza e também de aproximação das pessoas, sobretudo quando falamos em cultivos comunitários, que podem gerar benefícios em vários níveis e contribuir para a promoção, prevenção e recuperação da saúde.

Nesse sentido a experiência desse trabalho de divulgação remota trouxe significativo resultados tanto para a formação dos discentes durante o período de pandemia da COVID-19, se tornando espaço fértil para a produção e disseminação de conhecimento, quanto contribuiu para discentes, profissionais e comunidade refletirem sobre as possibilidades e benefícios que a hortoterapia pode propiciar para a saúde. Esse trabalho contribui também sobremaneira para a aproximação da academia com a comunidade por meio dessa rede social, bem como, essa rede social serviu como veículo potente para o desenvolvimento de ações de educação em saúde, educação ambiental e promoção de saúde durante o  período de pandemia em que grande parte da população cumprindo regras de isolamento social recorreu a internet e as redes sociais como única forma de manter certas rotinas, por exemplo,  trabalho  ou estudo, manter relacionamentos afetivos e até desfrutar do lazer e da cultura através das telas de smartphones e computadores. Verificou-se que as trocas de saberes por meio dessa rede é possível e constante.  No decorrer de cada publicação houve interação positiva do público. Observou-se aumento do número de compartilhamentos, comentários e curtidas na conta oficial do Programa Florescer nessa rede e isso tudo gerou impactos importantes não só para o programa, mas também para a formação dos discentes envolvidos nessa atividade de divulgação, bem como, para a comunidade que acompanhava essa rede e que partilhava ali conosco vivências e experiências. Recebemos relatos de melhoria na qualidade alimentar, no aumento do consumo de alimentos orgânicos, na diminuição no consumo de alimentos industrializados e na adoção de novas estratégias de autocuidado, tais como importância o desejo e a ação de cultivar plantas, flores e outros cultivos a partir dos conteúdos postados. Nesse sentido trabalhar nessa rede e em rede se mostrou uma estratégia positiva na defesa da  hortoterapia, uma técnica com crescente interesse da população pelo mundo sobretudo em tempos de pandemia da COVID-19,  um recurso terapêutico potente na promoção da saúde que mesmo que ainda oficialmente ainda não seja institucionalizada como técnica, ou seja, uma PICS no Sistema Único de Saúde (SUS), pode ser estimulada  e desenvolvida como proposta de cuidado nos serviços de saúde pois está, indiscutivelmente,  intimamente relacionada às várias PICS já institucionalizadas no SUS.