Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PRÉ-ESCOLAR COM ANEMIA APLÁSTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jhennifer Nycole Rocha da Silva, Brenda Caroline Martins da Silva, Ana Larissa Lobato de Freitas, Ana Carla Cavalcante Ferreira, Dayane Jacqueline da Silva Alves, Maria Luiza Maués de Sena, Flavine Evangelista Gonçalves, Franciane do Socorro Rodrigues Gomes

Última alteração: 2022-01-27

Resumo


Apresentação: A anemia aplástica, caracterizada como uma das doenças hematológicas mais raras existentes, também é conhecida como aplasia celular. Apresenta uma sintomatologia de tríade específica com sangramento, maior suscetibilidade a infecções e anemia grave, associadas principalmente à pancitopenia em sangue periférico. Esse mecanismo envolve a diminuição da produção de plaquetas, eritrócitos e neutrófilos, decorrente da geração de adipócitos em substituição da hematopoiese, gerando um alto índice de letalidade. Pode se apresentar de maneira primária dos tipos: congênita, com alterações hereditárias possivelmente nos primeiros anos de vida, ou adquirida, por prejuízos existentes no processo de formação das células sanguíneas,  resultando na apresentação de maneira secundária, por meio de fatores externos como radiação ionizante ou agentes químicos, ou pode ter um agente desconhecido, com apresentação idiopática. Dessa forma, o enfermeiro possui um importante papel na organização e gestão do cuidado, possibilitando uma assistência individualizada, integral e sistemática, capaz de promover a supervisão segura e recuperação apropriada ao paciente, além de incentivar a interação social e enfrentamento com humanização e valorização da pessoa humana. O estudo propôs-se a descrever a Sistematização da Assistência de Enfermagem a um paciente com anemia aplástica, tendo como referencial teórico o modelo conceitual de Wanda Horta, utilizando os Diagnósticos de Enfermagem da Taxonomia II de NANDA, as intervenções de enfermagem da NIC e os resultados da NOC. Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo do tipo relato de experiência, da atividade curricular semi internato em pediatria, realizado em um hospital de ensino referência materno-infantil de Belém do Pará, no setor de enfermaria clínica pediátrica, no mês de dezembro de 2021. Participaram do estudo dois estudantes e um professor da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará. O paciente foi selecionado de forma aleatória, sendo realizado diálogo com o responsável da criança para tomada de conhecimento da história da doença. Na análise de dados foram coletadas informações do prontuário, e efetuada a realização de exame físico e identificação dos diagnósticos de enfermagem, intervenções de enfermagem e resultados esperados. Resultados e descrição da experiência: A assistência de enfermagem foi direcionada ao pré-escolar, masculino, 3 anos e 9 meses, proveniente do município de Jacundá/PA, diagnosticado com anemia aplástica. Eupneico, respirando em ar ambiente, afebril, acianótico, hipocorado, hemodinamicamente estável, ativo e reativo, comunicativo, de humor irritado, acompanhado da mãe. Em junho/2021 teve dengue hemorrágica com necessidade de intubação orotraqueal e traqueostomia, e realizou acompanhamento com hematologia em Belém/PA. Evoluiu em sua cidade com quadro de pico febril, sofrimento respiratório e plaquetopenia (11.000), ficando internado por seis dias e sendo encaminhado para UTI PED em hospital de Marabá/PA, com permanência de também de seis dias para tratamento clínico de Pneumonia. Posteriormente, recebeu alta para enfermaria visando o término de seu tratamento. Em enfermaria obteve boa evolução e finalizou o tratamento da pneumonia (D10 Teicoplanina + Gentamicina), realizando terapia de suporte via oral para anemia aplástica (Prednisolona 2mg/kg + Ácido Fólico 20 gotas + Ciclosporina 0,7 ml 12/12hs + AIDÊ 5 gotas 1x dia), e recebendo transfusão de plaquetas e de concentrado de hemácias. Por conta das hipóteses diagnósticas estabelecidas em: anemia aplástica idiopática, pneumonia bacteriana tratada e plaquetopenia, foi solicitado o transporte em UTI aérea por conta do trajeto de longa distância e o risco de sangramento, para encaminhamento ao hospital de referência materno-infantil de Belém/PA, tendo em vista o seguimento com o hematologista pediátrico e persistência de plaquetopenia. A genitora relatou que não possui rede de apoio e nem familiares e amigos na cidade. Antecedentes pessoais: Nega outras doenças do quadro infantil, além da dengue hemorrágica em junho de 2021. Antecedentes pessoais: avô paterno faleceu de leucemia. Não verbalizaram queixas no momento. Tolerando bem dieta VO, sono e repouso preservados e funções fisiológicas presentes e espontâneas. Ao exame físico: cabeça e pescoço sem alterações, tórax simétrico e cilíndrico. Ausculta cardíaca: bulhas cardíacas, normofonéticas em 2t, sem sopros. Ausculta respiratória: MV +, sem ruídos adventícios, com presença de petéquias em tronco. Abdome flácido, com hepatomegalia leve e presença de hematomas. Extremidades com perfusão presente e presença de hematomas em MMSS e MMII. Por intermédio do histórico e avaliação clínica, foram encontrados os seguintes problemas ativos e apontados os seguintes diagnósticos de enfermagem: a) Conforto físico prejudicado, relacionado a estressores ambientais, evidenciado por permanência hospitalar prolongada e humor irritado; b) Risco de sangramento, relacionado a efeitos secundários de tratamento, evidenciado por persistência de plaquetopenia; c) Processos familiares disfuncionais, relacionados à capacidade reduzida dos membros da família de se relacionarem entre si, evidenciado por sobrecarga materna. A partir disso foram elencados as respectivas intervenções de enfermagem: a) Desenvolver atividades de entretenimento à criança como pintura ou desenho; acionar a equipe de terapia ocupacional; estabelecer um bom relacionamento com a criança; estimular a criação de vínculo com pacientes de baixo risco; b) Monitorar perfusão sanguínea e extremidades; estabelecer um ambiente que reduza riscos de infecção; monitorar estado neurológico; observar presença de sangramentos; realizar avaliação de sinais vitais de 6/6h; observar progressão ou redução de manchas no corpo; informar a mãe sobre sinais e sintomas de alerta c) Promover apoio emocional; realizar escuta ativa; monitorar alterações emocionais; estimular o vínculo entre o binômio mãe e filho; desenvolver roda de conversa ou grupo de apoio, de acordo com as limitações sanitárias, entre os familiares de crianças hospitalizadas. Após a execução da Sistematização de Assistência de Enfermagem, espera-se os seguintes resultados: a) Conforto melhorado; b) Redução dos riscos de sangramento; c) Fortalecimento do vínculo entre mãe e filho. Considerações finais: Ao elaborar de maneira sistêmica a atenção ao pré-escolar com anemia aplástica idiopática, faz-se perceptível o desenvolvimento e a promoção de uma assistência voltada às necessidades particulares de cada indivíduo, especialmente em uma fase cercada de atenção e necessidades lúdicas. O profissional que atua no setor pediátrico, possui uma valiosa competência de promover um ambiente acolhedor, através da redução de medos e aflições existentes nessa fase, garantindo seus direitos e estabelecendo uma boa comunicação com os responsáveis. Isto posto, a elaboração de estudos relacionados às práticas assistenciais, contribuem para a capacitação e instrumentalização do enfermeiro quanto sua atividade profissional.