Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Metodologias ativas de ensino-aprendizagem: avanços e desafios para a formação médica.
Nathalia Barros Poeys, Katarine Almeida Campos, Mariah Aparecida Martins Pereira Werneck, Yasmin Avelino Stinguel Giorgette

Última alteração: 2022-03-02

Resumo


Introdução
As modificações sociais e tecnológicas provocam impactos na vida pessoal e ocupacional dos cidadãos, sendo assim, necessário implementar novos métodos de ensino para formação de profissionais mais capacitados. Nesse viés, está sendo adotado por muitas universidades o método Problem Based-Learning (PBL) e demais metodologias ativas, voltadas para aprendizagem ativa de problemas em grupos que dialogam sobre temas específicos e gerais com a supervisão de um tutor. O método induz aos alunos a aprenderem constantemente, por meio de atividades dinâmicas como leitura, vídeos, diálogos, práticas e trocas de experiências, adquirindo autonomia para desenvolver o próprio conhecimento. Somado a esse cenário, com o avanço de muitas doenças se faz necessário a formação de médicos proativos, responsáveis e qualificados que possuem em seu alcance embasamentos teóricos e tecnológicos avançados e coerentes com as diferentes situações vivenciadas. Nessa vertente, o estudante de medicina ao utilizar como ferramenta de estudo o “PBL” é capaz de resolver um conjunto de problemas distintos.  Dessa forma, é importante compreender os inúmeros avanços e desafios do aluno em sua formação médica durante a graduação.
Objetivos
O objetivo do presente relato de experiência consiste em discorrer, na visão do estudante de medicina, os avanços e os desafios do uso de metodologias ativas na formação médica.
Relato de Experiência
Desde a educação infantil, é imposto aos alunos o método de estudo tradicional, em que o professor é o mediador de conhecimento e o aluno apenas receptor. Nesse sentido, o estudante fica limitado a um conhecimento “empacotado”, não sendo protagonista de seu próprio processo de aprendizagem. Em razão da dinâmica enraizada na educação brasileira e a fim de tornar o acadêmico ativo em seu conhecimento, universidades adotaram metodologias ativas de ensino. Em primeiro momento, a maioria dos estudantes ao se depararem com o modelo de estudo, se sentem insatisfeitos, perdidos, pressionados, desmotivados e desorientados. Muitas questões se relacionam a esse processo, podemos citar, por exemplo, o fato de que o conhecimento é subjetivo e leva a uma complexidade no exercício de orientação quanto aos conteúdos a serem estudados. Ademais, em uma visão mais estrutural, o método se divide em quatro grandes eixos: SOI (Sistemas Orgânicos Integrados), MEP (Método de Estudo e Pesquisa), IESC (Integração Ensino-Serviço Comunidade) e HAM (Habilidades e Atitudes Médicas). No que tange especificamente ao eixo de SOI, uma das metodologias utilizadas é a aprendizagem em pequenos grupos, cuja sigla adotada é APG. A APG é composta por uma situação-problema, em que os alunos devem promover sua abertura e fechamento, no qual é definido um secretário, responsável pela parte escrita e organizacional e um coordenador, responsável por gerir o tempo e direcionar o grupo, sendo os cargos alternados em cada APG. A abertura é constituída por questionamentos, hipóteses e objetivos de estudo com o conhecimento prévio e o fechamento é realizado por uma discussão em que cada aluno expõe o que foi estudado, permitindo assim, uma análise sobre o tema entre os indivíduos. Após o compartilhamento de conhecimento, os alunos avaliam o desempenho um do outro, dando sugestões para melhoria quando necessário. Esse é apenas um dos métodos avaliativos do SOI, que também é composto por práticas laboratoriais envolvendo assuntos como: histologia, embriologia, anatomia, fisiologia e bioquímica. Em conjunto com as práticas e APG’s, a fim de solidificar o conhecimento, o eixo conta com uma série de atividades teóricas denominadas TIC’s, fóruns, gatilhos e pós-teste. Todas as atividades complementares citadas, apresentam uma temática voltada para o assunto abordado durante a semana nas aulas práticas, teóricas e APG’s. As avaliações são feitas diariamente, e para complementação, além dos exercícios supracitadas, existem as seguintes provas: N1, integradora (composta por questões de todos os eixos – SOI, IESC, HAM, MEP), proficiência (prova com assuntos de todos os períodos da graduação) e multiestações (prova prática podendo conter questões sobre anatomia, histologia, embriologia, bioquímica e fisiologia). O eixo SOI apresenta também palestras teóricas objetivas que auxiliam no questionamento e compressão dos alunos em diferentes assuntos, que vão, por exemplo, desde o estudo da fisiologia da mulher até a compreensão dos direitos humanos, normas éticas e legislativas sobre o aborto no Brasil. Os demais eixos, seguem um padrão de palestras, práticas e atividades complementares, sempre colocando o aluno como personagem principal e o maior responsável pelo processo de aprendizado, contando sempre com apoio de professores capacitados e instruídos para promoção do desenvolvimento de cada aluno.
Efeitos percebidos decorrentes da experiência
Considerando que as metodologias ativas são processos de aprendizagem em que os alunos participam ativamente da construção do conhecimento, seu papel principal é fomentar a motivação e a troca de experiencias. Nesse quesito, o método descrito desempenha uma funcionalidade importante na formação de médicos mais independentes, capacitados e com decisões mais precisas no cotidiano hospitalar e clinico. Apesar dos benefícios, em razão da mudança de paradigmas, maior independência, responsabilidade e maior interação entre indivíduos com pensamentos e crenças diferentes, vale destacar que a metodologia carrega consigo uma bagagem emocional constantemente instável que afeta inúmeros estudantes. Essas emoções podem ser classificadas como: insatisfação, sobrecarga, pressão, desentendimentos, sensação de dúvida, entre outros sentimentos. Por isso, os profissionais responsáveis pela aplicação do método precisam estar capacitados no sentido de apoiar, incentivar e direcionar os alunos com intuito de promover um maior desenvolvimento pessoal e profissional.
Considerações finais
Portanto, com base na experiência vivenciada, pode-se concluir que as metodologias ativas são suficientemente eficazes no processo de formação médica partindo do pressuposto de que há uma orientação adequada, na qual o tutor auxilia o aluno na definição de objetivos claros, precisos e direcionados. Além disso, o método é eficiente quando apresenta uma construção de estratégias, ou seja, objetivos gerais e específicos a serem utilizados para promover a ascensão do processo ensino-aprendizagem. Somado ao sistema de aprendizagem e estrutura organizacional da metodologia, em consequência da singularidade de cada indivíduo, o processo leva ao desenvolvimento de emoções (podendo ser positivas -sentimento de confiança- ou negativas -sentimento de fracasso-), ações e reflexões distintas que são vivenciadas durante toda a aprendizagem baseada no método, seja ele PBL ou demais metodologias ativas utilizadas pelas universidades na formação de cada médico do Brasil.